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Religiosos do candomblé fizeram protesto na frente da Câmara de Vitória, liderada por evangélico

Atabaques soaram na Câmara de Vitória em protesto contra racismo religioso na atual legislatura | Fotos: Karla Coser/Redes sociais

A fraqueza de comando do atual presidente da Câmara de Vereadores de Vitíoria, o evangélico extremista Davi Esmael (PSD), que permite ao vereador bolsonarista Gilvan Aguiar Costa, vulgo Gilvan da federal (Patriota) lançar semanalmente ofensas verbais contra as vereadoras da casa, professores, servidores públicos municipais, jornalistas e aos adeptos de religiões de matriz africana levou à porta do Plenário Maria Ortiz um inédito protesto com atabaques de religiosos de origem africana. Após o ato, que ocorreu na manhã desta última quarta-feira (15) foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF) uma representação para denunciar Gilvan por racismo religioso.

O protesto foi contra ofensas de um vereador bolsonarista, que não é reprimido pelo atual presidente do legislativo | Vídeo: Redes sociais

O crime cometido pelo bolsonarista foi praticado no dia 29 de novembro último, quando o vereador bolsonarista apresentou no plenário do legislativo municipal, sem ser reprimido pelo evangélico que preside a Câmara, uma garrafa de detergente para uma suposta limpeza às bênçãos feitas por mães de santo três dias antes. Ele se referia à uma sessão especial proposta pela vereadora Karla Coser (PT) para homenagear o Dia da Consciência Negra.

Resistência ao ódio

Nas suas redes sociais, a vereadora Karla Coser comentou sobre a manifestação. “Amém pra quem é de amém, axé pra quem é de axé. Em uma manifestação político-cultural, movimentos negros e de religiões de matriz africana estiveram agora pela manhã na Câmara Municipal de Vitória para repudiar o racismo religioso cometido pelo vereador Gilvan, após nossa linda sessão solene pelo Dia da Consciência Negra. O tema da nossa sessão solene “Lula Rocha a Zacimba Gaba — Construindo legados” se torna mais forte e nítido com cada manifestação dessa. Apesar de tanto ódio, as sementes de Zacimba, Zumbi, Dandara, Marielle, Tereza de Benguela e Lula Rocha resistem”, disse.

“Precisamos lembrar que intolerância religiosa é crime e que a Câmara é a casa do povo! As religiões de matriz africana precisam ser respeitadas dentro e fora da CMV e eu serei sempre voz ativa pra denunciar ofensas e pra me somar às lutas em defesa da liberdade religiosa”, completou.

A vereadora Camila Valadão também recebeu solidariedade dos religiosos de matriz africana | Fotos: Camila Valadão/Redes sociais

Cobrança de liberdade e de respeito na Câmara

A vereadora Camila Valadão (Psol) também usou as suas redes sociais para comentar sobre o ato das religiões de matriz africana. “Ato contra racismo religioso. Dezenas de pessoas de religiões de matriz africana marcaram presença na entrada do Plenário Maria Ortiz na Câmara Municipal de Vitória pra denunciar o racismo religioso praticado dentro desta Casa de Leis por um vereador bolsonarista. Povo de terreiro, povo de axé e de luta que veio cobrar e exigir respeito para terem a liberdade e o direito – garantido na Constituição Federal! – de professarem a sua fé. Nós somos livres para praticar a fé e jamais deixaremos passar a intolerância religiosa!”. Valadão completou com frase “Axé pra quem for de amar; Amor pra quem for de axé; E que cada um siga seu caminho; Sendo para o outro o melhor que puder” – Odú (Os Odús são os signos de Ifá, encontramos neles o princípio de nossas características) / Thiago Elniño.

No ato, o Ogã Marcos de Odé se solidarizou com a vareadora do Psol, por ser uma vítima constante dos ataques ofensivos e grosseiros do vereador bolsonarista, que age sob às vistas do evangélico Davi Esmael. Em uma dessas sessões de agressões, o atual presidente da Cãmara permitiu que Gilvan chamasse a vereadora do Psol de “Satanista” e nenhuma ação para impor respeito ao legislativo municipal foi feita por Davi Esmael. “Pode contar conosco para o que der e vier”, disse o Ogã para Camila Valadão.