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Prefeitura de Nova York pede à ONU mudança no nome varíola dos macacos, por entender ser racista e discriminatório


A municipalidade nova-iorquina entende que esse nome é racista, xenófobo e contribui para gerar estigma nas comunidades negras e LGBTQIA+


Secretário-geral da ONU prometeu que mudaria o nome em junho e não cumpriu com a promessa. Diante disso, a Prefeitura de Nova York encaminhou ofício à ONU pedindo a mudança de denominação na varíola dos macacos | Foto: Agência Brasil

O uso do nome varíola dos macacos é uma tradução da mesma denominação em inglês Monkey (macaco) Pox (varíola) e é racista, xenófoba e responsável por gerar estigma em negros e membros da comunidade LGBTIA+. Foi diante desse entendimento que a Prefeitura de Nova York pediu à Organização Mundial da Saúde (OMS) para renomear o nome dessa doença. O secretário de Saúde da Prefeitura nova-iorquina ou comissário, como é denominado o ocupante desse cargo, Ashwin Vasan, escreveu uma carta com o timbre da Prefeitura de Nova York ao secretário-geral da ONU,. Tedros Adhanom Ghebreyesus, pedindo a mudança de nome.

O dirigente da ONU havia prometido de que iria fazer essa mudança no último mês de junho, mas não cumpriu com o que tinha dito anteriormente. “Estamos cada vez mais preocupados com os efeitos potencialmente devastadores e estigmatizantes que as mensagens em torno do vírus ‘Monkey pox’ podem ter em uma comunidade já vulnerável”, escreveu Ashwin Vasan, na carta a Tedros Ghebreyesus.

De acordo com o secretário de Saúde/comissário de Nova York essa “terminologia também é enraizada em uma história racista e dolorosa para comunidades de cor ”. Em sua carta, ele ainda lembrou os efeitos negativos de informações falsas durante o aparecimento do vírus da Aids (HIV) ou do racismo sofrido pelas comunidades asiáticas, após a pandemia de Covid-19, que o ex-presidente americano, Donald Trump, descreveu como sendo o “vírus chinês ”.

“Continuar a usar o termo ‘varíola de macaco’ para descrever o surto atual pode reacender esses sentimentos traumáticos de racismo e estigma – especialmente para negros e outras pessoas de cor, bem como para membros de comunidades LGBTQIA+, e pode evitar o uso de serviços de saúde que salvam vidas por esse motivo acrescenta Ashwin Vasan. Qualquer um pode obter monkeypox, mas desde a sua aparição na Europa e nos Estados Unidos, o vírus se espalhou esmagadoramente entre os homens que fazem sexo com homens”, completou.

Secretária da Saúde capixaba usa o termo em inglês

Nos seus comunicados à imprensa, a Secretaria de Estado do Espírito Santo (Sesa) evita usar o termo em português e adota o mesmo nome varíola dos macacos em inglês. No mais recente comunicado, emitido às 18h40 desta última quarta-feira (27) a Sesa se refere à Monkeypox (que traduzindo do inglês é literalmente varíola dos macacos). Nesse comunicado informa que “iniciou nessa terça-feira (26) e quarta-feira (27) a investigação de dois casos suspeitos de Monkeypox no Estado. Ambos são homens, com idade entre 30 e 49 anos, que apresentaram sintomas como febre e erupções cutâneas”.

“Os pacientes estão em isolamento e sendo monitorados pela vigilância epidemiológica municipal, que acompanha também os contatos próximos de ambos os casos. As amostras dos pacientes já foram coletadas e seguirão para o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen), para fluxo laboratorial da realização de diagnóstico diferencial. Após este processo, as amostras serão encaminhadas ao laboratório de referência, no Rio de Janeiro”, prosseguiu.

A Sesa ressalta que o Lacen é capacitado para realizar o teste molecular específico para detecção do vírus da Monkeypox, porém ainda não recebeu os insumos do Ministério da Saúde. Já são 13 casos notificados. Desses, sete foram descartados, dois deram positivos e quatro estão em investigação. Os casos positivos são de homens, com faixa etária de 30 a 49 anos, moradores da Grande Vitória.