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Vaga do TCU movimenta evangélicos, que querem ocupar cargo por razões religiosas e não por competência

A vaga será aberta em julho de 2022 no TCU com a aposentadoria compulsória da ministra Ana Arraes, que completará 75 anos. Essa indicação cabe aos deputados federais. O TCU não exige concurso público e oferece cargo vitalício com salário dezenas de vezes acima do que recebe o contribuinte, que é quem paga os vencimentos. Umbandistas, católicos, islâmicos, budistas, entre outros, estão fora do páreo

O deputado evangélico interessado no cargo no TCU ouve orientações de Bolsonaro | Foto: Redes sociais

Centro e trinta e um anos após o primeiro presidente republicano do Brasil, Manoel Deodoro da Fonseca (1889 a 1891),.o marechal Deodoro, ter assinado o Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, que  transformou o Brasil em um Estado Laico, ainda há interessados em obter cargos públicos com elevada remuneração sob a alegação de que é evangélico. Os frequentadores de terreiro de umbanda, católicos, budistas, islâmicos, entre outras religiões e até ateus, estão alijados da disputa por que a gula dos evangélicos por cargo público é maior. Essa anomalia, onde a competência profissional para o cargo é ignorada, está ocorrendo no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Logo no artigo primeiro do decreto, o marechal Deodoro estabeleceu: “E’ prohibido á autoridade federal, assim como á dos Estados federados, expedir leis, regulamentos, ou actos administrativos, estabelecendo alguma religião, ou vedando-a, e crear differenças entre os habitantes do paiz, ou nos serviços sustentados á custa do orçamento, por motivo de crenças, ou opiniões philosophicas ou religiosas!, diz o documento original com a grafia da época.

O decreto do marechal Deodoro transformando o Brasil em nação laica, perdeu sentido no governo Bolsonaro | Reprodução: Documento

Competência para o cargo não importa

Mas, após o ex-presidente da Advocacia-Geral da União (AGU) ter sido indicado por Bolsonaro para o ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal |(STF) apenas por ser “terrivelmente evangélico’,. Agora é outro evangélico que se movimenta para ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Trata-se do deputado bolsonarista Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), que vem alinhavando apoios de parlamentares de direita e até da esquerda. A competência para ocupar o cargo não está em jogo.

O bolsonarista Jhonatan, já é o candidato favorito da Frente Parlamentar Evangélica para ocupar a vaga aberta no TCU. E há uma espécie de reserva de mercado, onde quem não comunga essa mesma corrente religiosa está fora. Um indicativo de que um espírita estaria fora apenas por ser de uma corrente religiosa, independente se é mais competente profissionalmente do que um evangélico.

Discurso da candidato

O membro da corrente ideológica evangélica já tem um discurso de candidato à vaga do TCU: “Falam da minha idade [38 anos], de ser evangélico, de ser de um partido de direita, mas não falam da questão administrativa. Outro dia publicaram uma matéria ‘um evangélico no TCU’. Ser evangélico no TCU é crime? Não sou pastor, sou evangélico, sou cristão. Questionam isso por causa do ministro André Mendonça no STF?”, diz o bolsonarista.

 Ele ainda diz: “Nós evangélicos não somos diferentes. O culto que a gente vai, em relação aos católicos, só tem o dogma de diferença. Temos de separar isso para falar de um cargo público”, ressalta. “Estou falando de contas públicas, algo que não se compara ao STF. Sou evangélico, defendo a bancada evangélica e a ideologia cristã, não tenho vedação alguma. Mas meu trabalho será auxiliar o Parlamento e os municípios”.

Os pastores evangélicos de extrema-direita com assento no parlamento já anunciaram o apoio para a conquista do cargo no TCU pelo “irmão”, como o pastor Silas Câmara (Republicanos-AM), Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Cezinha De Madureira (PSD-SP), sendo este último o líder da bancada evangélica.