Em reação ao anúncio de que a Copa América de 2021 será feita no Brasil, o vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foi ao Twitter avisar que apresentou requerimento para convocar o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo. As informações são da Agência Senado.
“É necessário saber quais medidas foram planejadas para garantir segurança sanitária aos brasileiros diante da realização da Copa América com tanta celeridade em nosso país”, disse Randolfe. Para o senador, o Brasil não tem condições de sediar uma competição desse porte, pois a situação da pandemia ainda é grave no país.
“Se for realizado, o evento será uma afronta às mais de 460 mil vidas que perdemos para a covid-19 no Brasil!”, escreveu o vice-presidente da CPI. Na justificativa do requerimento, Randolfe registra que Colômbia e Argentina recusaram sediar o evento devido à pandemia e à resistência da população.
“O evento, que terá início no dia 13 de junho, agora será sediado no Brasil, país que tem mais de 460 mil óbitos por covid-19, que ocupa o segundo lugar do mundo em número de mortes e que está na iminência de uma terceira onda da doença. Diante desse cenário, esta comissão parlamentar de inquérito precisa ouvir o presidente da CBF para saber que medidas foram tomadas para garantir a segurança sanitária dos brasileiros e das delegações estrangeiras durante a realização do evento”, afirma Randolfe na justificativa.
Posição de outros senadores
Fabiano Contarato (Rede-ES): “Após a recusa de países vizinhos, Bolsonaro quer promover a Copa América no Brasil, justo quando caminhamos para uma 3ª onda. Bolsonaro é “imbroxável” na sua sabotagem à saúde dos brasileiros: foi sua negligência na vacinação que privou o povo do futebol!”.
O senador bolsonarista capixaba Marcos do Val (Podemos) e a senadora que está sendo investigada pela Polícia Federal por corrupção na Codesa, Rose de Freitas (MDB), não se pronunciaram.
Eliziane Gama (Cidadania-MA): “Surreal que um governo que ignore compra de vacinas numa pandemia mundial responda tão rapidamente um pedido para realização de um evento internacional no país. A Copa América no Brasil é um deboche e um desrespeito com as 460 mil famílias em luto no país”.
Humberto Costa (PT-PE): “Enquanto o povo cobra movimentos do governo no caminho da vacinação, Bolsonaro dá mais uma demonstração de descaso e insanidade, confirmando a Copa América no Brasil. Os governadores devem se posicionar no sentido contrário. É mais um grande absurdo desse governo”.
Renan Calheiros (MDB-AL): “Com mais de 462 mil mortes, sediar a Copa América é um campeonato da morte. Sindicato de negacionistas: governo, Conmebol [Confederação Sul-Americana de Futebol] e CBF. As ofertas de vacinas mofaram em gavetas mas o ok para o torneio foi ágil. Escárnio”.
Rogério Carvalho (PT-SE): “É inaceitável que o Brasil veja países irmãos desistirem de sediar a Copa América para preservar vidas, e o governo Bolsonaro expor ainda mais os brasileiros ao risco de morte aqui, c/ 460 mil vidas perdidas. Foram 9 meses pra responder a Pfizer, e 10 minutos a Conmebol. Repúdio já!”
Jaques Wagner (PT-BA): “Para trazer o que o povo precisa — vacina, auxílio emergencial de R$ 600 e empregos — é uma lesma. Para trazer a Copa América, um campeonato rejeitado por diversos países, é veloz. A crueldade ultrapassa todos os limites”.
Alessandro Vieira (Cidadania-SE): “Já tivemos presidentes conhecidos por “atravessar a rua para pisar na casca de banana do outro lado”. Bolsonaro segue a mesma linha. Não existe nenhuma lógica em aceitar a realização da Copa América em plena pandemia, com risco de 3ª onda. A estupidez realmente não tem ideologia”.