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Privatização proposta pelo Governo do ES ameaça o sapinho-da-restinga, em extinção


O sapinho-da-restinga habita o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, em Guarapari, no Espírito Santo. “As restingas são ambientes extremamente frágeis e a degradação desses ecossistemas pode trazer consequências irreversíveis, entre elas a perda de diversidade e de espécies exclusivas desse ambiente”, diz a National Geographic se referindo ao Parque Estadual Paulo César Vinha, em Guarapari (ES)


Privatização proposta pelo Governo do ES, com turismo em massa, ameaça o sapinho-da-restinga, em extinção | Foto: Reprodução/Pedro Peloso/ National Geographic

A proposta de privatização de seus Unidades de Conservação (UC’s), os parques públicos estaduais, através de uma concessão por 35 anos e renovada por mais 35 anos, apresentada pelo Governo do Estado à Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), com instalação de teleférico, tirolesa, glamping (um hotel de luxo, só que no meio da natureza), restaurante no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, deixou apreensivo os pesquisadores de grandes instituto brasileiros :Entre esses pesquisadores da National Geographic que descobriram o raro sapinho-da-restinga (Melanophryniscus setiba), menordo que uma moeda e com risco de extinção.

O desejo do Governo do Estado em tornar as áreas a serem oferecidas em concessão, uma privatização pelo prazo de 35 anos e com possibilidade de renovação por mais 35 anos, altamente lucrativas para os empresários, o projeto apresentado à Findes prevê equipamentos que tendem a dizimar as espécies animais que ainda se encontram lá. O desejo é ter turismo em massa, com estacionamento para 500 automóveis, turistas gritando na tirolesa e no teleférico, além do cheiro de comida em restaurante e dos hospedes dos glamping.

Sapinho em extinção pode desaparecer com a privatização

Um dos pesquisadores ligados ao grupo da National Geographic está participando do grupo que reúne professores, estudantes, pesquisadores, pesquisadores, moradores, lideranças comunitárias, pescadores artesanais, quilombolas, artistas, indígenas, a sociedade civil e políticos que tem consciência ecológica. E há preocupação com a possibilidade de a privatização acelerar a extinção do sapinho-da-restinga.

Em abril de 2020, antes de o Governo do Espírito Santo apresentar à Findes o seu projeto de privatização, a National Geographic publicou matéria demonstrando a preocupação com a possibilidade de extinção, sob o título “Misterioso e peculiar, minis sapo brasileiro descoberto no século 21 já está criticamente ameaçado. ” De acordo com a National Geographic, uma joint venture entre companhia Walt Disney (73%) e o Sociedade Geográfica Nacional, dos Estados Unidos, que detém 27%, em todo o mundo, o sapinho-da-restinga, encontrado apenas no Parque Paulo Cesar Vinha, Espírito Santo.

O que é PEDUC? | Vídeo: Movimento em Defesa das Unidades de Conservação do ES/Fotos no vídeo: Hélio Filho/Secom-ES

O que relata a National Geographic

“Esse animalzinho é um tanto estranho”, comenta o biólogo Pedro Peloso, explorador da National Geographic, sobre o sapinho-da-restinga (Melanophryniscus setiba), descoberto por ele em 2005, em Guarapari (ES). A espécie foi descrita por Peloso e outros cientistas em publicação de 2012, e pouco tempo depois, mais precisamente em 2014, o anfíbio apareceu como criticamente em perigo na lista de animais ameaçados de extinção”, diz o texto da publicação.

O que as espécies animais e vegetais vão ter que enfrentar e tolerar no Parque Paulo César Vinha com a privatização e o turismo em massa, planejado pelo Governo estadual para ser lucrativo para os empresários | Imagens: Seama

E prossegue: “Diversas espécies estão desaparecendo de florestas bem preservadas e não sabemos os motivos exatos”, diz Peloso em entrevista. “Devemos prestar atenção na extinção dos anfíbios como um todo, mas também estudar cada espécie individualmente”. O biólogo lidera o projeto DoTS, que busca estudar e retratar a vastidão de espécies de anfíbios brasileiros para fins de conservação. Entre eles está o sapinho-da-restinga, que tem menos de 2 cm, come formigas e deposita poucos ovos – mas ainda há muito a se saber sobre ele.”

Um dos fundadores do PT no Espírito Santo, o ex-deputado estadual Perly Cipriano, reproduz em suas redes sociais a indignação dos capixabas com a privatização das UC’s pelo Governo Casagrande | Imagem: Facebook

O sapinho-da-restinga é um animal muito pequeno, com menos de dois centímetros e que facilmente será pisoteado pela multidão, caso o projeto de privatização prossiga e não seja abortado, que irá frequentar o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha. A média do tamanho dos adultos é de 15 mm, e o maior indivíduo registrado tinha 16,1 mm. Durante sua evolução, a espécie passou por um processo de miniaturização — com perda de diversos ossos do corpo, perda de alguns dedos, entre outras características.

Segundo relatos da publicação, o mini sapo é um animal que habita o chão da floresta, alimenta-se de pequenos invertebrados (formigas e ácaros) e deposita poucos ovos depositados também no chão, e que são menos de 10.  “O sapinho-da-restinga, como o próprio nome já diz, habita um ambiente de restinga, mais precisamente o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, em Guarapari, no Espírito Santo. As restingas são ambientes extremamente frágeis e a degradação desses ecossistemas pode trazer consequências irreversíveis, entre elas a perda de diversidade e de espécies exclusivas desse ambiente.”, diz a publicação.

Conselheiro diz que Rigoni não acata denúncias ambientais | Vídeo: TV Ales

Conselheiro diz que Rigoni não acata denúncias ambientais

Conselheiro do Parque Estadual Paulo César Vinha, Willian Vailant falou na recente Audiência Pública que discutiu a privatização das Unidades de Conservação (UC’s) e que foi realizada na Assembleia Legislativa. Ele usou o tema sobre o papel social do parque. Ele começou falando sobre a destruição ambiental de Guarapari, munícipio onde fica aquela UC, nos últimos 30 anos e que foi liderada pelas empresas imobiliárias.

Privatização do Parque Estadual Paulo César Vinha é tema de debate na Barra do Jucu, em Vila Velha (ES), nesta próxima terça-feira (12)

Ele lembrou do ambientalista Paulo Cesar Vinha, que foi assassinado por empresários que roubavam areia naquela área de restinga. Na frente do presidente regional do União Brasil, que tem o cargo comissionado de secretário de Estado do Meio Ambiente (Seama) do atual Governo Casagrande, Felipe Rigoni. Vailant disse foram feitas quatro denúncias ignoradas por essa pasta por um processo de devastação ambiental em uma lagoa, mas a resposta foi de que a área não era prioritária. “Era um rio que morreu”, acentuou.