A equipe do projeto de extensão Fordan: cultura no enfrentamento às violências apresentou às entidades e instituições parceiras o protótipo do aplicativo criado para ser usado por mulheres negras e de periferia, principais vítimas da violência doméstica. Foi durante um seminário (foto) que reuniu no último sábado, 24, na Ufes, mulheres do bairro São Pedro atendidas pelo projeto, a Defensoria Pública do Espírito Santo, a Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa, a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), o Fórum Nacional de Mulheres Negras e a Sociedade Brasileira de Psicanálise (SBP), além de parlamentares estaduais e federais ligados ao combate à violência às mulheres e pesquisadores das universidades federais da Bahia e do Rio de Janeiro.
“O protótipo foi bem aceito. Agora entramos na fase de testes, por três meses, das funcionalidades do aplicativo por um grupo de mulheres de periferia. Também definimos encaminhamentos para que o uso do aplicativo se torne uma política pública de Estado”, afirmou a coordenadora do projeto Fordan, Rosely Pires, doutora em Ciências Jurídicas e Sociais. O lançamento do APP deverá acontecer após o período de teste e a negociação para assinatura de um termo de concessão de uso para a Defensoria Pública.
A tecnologia do APP foi desenvolvida pela equipe multidisciplinar da Ufes que integra o Fordan, composta por pesquisadores das áreas jurídica, de informática, saúde e psicologia, dentre outros, com a participação de um grupo de mulheres assistidas pelo projeto. O APP está sendo viabilizado por meio do edital Mulheres na Ciência, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Funcionalidades
No aplicativo, a mulher fará um cadastro, incluirá documentos, poderá ter informações sobre pensão alimentícia e outros serviços. Se sofrer agressão, ela terá um ícone para pedir socorro, solicitar medida protetiva e registrar Boletim de Ocorrência (BO) por áudio transcrito automaticamente. “Essa é uma das principais funcionalidades do aplicativo, a transcrição do áudio em texto para registro de BO, pois no momento em que está aflita, a mulher não consegue escrever”, explica Pires.
Além de ser um companheiro da mulher – a tela inicial do APP vem com a mensagem “Você não está sozinha” – o aplicativo vai proporcionar o conhecimento das especificidades da mulher negra de periferia. A segunda etapa do projeto prevê a construção de um banco de dados, a ser gerido pela Ufes, com as informações coletadas por meio do aplicativo, de forma a dar visibilidade às questões que envolvem esse segmento social. “A partir do mapeamento, será possível pensar políticas públicas específicas para esse público, que não tem tido o acolhimento adequado de acordo com sua realidade”, avalia.