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USP aprova a criação do Centro de Estudos Palestinos


Recém-criado, o novo centro lança concurso de logotipo e pretende reunir pesquisadores com estudos voltados para a história, cultura e política do território árabe


USP aprova a criação do Centro de Estudos Palestinos | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP aprovou no final de junho a criação do Centro de Estudos Palestinos (CEPal). E para compor a identidade visual do centro, está aberto um concurso de logotipo. A organização do centro é coordenada por Arlene Clemesha, professora de História Árabe do Departamento de Letras Orientais da USP, e Adma Fadul, professora livre-docente em Literatura Portuguesa da USP.

“Dentro do curso de árabe e dentro do campo de pesquisa sobre a Palestina, existe uma bagagem de iniciativas de pesquisas. A criação do centro é um reconhecimento de que os estudos palestinos atingiram uma maturidade que permite e justifica a criação desse centro. A gente não está começando do zero, existe um acúmulo de pesquisas importante sobre a Palestina na FFLCH e o centro pretende dar maior condição para esse campo de pesquisa se consolidar e se desenvolver. O crescimento desses estudos também responde aos esforços feitos em academias ao redor do mundo e pelos próprios palestinos, que têm a questão da opressão para ser resolvida ”, informa Arlene Clemesha.

Estudos palestinos

Dentre os objetivos do centro estão reunir pesquisadores das áreas de ciências humanas que tenham como tema de pesquisa os aspectos históricos, culturais, sociais e políticos da Palestina. O centro também pretende promover cursos e palestras com pesquisadores nacionais e internacionais, organizar grupos de estudos voltados para a questão palestina e articular o intercâmbio acadêmico com universidades e pesquisadores palestinos. Atualmente, o CEPal conta com o auxílio de duas monitoras do Programa Unificado de Bolsas (PUB) da USP.

“A gente estabeleceu uma relação com Institute for Palestine Studies, que é um instituto tradicional e conceituado, com os maiores acervos documentais da Palestina. Então, vamos ter uma parceria com esse instituto para o andamento de alguns projetos de publicação e acesso a materiais de pesquisa”, explica Arlene.

Além do contato acadêmico, o CEPal também pretende atuar em escolas. “Um aspecto muito importante do centro é atender demandas da sociedade. Os pesquisadores já estão acostumados a que escolas, mídias e jornais entrem em contato para pedir informações, tirar dúvidas ou até mesmo pedir palestras. Então, a gente tem a expectativa de que, por meio do centro, a gente consiga colocar os jovens pesquisadores da USP em contato com essas escolas e com essa demanda social por maior conhecimento sobre a Palestina”, comenta a coordenadora.

Com o propósito de reunir e discutir estudos no tema da Palestina, o CEPal tem a perspectiva de realizar pelo menos um mincurso por ano, com a participação de um professor palestino ou de universidades palestinas. O centro de estudos vai promover palestras regulares com pesquisadores locais e internacionais.

Questão palestina no Brasil

Na década de 1960, o Centro de Estudos Árabes (CEAr) foi fundado na USP. Desde então, a FFLCH promove palestras e cursos sobre a questão Palestina. No ano passado, sob a coordenação de Arlene, a faculdade ofereceu o curso de extensão Brazil and Palestine: sources of identification, em parceria com universidades estrangeiras. As aulas tiveram como objetivo analisar os aspectos históricos da Palestina e sua relação com o Brasil. O curso está disponível no YouTube, a seguir:

De acordo com a professora, a criação do centro indica, também, o reconhecimento do crescimento do campo de estudos sobre a Palestina. O contexto atual de conflito entre Israel e Palestina, além do conflito na Faixa de Gaza, também influenciaram na criação do CEPal.

“A Palestina representa uma questão crucial para a paz mundial. A gente tem um conflito que está transbordando, envolvendo potências mundiais. A USP e o Brasil precisam ter o que dizer e como se posicionar sobre isso. A posição que o Brasil tiver vai dizer muito da posição do nosso País no mundo. Com o transbordamento do conflito, a percepção da importância desse campo de estudos cresceu muito”, destaca.

Em março deste ano, a FFLCH participou de uma moção em defesa da Palestina, junto de outras faculdades e universidades brasileiras. A mobilização reuniu docentes de dezenas de universidades, que criaram a Rede Nacional de Solidariedade ao Povo Palestino. O grupo divulgou, ainda, um manifesto no qual convocam professores a organizarem debates e defendem a necessidade de garantir ao povo palestino e suas lideranças o exercício do seu direito à libertação nacional e plena soberania.

Texto: Comunicação ;USP