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Seca atinge 47 municípios do Espírito Santo, emagrece o gado e reduz produção de leite

O Rio Mangaraí, afluente do Rio Santa Maria da Vitória, que abastece com água potável boa parte da Grande Vitória, está com um a vazão próxima a linha crítica, segundo o Incaper | Vídeo: Grafitti News

Em pleno inverno (a primavera se inicia no próximo dia 23 deste mês), o Espírito Santo passa por uma seca e diminuição na vazão dos rios. Apesar de o painel Monitor de Sacas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) atestar que 47 municípios do Espírito Santo evoluíram da condição de seca fraca para moderada e que nenhum dos 78 municípios estão na condição de seca grave, seca extrema ou seca excepcional, o gado está magro e a produção de leite caiu 45%.

Este é o caso da Selita, a cooperativa leiteira sediada em Cachoeiro de Itapemirim que capta leite em 52 municípios capixabas, que informa ter ocorrido uma queda de mil litros diários de leite. Segundo a empresa, historicamente nesta época do ano são recolhidos junto aos associados 2.500 litros de leite por dia, mas que diante do quadro de seca esse recolhimento está em 1.500 litros diários. Segundo o Incaper, as chuvas devem retornar à normalidade somente a partir de meados do próximo mês de outubro.

Segundo o Incaper, os 47 municípios que vem sofrendo com a forte estiagem são: Afonso Cláudio, Alegre, Alfredo Chaves, Anchieta, Aracruz, Atílio Vivácqua, Baixo Guandu Brejetuba, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Colatina, Conceição do Castelo, Divino de São Lourenço, Domingos Martins, Dores do Rio Preto, Fundão, Guarapari, Ibatiba, Ibiraçu, Ibitirama, Iconha, Irupi, Itaguaçu, Itapemirim, Itarana, Iúna, Jerônimo Monteiro, João Neiva, Laranja da Terra, Marataízes, Marechal Floriano, Muniz Freire, Muqui, Piúma, Presidente Kennedy, Rio Novo do Sul, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, São Roque do Canaã, Serra, Vargem Alta, Venda Nova do Imigrante, Viana, Vila Velha e Vitória.

Vazão do Rio Santa Maria da Vitória se encontra próximo da linha crítica, segundo relatório da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) – Imagem: Agerh

A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) elabora um boletim diário de acompanhamento hidrológico dos principais rios do Espírito Santo e no que foi divulgado nesta última sexta-feira (9), a situação do Rio Jucu já se encontra abaixo da linha crítica. Já a vazão do Rio Santa Maria da Vitória, que abastece através da Cesan boa parte da água potável da Grande Vitória, se aproxima da linha crítica. O mesmo ocorre com a bacia do Rio Itabapoana, que faz a divisa do Espírito Santo com o Estado do Rio de Janeiro.

O gado tenta se alimentar com o pasto seco | Foto: Grafitti News

Agropecuária X Desmatamento = redução da água nos rios

O que vem ocorrendo faz parte do processo de destruição do planeta pelos grandes empresários, na busca desenfreada do lucro pelo lucro. A mudança climática é o reflexo disso. E nada melhor do que a mais respeitada publicação cientifica do mundo, a revista Science, que apontou que entre 90% e 99% de todo o desmatamento registrado nos países tropicais tem como responsáveis os empresários que atuam com atividades agropecuárias. E, curiosamente, em menos da metade da destruição das florestas, acaba promovendo de fato um aumento na produção.

O desmatamento acaba prejudicando economicamente o próprio pecuarista, porque o gado que não morre de fome, perde peso e provoca queda na produção leiteira | Foto: Grafitti News

O artigo da Science, no original em inglês pode ser lido clicando neste link.  No Abstract: (resumo de uma publicação cientifica), a publicação diz: “A expansão agrícola é a principal causa do desmatamento tropical e, portanto, um dos principais impulsionadores das emissões de gases de efeito estufa, da perda de biodiversidade e da degradação dos serviços ecossistêmicos vitais para a subsistência das pessoas rurais e dependentes da floresta. No entanto, o desmatamento impulsionado pela agricultura pode assumir muitas formas, desde a expansão direta de pastagens e terras agrícolas em florestas até caminhos mais complexos ou indiretos”.

E prossegue: “Uma compreensão clara das diferentes maneiras pelas quais a agricultura impulsiona o desmatamento é essencial para projetar respostas políticas eficazes. Para atender a essa necessidade, fornecemos uma revisão da literatura sobre o desmatamento impulsionado pela agricultura pantropical e sintetizamos as melhores evidências disponíveis para quantificar as mudanças dominantes no uso da terra agrícola relacionadas ao desmatamento. Consideramos as implicações políticas dessa avaliação, especialmente para intervenções crescentes do lado da demanda e da cadeia de suprimentos que buscam combater o desmatamento.”