Desse total de autores, sete são do Espírito Santo e, entre eles, o ex-preso político e um dos fundadores do PT, Perly Cipriano; o ex-dirigente da CUT-ES, Paulo Coutinho e o advogado e também ex-preso político Francisco Celso Calmon
Onde estávamos em 1964 e onde estamos em 2024? As duas perguntas formam o eixo de reflexões do livro “60 anos do golpe, gerações em luta”, que será lançado em Vitória (ES) neste próximo 1º de abril em dois locais. O primeiro é às 10 horas na sede da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), no campus de Goibeiras. O segundo será às 19 horas na Biblioteca Pública do Espírito Santo, situada na Avenida João Batista Parra, 165, Bairro Enseada do Suá, em Vitória (ES).
Nessa mesma data haverá o lançamento simultâneo da obra literária em oiutras sete cidades brasileiras: São Paulo, às 18 horas no Teatro Ruth Escobar; Rio de Janeiro, às 18 horas no Museu da República; Brasília, às 19 horas, na Livraria da Travessa; Belo Horizonte, às 18 horas na Casa do Jornalista; Goiânia, às 20h no Auditório da Adufg; Curitiba, às 19h no Anfiteatro 100 UFPR e Passo Fundo (RS), às 18h na Livraria Delta.
Idealizador do projeto
O advogado, ativista e ex-preso político Francisco Celso Calmon idealizou o projeto em outubro do ano passado e ganhou rapidamente o apoio de diversas organizações como o Canal Pororoca e grupos como Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça e Geração 68 Sempre na Luta. O livro não apenas reflete sobre o golpe contra a democracia ocorrido há seis décadas, mas também questiona o estado atual da democracia no Brasil.
De acordo com os autores, é um projeto de memória e de História com importância que ultrapassará nossas gerações. Com 334 páginas, o livro tem uma pluralidade de autores, desde ex-combatentes do golpe e da ditadura, ex-coordenadores da Comissão Nacional da Verdade, acadêmicos, professores, cientistas sociais, escritores, poetas, representantes da periferia social, jornalistas, juristas, sindicalistas, mulheres, negros, brancos, em nível nacional.
Memória e conjuntura
Ao relatar sobre o livro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais lembra que o golpe gerou uma ditadura de profundas consequências na cultura política do país. Em 1988 começa a reconstrução institucional da democracia. Em 1º de abril de 2024, o golpe fará 60 anos. Aos autores desse livro coube reconstruir os momentos significativos dessatrajetória a partir de suas experiências.
Os textos, relata o Sindicato mineiro, são apresentados em vários gêneros literários, como prosa, poesia, poema, mosaico, entre outros. Pelo simbolismo, a meta foi o livro ser composto por 60 autores, tendo lançamentos programados para o dia 1º de abril, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Sergipe, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Além de uma contribuição à História, prossegue o relato do sindicato, a obra irá levar memória e análise da conjuntura e proposições de luta para a construção e defesa da democracia de todas e todos. A obra é analítica, com memória pessoal e/ou histórica (onde estávamos em 1964), e análise da conjuntura, prognóstico (perspectivas e expectativas) e mesmo de proposições, do onde estamos em 2024.
Posteriormente aos lançamentos, o livro seguirá como matéria prima para debate e formação política, nas universidades, escolas, sindicatos, associações, enfim, em qualquer parte, na cidade e no campo, onde puder ser acolhido. A publicação reúne textos de 60 autores que sobreviveram à ditadura militar que governou o Brasil por 21 anos, deixando um legado doloroso de mais de 600 mortos e desaparecidos.