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Relator do Orçamento propõe salário mínimo de R$ 1.210 em 2022

O parlamentar bolsonarista evitou qualquer correção real no salário mínimo, como o ex-presidente Lula fazia para estimular a economia interna. O deputado do PSD também destacou que não incluiu nenhum reajuste para os servidores públicos

Segundo o Dieese, os alimentos básicos consome 65,67% do salário mínimo. Em 2022, não haverá aumento real | Foto: Reprodução

Apesar de o país estar em um caos econômico, com a redução expressiva do poder de compra dos salários diante da volta da inflação no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), além do desemprego recorde e da volta do país no mapa mundial da fome, o salário mínimo não terá aumento real em 2022. No máximo deverá ficar em torno de R$ 1.210,00, com um reajuste de apenas 10-,04% ou um incremento de R$ 110,00 sobre o atual valor de R$ 1.100,00. A sinalização nesse sentido foi dada pelo relator do projeto de lei do Orçamento de 2022, deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ).

O valor consta do parecer apresentado nesta última segunda-feira (20) na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso. O relatório de Hugo Leal precisa ser aprovado pela CMO e depois pelo plenário do Congresso, em sessão conjunta da Câmara e do Senado.  No entanto, o valor real de reajuste do salário mínimo só será conhecido no fim de janeiro próximo, após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC] consolidado de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Defasagem

Sem falar em reajustes reais no salário, como foram feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o relator bolsonarista disse no seu relatório que “a projeção está defasada” e cita uma previsão atualizada de 10,18% para o INPC. Caso a “defasagem” está correta, o menor salário do pais teria um acréscimo de irrisórios dois reais, e iria para a R$ 1.212 no próximo ano

Enquanto os parlamentares ligados a Bolsonaro especulam sobre um reajuste sem acréscimo real, apenas o arroz teve seu preço elevado em 69,8% neste ano e o óleo de soja subiu 87,89%. É essa defasagem no salário mínimo que levou o Brasil a ir para o mapa da fome mundial. Com os preços sendo elevados abusivamente, o poder de compra cai. O governo Bolsonaro usa um índice de correção que não repõe o poder de compra e, com isso, contribui para elevar a miséria no país.

Segundo o escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Espírito Santo, o valor da cesta básica de alimentos em Vitória, a quarta cidade mais cara do Brasil, foi de R$ 668,17 em novembro último. Esse valor representa 65,67% do valor do salário mínimo líquido (o valor efetivamente recebido pelo trabalhador). Resta desse salário apenas 34,33% para o trabalhador comprar os itens que não consta da cesta básica, além de gastos com a energia elétrica, água, transporte, impostos e nada sobra para o lazer. Ou seja, o trabalhador brasileiro atualmente é uma espécie de escravo da era moderna.