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Projeto pretende transformar abandono da antiga Ferrovia Leopoldina em atrativo turístico


O abandono dos 257 KM da ferrovia dentro do Espírito Santo pela VLI Multimodal S/A vem desde 2017. A proposta é transformar o trecho férreo em atrativo turístico, gerando emprego e renda


Projeto pretende transformar abandono da antiga Ferrovia Leopoldina em atrativo turístico | Fotos: Setur

Para fazer frente ao abandono dos trilhos e da faixa de terrenos por onde circularam os trens da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, agora de propriedade da multinacional VLI Multimodal S/A, o Governo do Estado lançou o “Projeto Conceitual de Utilização do Espaço da Ferrovia Leopoldina.”. A proposta surgiu da reclamação de 11 municípios capixabas, que veem a área degrada, com matagal, como sendo local propício para criminosos atuarem. As prefeituras querem que a União doe essa área para os municípios.

Em julho do ano passado, o Grafitti |News chegou a procurar a direção da VLI Multimodal, que somente após mais de 20 dias deu resposta, dizendo que a concessão da ferrovia junto a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está em pleno vigor. Além disso, a multinacional, que somente demonstra interesse em explorar em outros Estados os trechos mais rentáveis, ainda disse que não quer doar os trilhos para entidades sociais de catadores de recicláveis.

A antiga estação da Leopoldina em Argolas, Vila Velha (ES). No detalhe, o apito em que o chefe da estação deu partida a centenas de viagens, entre Vitória e o Rio de Janeiro | Fotos: Iphan e arquivo Grafitti News

União de 11 prefeituras

Naquela ocasião, o Grafitti News chegou a publicar um vídeo mostrando o abandono da VLI Multimodal S/A na Grande Vitória e que pode ser conferido clicando neste link do YouTube. Os 11 municípios que exigem providências contra o descaso da multinacional na extensão de 257 quilômetros dentro do Espírito Santo são: Vila Velha, Cariacica, Viana, Domingos Martins, Marechal Floriano, Alfredo Chaves, Vargem Alta, Cachoeiro de Itapemirim, Atílio Vivácqua, Muqui e Mimoso do Sul.

Segundo nota da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), coordenadora do projeto de revitalização, “a Estrada de Ferro Leopoldina tem uma rica história que remete a 1856, quando teve início em Minas Gerais, expandindo-se posteriormente para o Espírito Santo e o Rio de Janeiro.”

“Durante décadas, a ferrovia desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico e social das regiões que atravessava. Privatizada em 1990, parte de suas linhas foram incorporadas pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e, mais tarde, pela VLI. Contudo, desde 2017, a ferrovia encontra-se abandonada, com operações suspensas e infraestrutura deteriorada”, completa.

O secretário de Estado do Turismo, Philipe Lemos, enfatizou a importância do projeto: “São mais de 250 quilômetros de trilhos que passam por 11 municípios. O objetivo é reutilizar esses espaços para o empreendedorismo, cultura e turismo. Vamos levar um ofício ao ministro dos Transportes, Renan Filho, assinado pelo governador Renato Casagrande, por mim e pelos prefeitos, solicitando a devolução da ferrovia para os municípios.”

Imagem: Divulgação/Setur

Transformação do abandono em atrativos turísticos

O projeto de reutilização da Ferrovia Leopoldina visa transformar trechos desativados em atrativos turísticos multifuncionais, que poderão incluir:

  • Ciclovia ou Trilha para Caminhada: Aproveitar a infraestrutura linear para passeios ciclísticos e trilhas, proporcionando um espaço seguro e agradável para atividades ao ar livre.
  • Vagões Bistrô: Convertendo vagões inativos em estabelecimentos de gastronomia, promovendo a culinária local e produtos regionais.
  • Museus sobre Trilhos: Transformar vagões ou estações em museus que abrigam exposições variadas, resgatando a história das cidades.
  • Centros Culturais ou Casas do Turismo: Utilização das estações desativadas como centros culturais, galerias de artesanato, e espaços para apresentações artísticas.
  • Mirantes: Criação de mirantes para contemplação da natureza, atraindo turistas com espaços instagramáveis.
  • Feiras e Mercados: Adaptação de áreas desativadas para sediar feiras e mercados temporários, impulsionando a economia local.
  • Parque Linear: Implantação de parques lineares ao longo dos trilhos, revitalizando espaços e promovendo convívio social.

O projeto segue para as seguintes fases:

Diagnóstico: Análise da infraestrutura existente, avaliação socioeconômica e identificação de trechos com potencial turístico.

Estudo de Viabilidade: Análise de mercado, perfil do turista, estimativas de custos e viabilidade técnica.

Consolidação das Propostas: Obras de recuperação, restauração de estações e reforma de vagões.

Manutenção: Prefeituras serão responsáveis pela manutenção dos espaços recuperados e pelo desenvolvimento de atividades turísticas variadas.

A Setur destaca que “este projeto promete transformar a Ferrovia Leopoldina em um corredor vibrante de atividades culturais, gastronômicas e turísticas, revitalizando a história e o patrimônio da região enquanto impulsiona o desenvolvimento local.”

Essa é a segunda tentativa do Governo estadual em 20 anos

Em outubro de 2003, o Governo do Estado anunciou que havia apresentado ao então Ministério dos Transportes um projeto da iniciativa privada, que tinha como objetivo reativar o transporte de passageiros entre Argolas, em Vila Velha (ES) e Vargem Alta. O objetivo era proporcionar um atrativo turístico para o Espírito Santo, gerando emprego e renda nesse segmento, em hotéis, restaurantes, lojas de artesanato, entre outros setores do trade turístico.

O então secretário de Estado de Desenvolvimento, Infraestrutura e dos Transportes, Silvio Ramos, chegou a discutir a volta da circulação do trem das montanhas com o secretário-executivo do Ministério dos Transportes na época, Keiji Kanashiro. Ramos saiu do encontro satisfeito e disse que Kanashiro chegou a se entusiasmar e falou que iria enviar o projeto para o BNDES, para dar financiamento e viabilizar a proposta. Vento anos depois, nada disso saiu do papel.

Naquela ocasião, a proposta do Estado era a inclusão do retorno do transporte de passageiros pela antiga Leopoldina no Plano Nacional de Turismo. Em 2003, a ANTT chegou a afirmar que a antiga proprietária do trecho férreo, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) não poderia impedir, por ser uma concessionária. Segundo a ANTT, a Centro-Atlântica apenas teria o direito de negociar o uso compartilhado da estrada de ferro. Mas, esse projeto ficou apenas na lembrança, sem ter surtido efeito prático.

Histórico

A antiga Companhia Estrada de Ferro Leopoldina (CEFL) surgiu em 1872. O nome era uma homenagem a imperatriz Leopoldina. Em 1895 passou a ser controlada por investidores ingleses. Em 1898 teve o nome alterado para The Leopoldina Railway, que operou com essa denominação até 1950.

Nesse período, a administração central ficava em um escritório em Londres. Em 1950 o Governo brasileiro encampou a estrada ferroviária, que passou a se chamar Estrada de Ferro Leopoldina, vinculada ao então Ministério de Viação e Obras Públicas. Em 1957 passou a integrar a malha da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). A construção da linha entre Vitória e Cachoeiro de Itapemirim exigiu verdadeiras obras de arte, como é um corte em uma pedreira entre Cobiça da Leopoldina e Soturno.

Conheça a proposta divulgada pela Setur, para proporcionar emprego e renda com turismo, a partir do abandono da antiga Estrada de Ferro Leopoldina:

APRESENTACAO-ESTRADA-LEOPOLDINA