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Tese de que a água existente na Terra veio do espaço é reforçada com novos estudos científicos

Imagens do meteorito Winchcombe | Foto: Divulgação

A conceituada publicação científica Science publicou na última semana um estudo que constata a existência de um meteorito com a água representando11% do peso. Teorias de cientistas garantem que a Terra, na sua formação era extremamente quente, tendo expelido o que existia de volátil, incluindo a água. Posteriormente, garantem, uma chuva de meteoritos gelados trouxe a água, que atualmente cobre 70% do planeta através dos oceanos.

Para quem desejar ler o estudo publicado na Science, no último dia 16 de novembro, pode fazer o download em inglês clicando neste link.  Mas, caso deseja baixar o estudo original completo, também em inglês e no formato PDF, é só clicar neste outro link. São 123 cientistas que assinam o documento. Eles se basearam em um meteorito que caiu às 21h 54m e 16 segundos (UT)do dia  28 de fevereiro de 2021 na cidade de Winchcombe, Gloucestershire, Reino Unido.

A localização dos detritos foi possível ser recolhida porque a “bola de fogo” foi gravada por 16 câmeras meteorológicas dedicadas, além de inúmeros vídeos e mais de mil relatos de testemunhas oculares, além de relatos de um boom sônico feito pela Organização Meteorológica Internacional (IMO.  A massa principal (319,5 g) do meteorito foi descoberta no dia seguinte na cidade de Winchcombe, em Gloucestershire. A pedra pousou em uma entrada, fraturando em uma pilha de fragmentos e deixou um pó de milimétrico de coloração escura, que foi coletada com o auxílio de luvas de borracha e selada com segurança dentro de sacos de polietileno.

A coleta ocorreu 12 horas após a queda. Outras pedras foram recuperadas na área local durante a semana seguinte pelo público e durante uma busca organizada por membros da comunidade científica planetária do Reino Unido. A maior peça intacta do meteorito Winchcombe é uma pedra de 152,0 gramas incrustada por fusão encontrada em terras agrícolas em 6 de março de 2021. No total, 531,5 gramas de material foram recuperados menos de 7 dias após a queda, quando havia neblina e orvalho no solo, mas nenhuma chuva na área.

O fragmento contém três litologias distintas (linhas brancas), onde as principais fases são filossilicatos (vermelho/verde), TCIs (verde), carbonatos (azul) e olivina (vermelho vivo) | Imagem: Divulgação

Confirma ligação com asteroides hidratados

De acordo com o estudo e diante de uma queda bem documentada, o meteorito Winchcombe confirma a ligação entre os condritos carbonáceos e os asteroides hidratados do tipo C de cinturão principal “que se pensa terem tido origem no sistema solar externo”. Isto torna o meteorito Winchcombe complementar às amostras de regolitos de asteróides devolvidas pelas missões Hayabusa2 e OSIRIS-REx, embora os cientistas entendam que corpo pai do qual ele foi ejetado provavelmente nunca tenha passado tão perto do Sol quanto os asteróides Ryugu e Bennu.

Imagem eletrônica secundária combinada e mapa EDS mostrando uma morfologia em forma de globo em C e N (laranja) dentro da matriz rica em filossilicatos (azul) de um fragmento do meteorito de Winchcombe | Foto: Divulgação

Ao chegar à Terra, os condritos carbonáceos são altamente suscetíveis a alterações no ambiente terrestre e as assinaturas extraterrestres podem ser modificadas dentro de dias (26). Entretanto, com o primeiro material recuperado em poucas horas após a queda, facilitado por esforços colaborativos de busca e comunidades científicas cidadãs, o meteorito Winchcombe é o membro menos modificado do grupo de condritos CM recuperado até o momento. O meteorito Winchcombe, portanto, oferece uma janela quase imaculada para a história geológica dos asteróides primitivos e a evolução química e dinâmica dos voláteis no sistema solar primitivo. Os condritos carbonáceos são um tipo particular de condritos. Apresentam um teor elevado de carbono (até 3%), o qual ocorre na forma de grafite, carbonatos e compostos orgânicos, incluindo aminoácidos e podem conter água e minerais alterados pela água. Os condritos carbonáceos não são expostos a altas temperaturas, pelo que se apreentam muito pouco alterados por processos térmicos.