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Projeto brasileiro pretende promover cultivo de alimentos na superfície da Lua


O Brasil é um dos 27 países signatários da parceria do Projeto Artemis, da Nasa, para implantação de uma base lunar e a preparação para a futura missão para Marte


Projeto brasileiro pretende promover cultivo de alimentos na superfície da Lua | Imagem: Reprodução

O Brasil, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), está desenvolvendo pesquisas científicas para cultivar alimentos na superfície da Lua. O estudo é fruto de um protocolo de intensões entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB), firmado em 21 de novembro do ano passado, e que visa a participação brasileira no Programa Artemis, da Nasa, que pretende viabilizar fazendas verticais na Lua. No caso, é o plantio de grão-de-bico na Lua.

“O grão de bico, da variedade Aleppo — que pretendemos treinar no espaço, devido a seu elevado poder de proteínas e por ser produtor de serotonina —, pretendemos testar […] na dieta dos astronautas. A ideia é aportar para o projeto Artemis”, disse a pesquisadora da Embrapa, Clarissa Castro, em declaração a imprensa. Segundo ela, a iniciativa pretende viabilizar fazendas verticais na Lua. Além disso, há um sistema de monitoramento dos estímulos que a planta recebe.

Projeto Artemis

De acordo com a Embrapa, a empresa do Governo Federal vai atuar como provedora de dados, tecnologias e produtos que serão usados pelo Projeto Artemis, “tanto na conquista do espaço quanto no dia a dia da sociedade brasileira, gerando oportunidades que contribuam com a superação de desafios, como o das mudanças climáticas, novas formas de produção, como fazendas verticais e cultivares com características que atendam aos novos mercados.”

De acordo com a empresa pública, a iniciativa é considerada um marco importante não só para a pesquisa agrícola quanto para a pesquisa espacial brasileiras. “A Embrapa se preparou para este momento em que novas parcerias para o futuro se fortalecem”, diz a empresa em nota divulgada na época da celebração do acordo com a AEB.

 “A pesquisa agropecuária traçou uma trajetória de 50 anos que agora pode alçar novos horizontes, além do papel de referência em agricultura tropical no mundo. E participar do projeto Artemis representa esta nova visão”. Já o presidente da AEB, Márcio Calmon, a agência espacial brasileira estava apenas focada na produção de foguetes, satélites e tecnologias de sensoriamento remoto, “mas é preciso avançar e usar os dados que são gerados na busca por outros horizontes para o desenvolvimento do programa espacial brasileiro.”

Cultivo de plantas no espaço

“Desde que o Brasil assinou o Acordo Artemis, em 2021, e os objetivos publicados em 2022, sendo alguns deles relacionados ao cultivo de plantas no espaço, vislumbrou-se a oportunidade de a Embrapa contribuir com avanços em pesquisa agrícola. Assim, levei a ideia de Space Breeding e Space Farming à gestão da Embrapa Pecuária Sudeste, que apoiou o avanço de articulações sobre a temática junto a pesquisadores da Embrapa Agroenergia, Instrumentação, Hortaliças, Agroindústria Tropical e Soja, bem como de diversas instituições de pesquisa e universidades e a Agência Espacial Brasileira”, conta a pesquisadora da Embrapa, Alessandra Fávero.

No decorrer de 2023, a partir da parceria entre Embrapa e AEB, foi consolidada uma rede de pesquisa com 12 instituições e mais de 30 pesquisadores, com o objetivo de avançar no desenvolvimento de sistemas de produção e adaptação das culturas de batata-doce e grão de bico, espécies consideradas opções de base alimentar para humanos em condições fora da Terra.

A proposta é que pesquisas avancem na adaptação de culturas, desde o plantio em ambientes fechados até a qualidade nutricional dos alimentos, incluindo, entre outros aspectos, adequação de soluções nutritivas em hidroponia e aeroponia (cultivo que mantém as plantas suspensas no ar, apoiadas pelas raízes).

“Acredita-se que, além do avanço das pesquisas a serem usadas no cultivo no espaço, muitos resultados em benefício à sociedade poderão ser obtidos, como novas cultivares e tecnologias para auxiliar na superação de desafios como o de mudanças climáticas ou novas formas de sistemas de produção, como as fazendas verticais”, destacou Alessandra.