Passageiros reclamam da superlotação, passagem cara, filas intermináveis nos Terminais do Trascol, calor dentro dos ônibus, inclusive os sem janelas e com ar condicionado ineficiente
Mesmo em um ano eleitoral, quando os políticos se transformam em “anjos” protetores da população apenas para se manter na carreira política, os usuários do sistema de ônibus de transporte coletivo da região metropolitana de Vitória (ES), o Transcol, continuam reclamando do serviço caro, ineficiente e de péssima qualidade. Com aprovação da Ceturb, empresa pública quer atua como se fosse o sindicato patronal dos empresários de ônibus, quantidade de veículos em circulação é menor do que a demanda. Tudo para garantir uma elevada lucratividade.
As empresas, que com o apoio da Companhia Estadual de Transportes Coletivos do Espírito Santo (Ceturb), retiraram os trocadores de ônibus, para diminuir as despesas e elevar a rentabilidade, mantém uma frota ineficiente, o que acarreta a circulação de ônibus superlotados. O problema se agrava no horário de pico. Por volta das 17h30, já no início do horário do rush nesta última quarta-feira (27), um ônibus articulado da linha Carapina-Jardim América ficou parado na frente da Agência Central dos Correios, na Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro Histórico de Vitória, por mais de 10 minutos. Isso porque, mesmo sendo um ônibus duplo, não havia mais espaço e dezenas de passageiros queriam entrar.
Apenas dois ônibus na linha circular entre Centro de Vitória e Itaparica
No mesmo horário, já na linha circular do Transcol de número 558, que liga o Centro Histórico de Vitória ao Terminal de Itaparica, os passageiros reclamavam da superlotação. Era o caso do radialista Detamar Coutinho, o Marzinho Locutor, que fez um vídeo para registar a situação de descaso que o Governo do Estado, através da sua Ceturb, vem deixando aos usuários. Nessa oportunidade ele ouviu a passageira Sandra Moreira, 48 anos, moradora de Itaparica, que confirmou a insatisfação. Do Centro de Vitória à Vila Velha o transporte público sempre foi demorado e com superlotação.
Outro problema denunciado pelos passageiros é a precipitação do governador Renato Casagrande (PSB) em acabar com a exigência de uso de máscaras, principalmente dentro de um veículo fechado, estreito e superlotado. “Ainda estamos em uma pandemia”, lembram. O valor de R$ 4,20 por passagem que cobrado pelo suplício é considerado como extremamente caro. Uma passagem de ida e volta custa R$ 8,40. Sem os trocadores no interior dos coletivos, o usuário é obrigado a procurar um posto que revenda online os créditos. Caso contrário, fica impedido de usar o Transcol, mesmo tendo dinheiro no bolso. A retirada dos trocadores ajudou aumentar ainda mais a lucratividade dos empresários.
A vendedora ambulante Luísa Magalhães, que mora em São Marcos, próximo a Serra-sede, reclamou que a quantidade de pessoas no interior do Terminal de Laranjeiras, entre o final da tarde e início da noite, é imensa. Ela disse que são poucos ônibus e todos ficam superlotados. A reclamação é acrescida com os ônibus sem janelas e com ar condicionado, já que o sistema de refrigeração não dá conta e o veículo fica abafado e com o ar rarefeito há dificuldade de respirar. Já o estudante Antônio Ferreira Júnior, morador de Jardim Camburi, reclamou da demora e da superlotação dos ônibus no horário de pico, além de informações erradas dadas pelo aplicativo ÔnibusGV. Segundo ele, nem sempre é fornecido informação sobre os veículos superlotados.
Usuários garantem que vão lembrar da insatisfação na hora de votar
Nem todos reclamam formalmente da péssima qualidade do serviço do Transcol à Ceturb. Mas, apenas entre os que formalizaram as queixas, a companhia registrou no ano passado mais de sete mil reclamações. Nada de concreto foi feito. A superlotação continua normalmente, mesmo faltando 158 dias para a realização do primeiro turno das eleições deste ano. Passageiros garantem que a insatisfação com o serviço de má qualidade no Transcol será lembrada na hora da escolha do candidato à governador do Estado.
Mesmo tendo ciência do teor das reclamações e não tomar providências, a Ceturb disse que os usuários do sistema Transcol podem fazer reclamações através do número 0800-039-1517 (apenas de telefone fixo) ou (27) 3232-4500 (de celular ou fixo) de segunda-feira à sábado, no horário de 7 às 22 horas. Ainda cita que pode ser utilizado o Fale Conosco (www.ceturb.es.gov.br) e a Ouvidoria da Ceturb (ouvidoria@ceturb.es.gov.br). Apenas não foi informado se a reclamação adianta para alguma solução concreta.