fbpx
Início > Supremo mantém obrigação de Monsanto depositar em juízo royalties recebidos por patente de soja

Supremo mantém obrigação de Monsanto depositar em juízo royalties recebidos por patente de soja

Supremo mantém obrigação de Monsanto depositar em juízo royalties recebidos por patente de soja | Imagens: Divulgação/Monsanto e STF

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) que havia determinado à empresa Monsanto o depósito em juízo de um terço dos valores pagos por royalties da semente “Intacta RR2 PRO”, a partir do vencimento da patente, ocorrido em março de 2018. A decisão, tomada na Reclamação (RCL) 56393, ocorreu na sessão de terça-feira (12).

Na origem, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT) questionou o pagamento de royalties pela utilização do produto a partir de março de 2018, quando os títulos passaram a ser de domínio público, e pediu a restituição dos valores. O argumento é de que, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5529, o STF invalidou uma norma da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996) que permitia a renovação das patentes por mais de 20 anos.

O caso ainda está em discussão na Justiça mato-grossense, mas considerando que o pedido é plausível, o TJ-MT concedeu uma antecipação de tutela e determinou à empresa o depósito de parte dos valores como garantia da restituição, que abrange pagamentos efetuados por associações de produtores rurais da Bahia, Goiás, Piauí, Rondônia e Tocantins que ingressaram na ação posteriormente.

A Monsanto pediu a cassação da decisão do TJ-MT argumentando que o STF teria mantido os efeitos concretos da extensão das patentes que já haviam sido autorizadas. Por maioria, o colegiado seguiu o entendimento do ministro Nunes Marques (relator), no sentido de que a ressalva feita pelo STF não se aplica a patentes do setor agrícola, mas apenas a patentes relacionadas a produtos e processos farmacêuticos e a equipamentos e/ou materiais de uso em saúde.Ficou vencido o ministro Gilmar Mendes, que votou pela cassação da decisão do TJ-MT.

Por imposição legal, a Monsanto é obrigada a colocar essa advertência na página inicial de sua semente modificada para soja | Imagem: Monsanto

Empresa avisa sobre os riscos de uso do agrotóxico

Devido às normas legais em vigor, a Monsanto é obrigada a advertir que a semente de soja modificada geneticamente, com o nome comeercial “Intacta RR2 PRO” é maligna para a saúde humana e animal. “Os agrotóxicos são produtos perigosos à saúde humana e animal, e ao meio ambiente. Antes de manuseá-los, leia atentamente e siga rigorosamente as recomendações contidas no rótulo, na bula e no receituário agronômico”, diz a Monsantlo.

E prossegue: “Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita o manuseio dos agrotóxicos por menores de idade. Descarte corretamente as embalagens e os restos dos produtos. Não reutilize as embalagens vazias. Informe-se sobre a importância do manejo integrado de pragas. Consulte sempre um engenheiro agrônomo. venda sob receituário agronômico”, completa. Esse tipo de produto agrícola tem uma página exclusiva na internet.

A multinaciona cobra caro pelos royalties de uso de suas sementes modificadas geneticamente. A empresa dá o seguinte aviso: “Para os produtores que utilizarem a tecnologia Intacta RR2 PRO® sem adquirirem Sementes Certificadas, ou sem pagarem pela sua utilização no momento do uso da semente salva, o valor pelo uso na entrega dos grãos será de 7,5% sobre o volume de grãos de soja Intacta RR2 PRO® comercializado.”

Assista ao documentário, O Mundo segundo a Monsanto, produzido por TV franco-alemã e conheça as atrocidades dessa multinacional | Vídeo: YouTube

Documentário ‘O Mundo segundo a Monsanto’

O documentário “O Mundo segundo a Monsanto”, produzido pela TV franco-alemã Arte, traça a história da principal fabricante de organismos geneticamente modificados (OGM), cujos grãos de soja, milho e algodão se proliferam pelo mundo, apesar dos alertas de ambientalistas.

A diretora, a francesa Marie-Monique Robin, baseou seu filme – e um livro de mesmo título – na empresa com sede em Saint-Louis (Missouri, EUA), que, em mais de um século de existência, foi fabricante do PCB (piraleno), o agente laranja usado como herbicida na guerra do Vietnã, e de hormônios de aumento da produção de leite proibidos na Europa.

O documentário destaca os perigos do crescimento exponencial das plantações de transgênicos, que, em 2007, cobriam 100 milhões de hectares, com propriedades genéticas patenteadas em 90% pela Monsanto.

A pesquisa durou três anos e a levou aos Estados Unidos e a países como Brasil, Índia, Paraguai e México, comparando as virtudes proclamadas dos OGM com a realidade de camponeses mergulhados pelas dívidas com a multinacional, de moradores das imediações das plantações pessoas que sofrem com problemas de saúde ou de variedades originais de grãos ameaçadas pelas espécies transgênicas.

A Monsanto é repudiada pelos ecologistas e defensores da natureza e animais em todo o mundo | Imagem: Reprodução

Empresa controversa

A Monsanto, que começou nos Estados Unidlos, no início do Século XX, se notabilizou em  biotecnologia agrícola especializada em sementes transgénicas e agrotóciso, que fazem mal aos próprios trabalhadores agrícolas que manuseiam esses produtos e aos animais. Os protutos dessa empresa acaram por mudar a agricultura desenvolvida pelo agronegócio, que interessado em alta produtivade e lucros elevados, não se preocupa com os malefícios.

A Monsanto utiliza de um marketing agressivo, além de ser acusada por entidades internacionais de financiar e manipular “pesquisas científicas”, onde pesquisadores acadêmicos se rendem ao dinheiro ofertado pela empresa, para apresentar estudos que evita dizeer a verdade sobre os malefícios que os seus produtos trazem para humanos e animais.

Entre 1961 e 1971, a Monsanto forneceu Agente Laranja, resultante da combinação entre os herbicidas 2,4-D e 2, 4, 5-T, ao exército norte americano, que o utilizou para desfolhar as árvores da selva tropical do Vietnã durante a guerra. Os cerca de 80 milhões de litros deste desfolhante despejados no país pela Força Aérea dos EUA foram contaminados com dioxina, uma substância altamente tóxica e cancerígena criada como um subproduto do processo de fabrico do Agente Laranja.

Em 1993, a Monsanto conseguiu a aprovação, por parte da Food and Drug Administration (FDA), da comercialização da BST, uma substância com efeito hormonal utilizada para fazer aumentar, entre 10% a 20%, a lactação nas vacas.

Os alimentos agrícolas geneticamente modificados, os transgênicos, foram implantados pela Monsanto. O milho transgénico, por exemplo, liberta um forte inseticida que não só aniquila os insetos passíveis de destruir as colheitas como também aqueles que lhes são benéficos, e essenciais para os ecossistemas, como borboletas e abelhas.

O Roundup continua sendo vendido livremente no Brasil | Imagem: Reprodução

Roundup, o pior veneno da Monsanto

Criando sementes transgénicas que resistem unicamente a este herbicida, a Monsanto obriga os agricultores a adquirir o Roundup, tornando a sua comercialização numa verdadeira mina de ouro. Em 2011, as vendas do Roundup e de outros herbicidas representaram 27 por cento do total das vendas líquidas da Monsanto.

No documentário “O Mundo Segundo a Monsanto”, Marie-Monique Robin reproduz a peça publicitária na qual a Monsanto apresenta o Roundup, como um produto “biodegradável, (que) deixa o solo limpo e respeita o meio ambiente”. “O glifosfato é menos tóxico para os ratos do que o sal de mesa ingerido em grande quantidade” , acrescenta a Monsanto, esquecendo-se de referir que o Roundap é muito mais tóxico na sua fórmula global.

Em junho de 2018 a Monsanto foi vendida para a Bayer

No dia 7 de junho de 2018 a Bayer emitiu um comunicado para informar que havia completado “de forma bem-sucedida a aquisição da Monsanto.” As ações da empresa americana deixaram de ser negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, passando a Bayer, que tem sede na Alemanha, a ser a única proprietária da Monsanto. Os acionistas da Monsanto receberam 128 dólares por cada ação.