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Robô Maria, desenvolvido na Ufes, ganha nova versão com funções mais lúdicas e interativas

Robô Maria, desenvolvido na Ufes, sofre modernização em seu projeto e ganha novas funcionalidades | Imagens: Divulgação/Ufes

Desenvolvido há cerca de 10 anos por pesquisadores do Laboratório de Robótica e Tecnologia Assistiva da Ufes, vinculado ao Departamento de Engenharia Elétrica, o robô terapêutico Maria está de cara nova. Mais lúdico e interativo que sua versão anterior, chamada de N-Maria, o Maria T21 traz como principal inovação uma tecnologia inédita no mundo: um projetor de Jogos Sérios (JS), por meio do qual é possível exibir brincadeiras que vão além do entretenimento, buscando ensinar conceitos fundamentais para o dia a dia por meio de ferramentas lúdicas. A ferramenta atua em conjunto com terapias tradicionais para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Down (SD).

“A versão anterior da Maria somente interagia com a criança por meio de frases, movimentos e expressões faciais, não aplicando nenhum conteúdo de Jogos Sérios. Esta é a principal evolução da Maria T21 em relação à outra versão”, explica João Panceri, doutorando em Engenharia Elétrica e um dos responsáveis pelo Maria T21, que trabalha a atenção conjunta, memória, comunicação, habilidade de interação social e desenvolvimento cognitivo.

Inovações

A introdução do projetor de JS possibilita que as crianças brinquem com jogos educacionais que envolvem tarefas cotidianas, alimentação saudável e habilidades psicomotoras e cognitivas, enquanto realizam terapias tradicionais. Além desse diferencial, o Maria T21 traz como novidade a atuação na extensão, realizando ações diretamente em instituições que cuidam de crianças com TEA e SD.

Atualmente, o projeto atende crianças da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Vitória, onde são trabalhados conceitos como memória de curto prazo por meio do jogo “Memô”; psicomotricidade e equilíbrio, com os jogos “CrossKid” e “Jogo da Arara”; alimentação saudável no jogo “Tá Chovendo Comida” e habilidades motoras finas por meio do jogo “Desenhe comigo”. “Por meio de atividades mais lúdicas, quando comparadas às terapias convencionais, as crianças atendidas pelo projeto tendem a se engajar mais no tratamento, desenvolvendo ainda mais habilidades fundamentais para o dia a dia”, explica Panceri.

Robô terapêutico

Os sensores instalados no robô terapêutico, como revestimentos sensíveis ao toque e câmeras, fornecem dados que auxiliam no monitoramento de aspectos como motricidade corporal, emoções, proxêmica (estudo do espaço entre as pessoas), tacêsica (estudo do toque) e grau de atenção. “Estes dados ajudam os terapeutas a avaliar a evolução do paciente no decorrer do tratamento, impactando diretamente no resultado da terapia”, observa o doutorando.

O robô Maria T21 detecta, ainda, expressões faciais e o interesse visual por meio de uma série de redes neurais, percebendo os sentimentos de crianças e adolescentes em relação ao robô e à terapia, bem como graus de atenção. “A partir da imagem da câmera, o processamento nos fornece a direção do olhar da criança. Dessa forma, é possível quantificar o grau de atenção, como também se ela realiza um contato visual com a face do robô, que é algo muito importante a ser desenvolvido para crianças com autismo e SD”, avalia Teodiano Bastos Filho, coordenador do projeto e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Ufes, lembrando que o robô tem voz artificial e expressões faciais dinâmicas.

Origem do nome Maria

O nome do robô terapêutico, Maria, é um acrônimo em inglês para “robô móvel para interação de crianças com autismo”. Inicialmente, o robô atendia somente às crianças com transtorno do espectro autista e esta versão trouxe a ampliação para interação também com crianças com SD. “Incluímos o aditivo T21 no nome do robô, que se refere à trissomia do cromossomo 21, causador da Síndrome de Down, para representar esta nova fase”, explica Bastos Filho.

Ao longo dos anos, o projeto envolveu vários estudantes de pós-graduação da Ufes e a versão atual tem a atuação de dois alunos do mestrado e três do doutorado. Inicialmente contando somente com recursos da própria Ufes e da bolsa de pesquisa do coordenador, atualmente a ação é apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Mais informações sobre o robô terapêutico podem ser obtidas no Instagram do projeto