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Projeto evangélico ultraconservador “Eu escolhi esperar” é promulgado por vereadores de Vitória

A volta aos hábitos da Idade Média, principalmente nos namoros realizados entre os filhos da burguesia da época, onde o casal de namorados sentava à distância um do outro, sob as vistas de um familiar ou até mesmo dos pais da moça, é coisa de um passado que não volta mais

Vereadores de Vitória promulgam projeto que volta ao passado, dos namoros à distância e vigiados pelos familiares | Foto: Facebook

O prefeito de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini (Republicanos) se omitiu em relação ao projeto de lei evangélico xiita 101/2021, denominado “Eu escolhi esperar” e que prega abstinência sexual para adolescentes. A proposta da Idade Média foi idealizada pelo pastor Nelson Neto Júnior e apresentado pelo evangélico radical de direita Davi Esmael (PSD), atual presidente da Câmara de Vitória. Pazolini não vetou, nem sancionou e deixou para os vereadores promulgarem, o que será feito nesta segunda-feira (17) em solenidade que contará com o idealizador da proposta, o pastor evangélico Nelson Júnior, da Igreja Batista da Lagoinha, a mesma da pastora bolsonarista Danares Alves, ministra do Bolsonaro.

O projeto foi aprovado no dia 15 de dezembro último e seguiu para o prefeito conservador da capital vetar ou sancionar. Pazolini não fez nem uma e nem outra coisa. A sessão que aprovou a proposta de impor aos jovens da capital o fim do namoro como é conhecido atualmente. No artigo primeiro do projeto que o prefeito se omitiu em analisar consta: “Fica instituído, no âmbito do Município de Vitória, o ‘Programa Eu Escolhi Esperar’ que trata da prevenção e conscientização sobre gravidez precoce, com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez precoce.

O artigo segundo faz o detalhamento: “O programa de que trata o artigo 1ª desta lei será desenvolvido no âmbito da Secretaria Municipal da Saúde e de Educação, com base nas medidas abaixo elencadas, sem prejuízo de outras a serem instituídas: I – promoção de palestras direcionadas aos profissionais de saúde e educação, voltadas à consecução dos objetivos do programa; II – exposição e divulgação de material explicativo, destinados aos adolescentes, esclarecendo eventuais causas, consequências e formas de prevenção da gravidez precoce; III – direcionamento de atividades para o público alvo do programa, principalmente os mais vulneráveis; IV – monitoramento de possíveis casos para avaliação e cuidado, promovendo a interdisciplinaridade entre os profissionais que irão atuar no segmento”. Leia a seguir a íntegra do projeto ultraconservador que os vereadores querem impor à sociedade de Vitória, em arquivo PDF:

Processo-6503_2021-Projeto-de-Lei-101_2021

Votação ocorreu sob ataques transfóbicos

A sessão ordinária de aprovação do projeto, por nove votos a dois, foi marcada por falas transfóbicas dos vereadores da ala conservadora e discussões sobre passagens bíblicas como a arca de Noé, segundo a vereadora Camila Valadão. Logo no início dos debates, a vereadora do Psol, Camila Valadão, apontou uma irregularidade na tramitação da matéria apresentada. De acordo com o artigo 95 do regimento interno: “Nenhum vereador pode relatar o mesmo projeto em mais de uma comissão”. Acontece que o vereador Duda Brasil (PSL) foi relator tanto na Comissão de Constituição e Justiça, como na Comissão de Saúde e Assistência Social, o que fere o regimento.

Para especialistas, será obvio que a lei jamais será cumprida pela juventude, nem dos bairros nobres de Vitória e muito menos nos bairros pobres ou nos morros da capital, que são controlados pelo tráfico de drogas e dos tradicionais bailes funk recheados de orgias sexuais. A volta aos hábitos da Idade Média, principalmente nos namoros realizados entre os filhos da elite econômica, onde o casal de namorados sentava à distância um do outro, sob as vistas de um familiar ou até mesmo dos pais da moça, é coisa do passado que não volta mais.