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Presos da unidade LGBTQIA+ estão produzindo roupas descartáveis para pacientes hospitalares


Os internos da comunidade LGBTQIA+ do complexo penitenciário de Viana (ES) estão produzindo confecções em TNT para a população de rua internada no Hospital São Lucas, em Vitória (ES)


Presos da unidade LGBTQIA+ estão produzindo roupas descartáveis para pacientes hospitalares | Foto: Sejus

Segundo a secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa-ES), os presos da primeira unidade prisional exclusiva e de referência à população LGBTI+ do Espírito Santo, sediada na Penitenciária de Segurança Média 2 (PSME2) do complexo de Viana (ES), estão produzindo roupas descartáveis. As confecções utilizam o Tecido Não Tecido (TCT) e são toucas; máscaras; bandagens; roupas hospitalares, entre outros, destinado à população de rua internada no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas (HEUE), em Vitória (ES).

A unidade prisional exclusiva e de referência à população LGBTI+ no Espírito Santo foi inaugurada em 26 de maio de 2021. Segundo a secretária de Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo, a iniciativa como parte da promoção de direitos humanos no sistema prisional. “A inauguração da unidade referência mostra que o Governo do Estado preza pela promoção de direitos humanos no sistema de privação de liberdade do Estado. Parabenizamos a Sejus pela iniciativa. Que o respeito e a igualdade de gênero se espalhem também em todas as unidades prisionais, como garantia da preservação de direitos”, disse a secretária naquela ocasião.

A Secretaria da Justiça (Sejus) também instituiu parâmetros e procedimentos para atendimento à população LGBTI+ em situação de privação ou restrição de liberdade nas Unidades Prisionais do Estado, conforme portaria Nº 413-R. Dentre as instruções, o documento estabelece diretrizes quanto ao direito ao tratamento isonômico às pessoas presas LGBTI+; informações sobre identidade de gênero, sobre o direito de serem tratadas pelo nome social, bem como o direito à utilização de vestuário e corte de cabelo em acordo com a identidade de gênero, além dos demais procedimentos realizados nas unidades e a capacitação de servidores em políticas públicas LGBTI+, no combate à LGBTfobia.

Internos da unidade prisional exclusiva e de referência à população LGBTI+ no na Penitenciária de Segurança Média 2 (PSME2) do complexo de Viana (ES) | Foto: Arquivo/Sejus

 “Mais conforto e dignidade aos pacientes”, diz dirigente do hospital

“O HEUE é um hospital com perfil de trauma, por isso não é raro que os pacientes tenham as roupas cortadas durante o primeiro atendimento. Também recebemos muitos pacientes em condições de vulnerabilidade, como moradores de rua e usuários de droga. E muitas vezes eles não têm outras vestimentas para fazer a troca. O projeto tem a intenção de dar mais conforto e dignidade a esses pacientes. Além disso, é uma ação sustentável que prioriza a reciclagem de materiais e reforça nosso cuidado e vigilância constante com a questão ambiental. Esperamos que seja só o começo de uma parceria longa e frutífera com a Secretaria da Justiça”, afirmou a diretora-geral do HEUE, Cynthia Milanez.

Internos e internas do Projeto Fazendo Arte desenvolvem o trabalho na oficina de costura. O diretor da unidade prisional, Gabriel Fitaroni, destaca o comprometimento dos detentos com uma ação social tão importante. “Além de uma oportunidade de trabalho, a confecção dos conjuntos representa uma importante ação social, uma vez que essa produção vai atender pacientes em situação de rua e colaborar com o trabalho desenvolvido no Hospital Estadual de Urgência e Emergência. Além de tudo, vemos como uma prática de solidariedade”, disse Gabriel Fitaroni.

Na última semana a Secretaria da Justiça (Sejus), que administra a penitenciária, realizou a entrega de 50 kits à unidade hospitalar. Os kits sãos compostos por blusa, bermuda e roupa íntima e foram confeccionados em 15 dias. A meta é produzir cerca de 100 conjuntos por mês, com a matéria-prima fornecida pelo HEUE.

O que é TNT

O nome não-tecido (TNT) significa que esse material, não passa por teares, comuns na fabricação de tecidos, durante seu processo de fabricação. Assim sendo, as fibras não são tecidas pelo modo convencional, passando a ser designado como não-tecido. Suas fibras não são tramadas segundo um arranjo ordenado, mas sim, dispostas aleatoriamente.

O não tecido também é conhecido como nonwoven (inglês), notejido (espanhol), tessuto nontessuto (italiano), nontissé (francês) e vliesstoffe (alemão). Os maiores usuários de tecidos técnicos e não-tecidos da atualidade são os setores de embalagens e transportes. Enquanto o primeiro absorve 2.990 milhões de toneladas/ano para fabricar desde coberturas para proteção até contentores (big-bags), o segundo, representado pelas indústrias automobilística, naval, aeroespacial, veículos sobre trilhos, motocicletas, bicicletas, air bags e pneus, registra consumo de 2.828 milhões de toneladas/ano.

Não há uma data exata para o início da fabricação do tecido não tecido. Estudiosos, afirmam que o tecido não tecido surgiu no Egito, por volta do ano 2400 a.C. A partir de 1930, nos Estados Unidos, começaram fabricações de tecido não tecido a partir da celulose. Por volta de 1957, uma estrutura semelhante ao tecido não tecido começou a ser fabricada em equipamentos da indústria de papel.

A invenção para obtenção do tecido não tecido pode ser conferida à carta Britânica nº 114, concedida em 1853 à Bellford. Começaram a surgir o uso de cardas, esteiras de transporte, impregnação, secagem para fabricação da manta ou almofadas de algodão para indústria de estofados e colchões de mola. Com multicamadas, estes produtos podem ser fabricados em qualquer espessura.