fbpx
Início > Projeto ELSA identifica aumento de doenças femininas

Projeto ELSA identifica aumento de doenças femininas

Como o corpo feminino foi idealizado para gerar vidas, hormônios trabalham o tempo todo. E muitas vezes são esses hormônios que contribuem para o aparecimento de algumas doenças que atingem mais as mulheres

Você já parou para pensar porque foi preciso que o governo criasse serviços voltados especificamente à saúde da mulher, como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, por exemplo? Para especialistas, isso acontece porque a saúde da mulher exige alguns cuidados diferenciados. Como o corpo feminino foi idealizado para gerar vidas, hormônios trabalham o tempo todo, mesmo no caso de mulheres que não pensam na maternidade. E muitas das vezes são esses hormônios que as vezes contribuem para o aparecimento de doenças que atingem mais as mulheres, as doenças femininas.

José Geraldo Mill – Professor de Fisiologia da UFES

O médico José Geraldo Mill, professor de Fisiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), é um dos coordenadores do Projeto ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto). Ele explicou que o objetivo principal do projeto é estudar determinantes precoces de doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes, doenças renais crônicas, doenças neurodegenerativas e câncer. Dentre essas cinco, pelo menos três estão aumentando em mulheres. “O estudo tem o apoio do Ministério da Saúde e conta com a participação de seis universidades brasileiras. Ao todo são 15.105 pessoas de ambos os sexos avaliadas por um longo período de tempo desde 2008. A cada três anos eles fazem exames e anualmente ficamos em contato, seja por telefone ou pessoalmente. Além disso, toda vez que o participante ELSA tem uma internação hospitalar, uma enfermeira investigadora do projeto vai ao hospital para levantar dados dos prontuários desse paciente para monitorar desfechos, ou seja qual doença foi a causa da internação. Esse monitoramento é previsto para durar ao longo de 25 anos. O objetivo principal é estudar as determinantes precoces de doenças crônicas”, explicou

Câncer

No ELSA câncer vem sendo a doença que mais contribui para a mortalidade. Embora exista vários tipos de cânceres ha aqueles que atingem mais as mulheres, como os de mama, intestino e útero.  De acordo com José Geraldo Mill, a carga hormonal feminina facilita a aparição das doenças. “O câncer de mama, por exemplo também pode ocorrer no público masculino. Mas isso depende do estrogénio, hormônio que a mulher produz muito mais que homens. Já o câncer de pulmão, por exemplo, aumentou muito no sexo feminino nos últimos anos porque as mulheres passaram a fumar mais a partir anos 60”, explicou.

As pessoas em geral, governos e deputados precisam entender que tecnologia não é um bem como qualquer outro

Mil contou também que ainda não há um fator que facilmente identifique porque o câncer de intestino é maior em mulheres. Mas os estudos apontam que pode ter relação com hábitos alimentares e o ritmo do funcionamento intestinal. A constipação intestinal – retardo dos ritmos intestinais e expulsão fecal, por exemplo, é mais comum em mulheres. Segundo ele, a medicina acredita que esse é mais um efeito dos hormônios. Pois progesterona, hormônio tipicamente feminino diminui a motilidade do intestino. “Quando o assunto é o câncer de útero, está cada vez mais forte a associação com HPV. Por isso é importante a vacinação contra o vírus. Primeiro a vacina foi disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), para meninas e agora também para meninos, pois aparentemente o homem é o transmissor. Por isso homens devem tomar para proteger as mulheres”, orientou.

Doenças neurodegenerativas

Segundo Mill, as doenças neurodegenerativas, que decorrem da destruição progressiva e irreversível de neurônios – células responsáveis pelas funções do sistema Nervoso, são mais frequentes em mulheres. Porém, o  ELSA ainda está investigando o motivo do público feminino ser o principal alvo.

Doenças cardiovasculares

De acordo com o médico, há cerca de 40 anos havia uma mulher vítima de infarto para dez homens. Hoje, esse número é equivalente a quatro mulheres para seis homens. O aumento da doença entre mulheres causa preocupação, pois é onde costuma surgir de forma mais grave.  “O infarto na mulher em geral é mais grave e tem mortalidade. Isso porque o infarto no homem costuma vir acompanhado de dor forte no peito. Já na mulher, o infarto muitas vezes vem acompanhado de sintomas mais vagos.

A dor no peito, típica do infarto muitas vezes não aparece na mulher. Por isso, elas acabam procurando os serviços de emergências mais tardiamente, o que dificulta o tratamento da doença, contou. “O motivo da doença estar aumentando entre mulheres ainda está sendo estudado. Mas o médico explicou que as estratégias caracterizadas como preventivas para as doenças cardiovasculares são exercício físico, manutenção de pressão arterial controlada e prevenção de diabetes.

Apuração

o motivo da doença, hábitos de vida, medicamentos  que consomem. Acompanhamento ao longo do tempo. Há 30 anos ninguém ligava para colesterol. Hoje já não é assim. Sabemos colesterol alto marcador muito grande.

0 cânceres são várias doenças diferentes. O câncer de mama, apesar de não aumentar, começa a aparecer em idades mais jovens. Para isso não temos ainda uma explicação do porque isso está ocorrendo.

Ele explicou que, no caso do câncer, o que estamos sentindo é que a prevenção de doenças cardiovasculares está surtindo efeito. Brasil mais reduziu tabagismo no mundo. Em 20 anos conseguiu sair patamar 32% da população adulta fumante e hoje está entre 11% e 12%, um dos únicos que conseguiu esse feito. Isso tem impacto em doença cardiovascular. O infarto muito ligado ao tabagismo. Quem fuma tem muito mais chances de morrer de enfarto ou ter infarto.

A redução de tabagismo e havendo mais pessoas com controle de pressão, o controle de pressão arterial tá melhorando, de colesterol também. Outras doenças crônicas entram nesse meio. Câncer ocupando papel que era das doenças cardiovasculares principalmente mulheres. Quem é fisicamente ativo corre metade do risco de desenvolver diabetes, alimentação é muito vago. E uma variável complexa porque dieta varia como come, come prepara alimento, a origem dele. Solo onde é cultivado.

Dieta talvez seja componente estilo de vida mais complexo para analisar. Todo dia aparece dieta diferente. Quem come muita carne vermelha e embutidos considerado terror. Embutido contém uma serie de produtos estranhas a nosso corpo, conservantes, saborizantes, corantes.  Embutido quanto menos se consome melhor. Carne vermelha contem gordura saturada.

Em geral esses dois consumos devem ser evitados e moderado para carnes. As mulheres, notadamente, têm uma dieta mais saudável que homens, nesses dois são os homens quem consomem mais. Açúcar é igual. Depende da quantidade que se come. É fonte energética. Mas em excesso predispõem a diabetes. Talvez seja por isso que elas vivem ou mais. Vivem em média 7 anos mais que os homens. Seguramente por hábito alimentar mais saudável expectativa maior.