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Sem lockdown fracassam medidas de contenção social ao Covid-19 decretadas por Casagrande

O engarrafamento na BR-262 em direção à Vitória se repetiu na manhã desta terça-feira (6), idêntico a ontem | Fotos: Walter Conde

Sem um lockdown de verdade, a classificação da região da grande Vitória como sendo de “risco extremo”, fracassou e não impede aglomerações. Desde esta segunda-feira (5) o trânsito voltou a ficar engarrafado como um dia normal de atividades empresariais, apesar do fechamento do comércio até esta terça-feira (6). Na manhã desta terça-feira o trânsito estava engarrafado acima do que ocorre em dias sem decretação de risco extremo para o contágio e mortes por Covid-19, apesar de os ônibus do Transcol continuarem sem circular.

Quem retornava para casa nesta segunda-feira encontrou o trânsito completamente paralisado na Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória, e na Vila Rubim. Nesta terça-feira quem ia de Vila Velha ou de Cariacica para Vitória encontrou também o trânsito paralisado logo cedo. A movimentação intrigava os motoristas de táxis que fazem ponto em frente à estação de trens da ferrovia Vitória-Minas, que se encontra paralisada por força de decreto do Governo do Estado.

“Para onde vai essa multidão?”, perguntavam. As medidas de restrição das atividades comerciais e dos ônibus municipais e do Transcol tinham como objetivo evitar contaminação pelo coronavírus, devido aos hospitais não terem mais leitos de UTIs. Mas, era exatamente a classe média e a elite quem está desrespeitando, uma vez que os trabalhadores de bairros distantes das principais avenidas não tinham como sair de casa, a não ser a pé ou de bicicleta. E não haviam tantas bicicletas circulando.

Lockdown

Engarrafamento na manhã desta terça-feira (6) mostra que sem lockdown a população não respeita isolamento social

A deputada estadual Iriny Lopes (PT) vem cobrando do governador Renato Casagrande (PSB) o lockdown, uma vez que pressionado pelos industriais, ele não permitiu que as indústrias paralisassem nem na última semana, quando decretou “medidas mais fortes” de isolamento social. Até agora, na prática, somente os bares estão proibidos de funcionar e são reprimidos pela fiscaliação.

“Somente o Lockdown pode nos salvar de um colapso funerário!”, disse Iriny Lopes nas suas redes sociais. “Quatro mil mortos por dia. Esta é a marca que provavelmente atingiremos nesta quinta-feira, em um país desgovernado e prestes a entrar no chamado “ponto de não retorno” na crise do Coronavírus. E a previsão é de dias ainda piores caso um lockdown não seja aplicado o mais rapidamente possível em rodovias, portos e aeroportos de todo o Brasil”, disse a deputada.

“As palavras não são apenas minhas, Iriny Lopes, hoje deputada estadual no Espírito Santo, mas também e principalmente do neurocientista e professor catedrático da Universidade de Duke (EUA), Miguel Nicolelis. Em sua coluna do jornal El País, Nicolelis vem alertando do colapso iminente no Brasil, agora em seu sistema funerário”, prosseguiu.

“Estamos prestes a atingir marcas de cinco mil mortes diárias, chegando às 500 mil vítimas da doença em julho. O que – de acordo com o neurocientista – forçará o país a utilizar valas comuns, como foi feito brevemente e gerou revolta em Manaus no ano passado. A prática, além de desumana e extremamente infeliz, porque nos obrigará a depositar os corpos de vítimas não em urnas, mas em sacos funerários e às dezenas ou centenas, vai acelerar o processo de contaminação do solo, do lençol freático e dos alimentos”, continuou a deputada do PT.

“Um desastre que pode nos levar a uma série de outras epidemias bacterianas gravíssimas. Preserve a sua vida e a do próximo. Fique em casa. Lockdown é a saída”, finalizou.