Diante da decepção com a Black Friday 2022, aguarda-se para este ano um Natal com vendas menores do que as verificadas no ano passado.
O descontrole do governo de Jair Bolsonaro (PL), que contribuiu para o empobrecimento da população brasileira, foi constatado nas vendas comerciais da semana Black Friday 2022, que apontou queda de 30% na quantidade de produtos comercializados, em relação à mesma data comercial do ano passado. A constatação é da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
A maior retração nos volumes ocorreu nas vendas de aparelhos de ar-condicionado (30%) e da linha branca – geladeiras, fogões e lavadoras (25%). Nos eletroportáteis e na linha de áudio e vídeo, a retração foi menor, ficando respectivamente entre 10% e 12%. “Tivemos queda no volume e um pseudo crescimento de faturamento, estamos muito preocupados”, afirma o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento.
Ele disse que a sua maior preocupação é com o início do ano que vem. Em períodos normais, depois da Black Friday as lojas começam a fazer os pedidos para janeiro, pois geralmente negociam um único pacote de mercadorias para a promoção de novembro e o Natal. Neste ano, no entanto, como o varejo ficou estocado devido à frustração nas vendas, os pedidos para janeiro estão baixos ou nem estão sendo feitos.
Queda real nas vendas
O setor industrial trabalhou com a expectativa de obter um crescimento de 5% no faturamento com a Black Friday 2022, em relação as vendas do mesmo período do ano passado e já descontada a inflação anual. Mas, a decepção foi de que diante de uma inflação anual acima de 10%, o aumento nominal da comercialização neste ano entre 7% e 9%, provocou uma queda real no faturamento entre 3% e 1%.
O empresário não responsabilizou aos desmandos da economia, promovidos pelo derrotado Bolsonaro. Ele preferiu atribuir o fraco desempenho da Black Friday 2022 à “insegurança do consumidor para comprar bens duráveis, à concorrência com outras despesas, como os gastos com serviços, em razão da reabertura da economia, e sobretudo à inflação.” Apenas neste ano, os preços dos eletroeletrônicos foram reajustados entre 12% e 15% na ponta neste ano, enquanto que os salários estão sem reajuste desde o início deste ano.
A explicação do presidente da Eletros para os aumentos de preços está em uma “forte alta de custos”. E apontou os aumentos dos custos de commodities, destacando que o aço subiu 90% e o plástico, 50%. O preço do frete marítimo de um contêiner, que era de US$ 1 mil, hoje está em US$ 15 mil, depois de ter atingido US$ 30 mil ao longo do ano. Ele ainda apontou os aumentos concedidos pelo governo Bolsonaro para as concessionárias de energia elétrica, além da desvalorização do real frente ao dólar americano, dizendo que boa parte dos insumos é importada. “Seguramos 85% dos aumentos”, alegou.
Na lona
Frente a queda nas vendas, confirmadas nesta recente Black Friday 2022, o empresário disse que o setor industrial se encontra no limite e que já pediu uma audiência com ao ministro do governo Bolsoonaro para a Economia, Paulo Guedes. O intuito é expor ao atual ocupante do Ministério da Economia a atual situação e pedir que o governo, que resta apenas um mês de controle do País, para aliviar os custos dos fabricantes. “Queremos construir com o governo uma agenda positiva com custo menor.”
Entre as propostas que pretende apresentar à Guedes, está a redução das tarifas de importação de aço, de energia elétrica e até mesmo pedir um controle da variação cambial. Além disso, a Eletros está se preparando para se avistar com as indústrias do setor siderúrgico nacional, além de outros fornecedores, para pleitear uma redução nos seus produtos. E com isso obter uma redução de custos.