Organizado em parceria com professoras da Ufes. UFMG e do IFRS, volume reúne ensaios sobre textos e filmes que refletem sobre as memórias do recente período autoritário brasileiro

Foi lançado em meados deste mês, pela professora Maria Zilda Ferreira Cury, da Faculdade de Letras da UFMG, o livro Heranças da ditadura na literatura brasileira contemporânea (Alameda Editorial).
Organizado em parceria com Fabíola Padilha, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Cimara Valim de Melo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), o volume reúne ensaios sobre textos e filmes que trazem “a renovada potência do pensamento crítico brasileiro contemporâneo e sua capacidade de intervir sobre as raízes profundas das memórias da ditadura civil-militar recente do país”, conforme se anota na sinopse da obra.
Histórias da repressão militar
Na sinopse, anota-se ainda: “Os povos indígenas, as questões de gênero, os testemunhos dos familiares dos sobreviventes, as histórias da repressão militar, as corporeidades femininas e masculinas violadas, os arquivos reparadores são alguns dos elementos que interpelam o repertório simbólico e histórico da produção contemporânea brasileira literária e cinematográfica analisada e que levam o leitor para a futuridade dos caminhos combativos e criativos de luta por verdade e justiça no Brasil.”
Maria Zilda é uma das referências da Faculdade de Letras da UFMG para a literatura brasileira recente, em particular a de prosa. Além das disciplinas que ministra sobre o tema, ela desenvolveu, de 2020 a 2023, o projeto de pesquisa Vertentes da ficção brasileira contemporânea, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foram investigados temas como imigração, relação entre os intelectuais e a vida pública, modernismo, relação entre literatura e espaço urbano e entre a ficção brasileira e a ditatura, tema do presente volume.
Também desde 2020, Maria Zilda desenvolve o projeto de pesquisa Poéticas e políticas da memória na literatura contemporânea, que parte especificamente de estudos sobre memória e experiências autoritárias para debater as relações entre estética e política, perspectiva que atravessa o presente volume. A ideia é pôr em evidência situações históricas do passado, “no interesse de uma reflexão sobre seus significados na cultura contemporânea”, como se anota na descrição do projeto de pesquisa, que está em andamento.