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Taxa básica de juros tem maior ciclo de altas em 20 anos no governo Bolsonaro. Selic vai para 9,25% a.a.

Taxa de juros básica vai para 9,25% a.a. e deve subir mais 1,5% no início de 2022 | Foto: Reprodução/internet

O governo Bolsonaro a maior elevação no ciclo de altas da taxa de juros no Brasil desde 2002, há praticamente 20 anos atrás. O Banco Central do Brasil (BC) está comunicando que na sua 243ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar em 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros, a taxa Selic, de 7,75% para 9,25% ao ano (a.a). Mas, não para por aí. Para o inicio do próximo ano já está prevista um novo aumento em mais 1,5% na taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).

A Selic foi criada em 1979, pelo BC e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima), com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos. O ciclo de alta da Selic, que elevou a taxa de juros básicos em  7,25 pontos percentuais nas últimas sete reuniões do Copom no atual governo Bolsonaro, é o maior desde o período entre outubro de 2002.

O BC justifica a elevação dos juros por um cenário externo “menos favorável”, com os bancos centrais das principais economias se retraindo devido a cautela diante da inflação, que segue já está elevada no Brasil e em boa parte do mundo. O BC ainda acrescentou que existe preocupação diante de uma nova onda da pandemia do Covid, com a nova variante ômicron.

Justificativas do BC

São as seguintes justificativas informadas pelo BC em nota à imprensa: “No cenário externo, o ambiente se tornou menos favorável. Alguns bancos centrais das principais economias expressaram claramente a necessidade de cautela frente à maior persistência da inflação, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes. Além disso, a possibilidade de nova onda da Covid-19 durante o inverno e o aparecimento da variante Ômicron adicionam incerteza quanto ao ritmo de recuperação nas economias centrais”.

 Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores divulgados desde a última reunião mostram novamente uma evolução moderadamente abaixo da esperada; A inflação ao consumidor continua elevada. A alta dos preços foi acima da esperada, tanto nos componentes mais voláteis como também nos itens associados à inflação subjacente. As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 10,2%, 5,0% e 3,5%, respectivamente; alega o Copom, de acordo com o BC.

Inflação

Nas explicações, o BC acrescentou: “No cenário básico, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,65*, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 10,2% para 2021, 4,7% para 2022 e 3,2% para 2023. Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 9,25% a.a. neste ano e para 11,75% a.a. durante 2022, terminando o ano em 11,25%, e reduz-se para 8,00% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 16,7% para 2021, 3,8% para 2022 e 5,2% para 2023. Adotam-se bandeira tarifária “escassez hídrica” em dezembro de 2021 e a hipótese de bandeira tarifária “vermelha patamar 2” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023”.

O Comitê ainda ressaltou que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico. Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país.

Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, para 9,25% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Próxima reunião

Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fabio Kanczuk, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.