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Ufes anuncia reinauguração do Laboratório de Anatomia nesta sexta-feira (5)


Segundo a Universidade, a medida beneficiará programa de doação de corpos


Laboratório de Anatomia que está sendo reinaugurado | Fotos: Setor de Anatomia/Ufes

Após dois anos de reformas, o Laboratório de Anatomia, localizado no campus de Maruípe da Ufes, será reinaugurado nesta sexta-feira, 5, às 10 horas, como parte da programação que celebra o aniversário de 69 anos da Ufes. Entre os benefícios proporcionados à comunidade acadêmica, as novas instalações, mais modernas, permitirão receber maior quantidade de corpos pelo Programa de Doação de Corpos Humanos, além de acondicionar os cadáveres de maneira mais organizada e eficiente.

Vinculado ao Departamento de Morfologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS), o Laboratório de Anatomia atua sob a coordenação do professor Eduardo Henrique Beber e é o local onde se realizam as atividades do Programa, uma ação extensionista da Ufes que visa esclarecer a população sobre a importância da doação de corpos para fins acadêmicos.

Após serem submetidos a técnicas de conservação, os cadáveres auxiliam estudantes e profissionais da área da saúde a adquirir ou ampliar seus conhecimentos sobre anatomia humana de forma mais efetiva do que os modelos de plásticos.

Importância da doação de corpos

Coordenador do Programa de Doação de Corpos Humanos, o professor Ricardo Eustáquio da Silva destaca que a importância da doação não está só no desenvolvimento do ensino e da pesquisa, mas, principalmente, no crescimento e no aperfeiçoamento dos estudantes.

 “É fundamental que os alunos da área de saúde aprendam a anatomia em peças reais. Isso permite uma melhor compreensão do nosso corpo, o que se converte em benefícios para toda a população, uma vez que esses profissionais conseguem ter maior conhecimento sobre o funcionamento do corpo humano”, avalia.

Desde o início das ações, em 2019, o programa recebeu seis corpos e conta, atualmente, com cerca de 50 cadastros de futuros doadores. Silva aponta que, apesar de ser um resultado gratificante, não é um número ideal, devido às diversas ações que o Departamento de Morfologia poderia realizar caso o número de doadores fosse maior. “Hoje limitamos muito a dissecção. A falta de corpos limita e até mesmo inviabiliza a realização de inúmeros projetos do Departamento”, analisa.

Atualmente, o Departamento de Morfologia atende a 11 cursos de graduação, além das turmas de pós-graduação. Em média, 800 estudantes participam das aulas de Anatomia Humana, semanalmente.

Como doar

Um corpo pode ser doado ao Laboratório de Anatomia a partir do momento em que se constata o falecimento, não havendo impedimento quanto a doenças (inclusive infecciosas ou transmissíveis), amputações, altura, peso ou idade (a doação de menores de 18 anos deve ser autorizada pelos pais). Somente corpos oriundos de morte violenta, crime ou suicídio têm a doação proibida por lei.

O doador, que é mantido em anonimato, deve preencher os formulários disponíveis no site do programa e entregar a documentação solicitada no Departamento de Morfologia, localizado no campus de Maruípe da Ufes. “Mesmo que o interessado não tenha preenchido os formulários em vida, mas em algum momento tenha comentado com sua família sobre essa vontade, os parentes mais próximos poderão realizar a doação. É só entrar em contato com a Ufes imediatamente após o falecimento que daremos todo o suporte para que a doação seja efetivada”, explica Silva, ressaltando que o programa auxilia, inclusive, no transporte do corpo.

Doadores

O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes), Wellington Pereira, pretende doar seu corpo. Embora ainda não tenha se cadastrado no site do programa, ele diz já ter comunicado o desejo tanto à família quanto a alguns professores da Universidade. “Acho fascinante a ideia de doar meu corpo preservado para estudos. Sou amante da ciência, defensor da educação pública, gratuita, laica e de qualidade”, afirma ele, que trabalhou na Ufes desde a década de 1980 até se aposentar, em 2018.

Outra doadora, a revisora da Ufes Monick Barbosa, considera interessante poder contribuir para os estudos na Universidade. “Acredito que nosso corpo é apenas uma casca. O que fica de realmente importante para os familiares é o nosso legado, que foram as nossas ações e os momentos compartilhados com quem amamos”, destaca.

Barbosa, que já preencheu os formulários disponibilizados no site e informou a decisão aos familiares, incentiva outras pessoas a realizarem a doação por entender a causa como justa: “Até depois da morte podemos continuar colaborando para a evolução da sociedade – neste caso, para a aprendizagem dos estudantes da área de saúde”. Para mais esclarecimentos sobre a doação de corpos humanos, a Ufes pede que seja feito contato com o programa pelos e-mails deptomorfo@gmail.com ou sejadoador@ufes.br.