fbpx
Início > Secretário vê dificuldades para retornar o serviço de aquaviário no Centro Histórico de Vitória (ES)

Secretário vê dificuldades para retornar o serviço de aquaviário no Centro Histórico de Vitória (ES)


Admitindo pressão do grupo privado que comprou a antiga Codesa, secretário Damasceno vê dificuldades para voltar o serviço centenário de transporte de passageiros no Centro. E para Paúl, em Vila Velha, o secretário descartou por completo a volta do aquaviário


Secretário paulista descarta serviço aquaviário para Paúl e vê ‘dificuldades’ de retorno do serviço de transporte de passageiros para o Centro Histórico de Vitória (ES), onde o serviço existiu por mais de 300 anos | Vídeo: YouTube

O bairro de Paul, em Vila Velha, foi juntamente com o atual Centro Histórico de Vitória (ES), o primeiro a ter o serviço de transporte aquaviário no Espírito Santo, que remonta aos primeiros anos da colonização portuguesa. Até a antiga empresa Pisa, que explorava o aquaviário ter encerrado as atividades, havia em Paúl uma passarela sobre uma área portuária, exatamente para manter o serviço. As empresas privadas que exploram o serviço portuário são contra a volta das lanchas para Paúl e o Centro de Vitóiria.

Cedendo a pressão dos grandes empresários que exploram os portos, o Governo do Estado, contra o interesse públicos dos moradores, anuncia que Paúl não terá mais uma estação de embarque e desembarque de passageiros. E com relação ao Centro, onde o capital privado que é agora o dono do Porto de Vitória, o mesmo Governo estadual vê dificuldades para as lanchas, embora não tenha afirmado que a área histórica da capital vai ficar sem o serviço definitivamente, porque está sendo feito uma “avaliação”. O Centro Histórico de Vitória teve o serviço aquaviário por mais de 300 anos.

Nunca houve problema de maré no Centro

O transporte marítimo de passageiros entre o atual Centro Histórico de Vitória, no Espírito Santo, e Paul, em Vila Velha e em Cariacica, antes da construção da Ponte Florentino Ávidos. Nunca houve problema de maré, ondulação das águas da Baía de Vitória e muito menos problemas com área de manobra de navios, como vem sendo as dificuldades impostas pelo atual secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, o paulista Fábio Ney Damasceno, para descartar a volta de imediato da estação de passageiros do sistema aquaviário no Centro Histórico de Vitória.

A declaração do paulista Damasceno foi feita no Podcast do deputado estadual Fabricio Gandini (PSD), onde debateu sobre mobilidade urbana e que pode ser conferido clicando neste link. Segundo relatos de historiadores capixabas, o transporte de passageiros e mercadorias de pequeno porte foram feitos por pequenas embarcações na Baia de Vitória desde a colonização portuguesa.

Nos anos de 1630 o “porto” era um sucesso no transporte da produção de açúcar dos cristãos novos estabelecidos no Espírito Santo, principalmente com a ida e vinda dos canoeiros do Rio Santa Maria da Vitória, que traziam principalmente café e faziam o transporte de passageiros, entre o atual Centro Histórico de Vitória e Santa Leoplldina.

Nos séculos XVII, XVIII e XIX havia uma intensa atividade portuária, no tempo da província,.com vários tipos de embarcação: canoas, escaleres e sumacas e ancoradouros espalhados na orla da baia asseguravam a sobrevivência da pequena produção agrícola e de outros gêneros comerciáveis da Grande Vitória. Os catraeiros estavam na base dessa sobrevivência.

Com a inauguração da Estação Ferroviária Leopoldina em 1895, em Argolas,e da Estação Pedro Nolasco em 1905 foram os catraeiros que conduziram passageiros e suas bagagens. Os catraeiros antes ocupavam o Cais de Aribiri, de Capuaba, de Carvão, de Atalaia, do Jabour, do Paul, de Jaburuna em Vila Velha, e em Vitória, o Cais do Comercio, do Batalha, do Azambuja, do Imperador ou das colunas (alinhado à escadaria do Palácio Anchieta), do Santíssimo, Cais Novo e dos Jesuítas, também conhecido como Porto dos Padres.

Com a institucionalização do Cais Comercial de Vitória, e depois dos cais de Vila Velha, esses barqueiros ficaram limitados a ocupar alguns pontos em Vitória e em Vila Velha. Há alguns anos utilizam instalações precárias como atracadouro, embarque e desembarque. Até que em 2012, os catraeiros restaram espremidos em Paul entre o porto de Capuaba, o de Paul e novas instalações da Petrobrás. No momento, em Vitória, foram deslocados do ponto que ocupavam há mais de 60 anos para um local que não agrada nem catraeiros nem seus 600 passageiros diários. Até que a partir de 2013, o porto pressionou o Governo do Estado para acabar com os catraeiros.

O serviço de lancha a motor existiu a partir da década de 1940, com pequenas embarcações, ligando Vitória e Paúl, sem que houvesse problema de maré, ondulação das águas da Baía de Vitória e muito menos problemas com área de manobra de navios. Tanto a população do Centro Histórico de Vitória quanto do bairro de Paúl exigem a volta do serviço aquaviário, que desfrutavam regularmente desde o final do Século XIX;.

Aquaviário terá cinco novas estações

Segundo declarações dadas pelo secretário de Estado de Mobilidade Urbana e Infraestrutura, Fábio Damascendo, dadas durante a segunda edição do Gandicast, programa apresentado pelo deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), para ser transmitido no seu canal no Youtube, foi dada a afirmação de que estão sendo preparadas novas paradas das lanchas do aquaviário.

“O terreno na Rodoviária de Vitória é real, é do Estado, é uma área de integração. Lá passam ônibus que vêm da Segunda Ponte, que passam nas Cinco Pontes, é possível trazer o Transcol para dentro da própria rodoviária, que integra todo o Estado e a Região Metropolitana, pelo Portal do Príncipe”, declarou Damasceno.

O secretário, inclusive, adiantou que as liberações, com as devidas licenças, já foram obtidas. “Essa (estação) é a que está mais próxima porque já temos tudo aprovado e só depende do Estado. É a parte administrativa que tem de ser feita. Estamos atualizando projeto e orçamento”, explicou, sem dar uma data para o início do funcionamento.

Damasceno é entrevistado pelo deputado Gandini durante a segunda edição do do podecast do parlamentar, o GandiCast | Foto: Gleberson Nascimento

São Pedro

Damasceno também foi questionado pelo deputado Gandini sobre a necessidade de levar o Aquaviário para a região da Grande São Pedro, uma antiga reivindicação das lideranças comunitárias e moradores.

O secretário, por sua vez, fez algumas ponderações. Segundo ele, o governo do Estado precisa obter algumas informações, antes de tomar essa decisão, principalmente sobre a quantidade de barcos disponíveis, já que há um desvio de 40 minutos no percurso.

“Para atual quantidade de barcos, precisamos abrir uma outra linha, com integração no Centro. Poderíamos fazer Porto de Santana, São Pedro e rodoviária? É preciso ter a estação da rodoviária pronta e mais barcos, para se pensar numa outra linha porque São Pedro é longe. E temos outras avaliações que precisamos fazer na região de São Pedro, como funcionaria o Transcol, por exemplo. É mais complexo, mas não está nada descartado!”, declarou.