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Ufes: Estudo identifica diferentes padrões de criminalidade em territórios da Grande Vitória

Ação policial em combate à criminalidade na Grande Vitória | Foto: Governo do Estado

Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da Ufes identificou que, na Grande Vitória, bairros periféricos têm maior ocorrência de crime contra a pessoa, enquanto bairros mais desenvolvidos possuem maior incidência de crimes contra o patrimônio. A dissertação de mestrado de Willian Carlos Gonçalves, intitulada Os múltiplos territórios da criminalidade na Região Metropolitana da Grande Vitória – ES, buscou entender os padrões da criminalidade nos territórios. Lei a íntegra do estudo, em arquivo PDF, clicando neste link.

O estudo, orientado pelo professor Carlo Nogueira, cruzou informações territoriais e dados da Secretaria do Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo (Sesp) referentes aos crimes contra a pessoa entre 2014 e 2020, e aos crimes contra o patrimônio entre 2018 e 2020. “Os crimes contra o patrimônio são furtos e roubos de veículo ou de objetos em residência ou condomínio. São considerados crimes contra a pessoa as tentativas e realizações de estupro, homicídio e lesão corporal”, esclarece Gonçalves. 

Por meio do mapeamento e da análise dos dados nos territórios, foi possível identificar os municípios e os bairros de maior ocorrência de determinado crime. O alto índice de crimes contra o patrimônio é identificado em bairros como Campo Grande (Cariacica); Laranjeiras e Região de Carapina (Serra); Centro, Jardim da Penha, Praia do Canto e Camburi (Vitória); Praia da Costa, Centro, Praia de Itapoã, Coqueiral de Itaparica e Glória (Vila Velha).

Por outro lado, apresentam altos registros de crime contra a pessoa bairros como Feu Rosa, Vila Nova de Colares, Região de Carapina e Jardim Carapina (Serra); Aparecida, Flexal ll, Nova Rosa da Penha, Castelo Branco (Cariacica); São Pedro, Ilha do Príncipe, Caratoíra e Santo Antônio (Vitória); Vale Encantado, Divino Espírito Santo, Aribiri, Santa Rita, Ataíde, Barramares e Ulisses Guimarães (Vila Velha). Veja os gráficos com as taxas de evolução dos crimes no site da Revista Universidade.

Fenômeno social

O estudo considera também os aspectos econômicos, sociais e culturais. “O crime é entendido, dentro da perspectiva usada, como fenômeno social, reiterando que todas essas reflexões vão impactar na dinâmica do crime”, afirmou Gonçalves.

Além disso, revela-se que há maior concentração de delegacias nos locais onde ocorrem crimes contra o patrimônio, diferentemente de bairros que apresentaram um alto índice de crimes contra a pessoa. “A baixa presença de delegacias onde ocorrem crimes contra a pessoa explica uma subnotificação desse tipo de delito”, ressalta Gonçalves, apontando que o número total deve ser maior do que o registrado.

Gonçalves concluiu que a Região Metropolitana da Grande Vitória apresenta um padrão de urbanização excludente e desigual, ocasionando um processo de segregação social e espacial, como fruto da dinâmica de modernização econômica. A formação de áreas periféricas são consequências desses processos, que provocaram o maior empobrecimento na região, já que os piores índices de criminalidade estão centrados nessas áreas de pobreza.

Resumo do estudo:

Num contexto urbano marcado pela desigualdade, crescem os índices de violência e tornam-se banais condutas criminosas, como os homicídios, que chocam grande parte da sociedade brasileira. Nesta pesquisa, pretendeu-se indicar uma conexão entre geografia e criminalidade dispondo como referência os dados oficiais referentes aos crimes letais intencionais e dos crimes contra o patrimônio.

Encontra-se neste trabalho uma discussão do processo de urbanização das cidades capitalistas, este processo foi experimentado pelos municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), que pode ser visto através dos diversos territórios heterogêneos da cidade e do mapeamento dos delitos. Apresentada a sucinta discussão da urbanização, buscou-se através da análise espacial, entender o padrão da distribuição espacial e temporal de determinados tipos de delitos e como esses crimes podem ser entendidos como um aspecto, uma face da violência que caracteriza o rápido processo de urbanização ostensiva das cidades da RMGV nas últimas décadas.

A geografia aparece para entender o processo de ocupação da cidade, a partir do território e contribui para explicar a maior incidência de certos tipos de crimes em determinadas áreas da cidade. As análises dos dados revelam que os locais mais distantes dos centros das cidades são as áreas onde ocorreram mais crimes contra a pessoa, e nas áreas centrais os crimes contra o patrimônio ganham destaque.