fbpx
Início > Ufes revê a extinção da literatura africana e afro-brasileira, após ser acusada de ‘racismo institucional’

Ufes revê a extinção da literatura africana e afro-brasileira, após ser acusada de ‘racismo institucional’


A troca da literatura de origem africana pela literatura francesa, segundo os alunos, foi em decorrência do falecimento da professora Jurema Oliveira, no início de outubro, o que levou aos estudantes e ao movimento Coletivo Negrada, além da deputada estadual Iriny Lopes (PT) entender que é a prática de “racismo institucional”


Segundo os alunos do curso de Letras, com o falecimento da professora Jurema Oliveira (foto, à esquerda), a Ufes quis trocar a matéria de literatura africana por literatura francesa, o que gerou o repúdio da comunidade acadêmica | Fotos: Divulgação

Após repercussão negativa na sociedade capixaba com a extinção da cadeira de Literaturas africanas e afro-brasileiras.do Departamento de Línguas e Letras (DLL) da Ufes, após a morte da professora dessa disciplina, Jurema Oliveira, no último dia 2 de outubro, a Ufes volta atrás. Em nota ao Grafitti News, a Ufes informa que o DLL fará nesta quinta-feira (17) uma reunião extraordinária “para rediscutir e avaliar a questão”. Após o falecimento da professora os alunos e o Coletivo Negrada, uma organização que reúne negros, indígenas e cotistas da Ufes garantiu que o DLL havia anunciado a extinção da cadeira e isso levou aos alunos a chamar o ato de “racismo institucional”.

“Ao invés de contratar outro professor capacitado, (de preferência negro/a) para atender as pautas da disciplina, decidiram, portanto, destinar à vaga para a disciplina de literatura francesa”, disse o coletivo em sua conta no Instagram. A deputada estadual reeleita, Iriiny Lopes (PT) também opinou sobre a troca da disciplina de Literaturas africacanas e afro-brasileiras pela literatura fracensa.

“O Departamento de Línguas e Letras da Ufes (DLL) decidiu acabar com a vaga da cadeira da disciplina de Literaturas Africanas e Afro-Brasileiras, que era ministrada pela professora Jurema de Oliveira, uma intelectual guerreira que tanto lutou para que a Lei 10639/2003, fosse respeitada. A legislação inclui na rede oficial o ensino da história e cultura afro-brasileira”, disse a parlamentar na sua página pessoal no Facebook.

O que foi perguntado a Ufes:

1) A Ufes está sendo acusada de promover racismo institucional, com a extinção da vaga para a cadeira da vaga de professor de Literaturas Africana. Como a Ufes justifica uma decisão que afronta a lei 10639/2003, que alterou o artº 26-A da Lei das Diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira?

2) Há um posicionamento oficial do reitor sobre essa questão?

3) Como ficam os alunos da professora Jurema de Oliveira, falecida no último dia 2 de outubro, diante da decisão do Departamento de Línguas e Letras da Ufes em Extinguir a vaga da disciplina de Literaturas Africana e Afro-brasileiras? Simplesmente não vão mais concluir os estudos?

4) O que motivou a decisão da Ufes, diante de um quadro onde as pessoas negras continuam sofrendo racismo no Brasil?

Resposta da Ufes através de Nota:

O Departamento de Línguas e Letras (DLL) da Ufes informa que fará uma reunião extraordinária nesta quinta-feira, 17, para rediscutir e reavaliar a questão referente à destinação da vaga que era ocupada pela professora Jurema de Oliveira, falecida em outubro, que ministrava disciplinas na área de literaturas africanas.

O (DLL) da Ufes explica que, em nenhum momento, foi votada, discutida ou proposta a extinção da área de conhecimento que abarca literaturas de língua portuguesa/literaturas africanas e que as atividades que eram realizadas pela professora Jurema serão temporariamente assumidas por outros professores da área de literaturas de língua portuguesa.