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Uma semana após vídeo de alunos cantando hinos de violência, Cariacica inaugura a 2ª escola cívico-militar


“Quando eu morrer, quero ir de FAL e de Beretta, chegar no inferno e dar um tiro na cabeça no capeta”, diz trecho da canção divulgada no vídeo gravado em Canoas (RS)


O Colégio Afonso Schawab, agora com o nome de Professor Cerqueira Lima, em Jardim América, se transforma na mais nova escola militarizada preconizada por Bolsonaro no Espírito Santo nesta quarta-feira | Foto: Reprodução: Google

A Prefeitura de Cariacica (PMC) inaugura na manhã desta quarta-feira (6) a segunda escola cívico-militar, dentro de um projeto de militarização do ensino idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), uma semana após ter surgido uma nova polêmica, com vídeo mostrando crianças e adolescentes cantando canção de ódio. Esse tipo de militarização nas escolas é repudiado por educadores, inclusive por um tipo de repressão severa na criatividade e no espírito de liderança dos jovens. A submissão às ordens, emanadas aos gritos, é a norma desse tipo de colégio.

Militares obrigam jovens a cantar hino de exaltação à violência em colégio militarizado de Canoas (RS): “Quando eu morrer, quero ir de FAL e de Beretta, chegar no inferno e dar um tiro na cabeça no capeta” | Vídeo: Coronel Marcelo Pimentel/Twitter

O vídeo mostrando jovens que estudam no Centro de Treinamento Pré-Militar de Canoas (RS) ´marchando pelas ruas da cidade com cânticos que exaltam a violência foi publicado originalmente no Twitter do coronel da reserva Marcelo Pimentel, que é um crítico da militarização de crianças e adolescentes pelo governo Bolsonaro e de prefeitos bolsonaristas. Pimentel já ocupou o posto de chefe do Estado-Maior da 7ª Região do Exército, onde se encontra Pernambuco e parte do Nordeste.

Mas, a PMC ignora e divulgou convite nas redes sociais, através da Secretaria Municipal de Educação para a inauguração da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Cívico-Militar Professor Cerqueira Lima, na Rua Santo Amaro, s/nº, em Jardim América. A inauguração exigiu uma estranha operação de troca-troca de nomes. O atual colégio bolsonarista ficava na Avenida Brasil, com o nome de Professor Cerqueira Lima, mas como a dotação orçamentária de R$ 2,4 milhões estava nesse nome e o desejo era fazer a escola militarizada na Rua Santo Amaro, o colégio que funcionava lá com o nome de Dr Afonso Schab perdeu seu nome.

Com a mudança do nome Professor Cerqueira Lima da Avenida Brasil para a Rua Santo Amato, houve necessidade de dar um nome à essa edificação. Para isso foi usado a denominação de EMEF Pautila Rodrigues Xavier. Este era o nome da escola que funcionava na Rua Amazonas, também em Jardim América, que foi fechada pela PMC e o prédio será transformado em almoxarifado da Secretaria Municipal de Educação. Em troca, a comunidade, que cobra a construção de uma creche, perdeu uma escola apenas para ter no bairro uma escola bolsonarista. A inauguração é nesta quarta-feira (6), às 9 horas.

Postagens do ex- chefe do Estado-Maior da 7ª Região do Exército, coronel Mrcelo Pimentel no Twitter

“Crianças fantasiadas de milicianos” e “juventude fascistóide”

O coronel, que não concorda com esse tipo de ensino que poda a criatividade e o espírito de liderança dos jovens e os transforma em pessoas cumpridoras de ordens sem questionamento, disse que são “crianças e jovens conduzidos por marmanjos entoando ‘canções de corrida’ dos quartéis anos 70”. Ele se revoltou com o cântico que tem a letra “quando eu morrer, quero ir de FAL e de Beretta, pra dar um tiro na cabeça do capeta”. E trechos q nem dá p/falar por aqui.

O coronel da reserva diz que esse tipo de escolas forma uma “juventude fascistóide” | Coronel Marcelo Pimentel no Twitter

“O ‘curso pré-militar’ (na camiseta preta) ensina crianças fantasiadas de milicianos a terem atitude violenta”, prosseguiu o militar na sua conta no Twitter. “Que isso sirva de alerta para o processo que venho insistentemente demonstrando: a militarização da sociedade, por intermédio da ocupação maciça de cargos políticos governamentais pelos generais e coronéis da geração que inventou essas músicas nos anos 70/80: os ‘rambos’. A proliferação das “Escolas Cívico-Militares” (ECIM) está militarizando o ensino básico no Brasil. Dentre as inúmeras críticas que se pode fazer a essa insensatez é a formação de uma juventude fascistóide”, concluiu.