A doutora em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniela Araújo de Sousa, lembra aos tutores que a aproximação do Verão, os animais de estimação precisam ter os cuidados redobrados para proteger os pets do calor extremo
A doutora em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF), a pesquisadora Daniela Araújo de Sousa diz que a exposição a altas temperaturas pode causar riscos aos pets como hipertermia, desidratação e queimaduras nas patas. A frequência de ondas de calor — períodos em que as temperaturas permanecem 5°C acima da média — cresceu significativamente. De acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o período de ondas de calor aumentou para 52 dias entre 2011 e 2020.
Esse aumento expõe cães, gatos e outros animais a diversos riscos e uma atenção especializada. Algumas raças de cães, especialmente as braquicefálicas (com focinho curto), como pugs, buldogues e shih tzu, são ainda mais vulneráveis, pois têm dificuldade em regular a temperatura corporal.
Temperatura ideal para os pets é de 23 a 26ºC
“Os pets são muito sensíveis ao calor, e temperaturas muito elevadas podem até levá-los a óbito. Caso o pet seja submetido ao calor extremo, sua temperatura corporal se eleva e pode passar os 40⁰ C, o que gera uma hipertermia chamada de intermação. Normalmente os pets ficam confortáveis em temperaturas em torno dos 23 a 26 graus, dependendo da raça.”, diz a especialista da UFF.
Ela destaca que algumas raças de cães são mais vulneráveis ao calor extremo. “Cães braquicefálicos, que são aquelas raças com focinho curto como shih tzu, bulldog e pugs, têm a passagem de ar pelas vias aéreas diminuídas. Isto se deve ao encurtamento de seus focinhos feito ao longo do processo de desenvolvimento destas raças. Logo, os caminhos para a passagem de ar nas vias aéreas deles são menores e a regulagem da temperatura corporal fica prejudicada, ficando mais sensíveis à intermação.”
Passeios
Nesse caso, recomenda que os cuidados devem ter atenção redobrada. As principais recomendações são: Evitar expor o animal ao calor extremo e estimular exercícios físicos intensos em locais de alta temperatura. Em relação aos passeios, é recomendado que sejam em horários ainda frescos, normalmente antes das 9h e após às 17h.
Também alerta aos tutores para que se atentem à temperatura do chão, para prevenir queimaduras nos coxins (almofadinha embaixo da pata). Antes de passear com o animal, o tutor pode testar a temperatura com o próprio pé. Se a temperatura do asfalto estiver desconfortável para si, também vai ser incômoda para o pet. Essas observações valem também para gatos e para animais que tenham alguma patologia que prejudique a regulagem de suas temperaturas ou que cause problemas cardíacos e respiratórios.
Hidratação
Outra recomendação é estimular o consumo de água ao deixar mais de uma vasilha de água pela casa. Dar frutas congeladas e colocar cubos de gelo na água também são boas opções. Para gatos, pode-se colocar petiscos dentro de cubos de gelo. Uma boa alternativa são as fontes de água com chafariz, encontrados em pet shop, principalmente para os gatos que gostam de água em movimento.
“Nas altas temperaturas, os pets devem ser mantidos em locais com sombra e bem arejados, seja com auxílio de um ventilador ou ar condicionado no ambiente. Deixar sempre os acessos ao ambiente livres para que tenham a opção de ficar onde é mais confortável, ou seja, não deixar o pet num quarto fechado com ar condicionado sem uma saída, para caso ele se sinta incomodado”, diz Daniela Sousa.
Ela ainda fala de que muitos dos pets gostam de um tapetinho refrescante, encontrado em pet shop, que é feito com um gel que fica com temperatura mais baixa que o ambiente quando o animal deita sobre ele. Além disso, para cães que ficam em quintais, o local deve ser sempre bem ventilado e a casinha dele deve ficar na sombra permanente, isto é, em algum local que não bata sol em momento nenhum.
Para as aves, a dica que ela dá é colocar banheiras com água para que tomem banho. Para os animais que gostam de piscina, banho de mangueira e bacia com água são ótimas opções para refrescá-los, mas sempre deixar que a opção seja deles.
Sinais de alerta
Um dos sinais de alerta apontado pela doutora em Medicina Veterinária é quando os pets ficam bem ofegantes, salivam bastante, ficam cansados e fracos, as mucosas hiperêmicas – bem vermelhas -, e podem ter vômitos e diarreia. Se o quadro evoluir, pode ter alteração da consciência e convulsões, que causam parada cardíaca e respiratória.
“Se o tutor observar sinais de intermação em seu pet, deve levá-lo ao veterinário para que seja tratado e o equilíbrio restaurado. No trajeto, pode colocar toalhas com água fria – não gelada – na barriga e pescoço do animal, além de um ambiente ventilado, como carro com ar condicionado. A diminuição da temperatura deve ser gradual, então não deve-se colocar o rosto do pet diretamente no ar condicionado”, recomenda.
Protetor solar para pets
Uma outra sugestão é o uso de protetor solar específico para a pele dos pets, que deve ser utilizado naqueles que gostam de se expor ao sol. Estes protetores devem ser usados principalmente em áreas com menor proteção dos pelos como orelhas, focinho e barriga, pois, assim como humanos, também podem ter câncer de pele causado pela exposição ao sol.
“Outro ponto importante é que os demais cuidados com a pele dos animais devem ser mantidos. Se o pet tiver contato com água, por exemplo, é importante secá-lo, para evitar o desenvolvimento de doenças. O uso de coleiras ou remédios para prevenir infestação de pulgas e carrapatos, mais comuns nessa época, também é uma boa prática, principalmente nas estações mais quentes”, finaliza.