Relatório da FAO mostra declínios de mais de 10% até meados do século para várias regiões; estudo publicado na sessão do Comitê de Pesca que acontece em Roma inclui nações de língua portuguesa em suas previsões até 2100
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), alerta sobre o impacto de riscos climáticos para a contagem de peixes que podem ser explorados em todos os oceanos do mundo. O estudo revela que até o final do século, sob o cenário de altas emissões prevendo um aquecimento global na faixa entre 3 °C e 4 °C, a queda agrava para 30% ou mais em 48 países e territórios.
Em contraste, sob o cenário de baixas emissões prevendo uma alta global na faixa de 1,5 °C a 2 °C, as mudanças se consolidam entre nenhuma alteração e uma redução de 10% ou menos em 178 países e territórios até o final do século.
Na Europa, Portugal está entre os países que terão um dos maiores declínios de biomassa de peixes. No Brasil, as disparidades nos níveis de peixes em áreas como norte e sul podem vir a ser equilibradas e contrabalançar os declínios.
Angola
A África concentra mais de 40% das embarcações não motorizadas do mundo e o emprego na indústria pesqueira tem crescido de forma constante. A expectativa é que em toda a região seja observada uma queda na biomassa de peixes exploráveis, exceto no norte do continente e em torno de algumas ilhas do sudeste e sudoeste.
Entre as razões para o problema estão a taxa de crescimento populacional nas áreas mais povoadas e a alta dependência das comunidades costeiras de mercados domésticos, o que se traduz em riscos potenciais para a segurança alimentar.
Em cenário de baixas emissões, as perdas para muitos países e territórios ao redor do continente serão reduzidas. Mas Angola destaca-se pelas antevisões até o final do século apontando para perdas em torno de 39% sob o cenário de altas emissões. Ainda em cenário de altas emissões, as projeções globais de biomassa de peixes exploráveis mostram declínios de mais de 10% até meados do século para muitas regiões do mundo.
Impactos de longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas
As quedas mais acentuadas serão observadas em grandes produtores de peixes e pioram no final do século sob o cenário de altas emissões. Um dos exemplos é a percentagem de 37,3% projetada para as Zonas Econômicas Exclusivas do Peru e 30,9% para o caso da China. Mas as previsões se estabilizam sob baixas emissões.
A FAO destaca que a análise envolveu pesquisadores atuando com a agência para entender os impactos de longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e nas pescas por meio de modelos numéricos de última geração.
O Projeto de Intercomparação de Modelos de Ecossistemas Marinhos e Pesca é uma rede internacional lançada na 36ª. Sessão do Comitê de Pesca, que acontece nesta semana na sede da agência.
O documento é publicado na sequência do relatório Estado Mundial da Pesca e Aquicultura, Sofia, no qual a FAO antecipa que a produção global nesses setores atinja um novo recorde de 223,2 milhões de toneladas em 2022.
Serviço:
Leia a íntegra do relatório “Riscos de mudanças climáticas para ecossistemas marinhos e pescarias: Projeções até 2100 do Projeto de Intercomparação de Modelos de Ecossistemas Marinhos e Pesca”, em PDF e no idioma inglês, clicando neste link.