A invasão do balneário de Vitória (ES), que segundo o vereador é chamada pela população afetada de “loteamento” da areia da praia, segundo o vereador Dalto Neves (PDT) é inadmissível
“A praia de Camburi foi invadira por empresários, que se acham dono da praia. E vou dar um depoimento do que aconteceu comigo. Nestes dias eu fui passar na praia, fui levar o meu filho no mar. Essas empresas estão faturando tanto dinheiro, tanto dinheiro e não pagam imposto nenhum que elas até contratam segurança agora para vigiar o território que eles marcam ali e dizem que é deles. Quando eu fui passar, o segurança falou8: ‘não, aqui você não pode passar’. Eu só não dei umas bolachas naquele segurança porque eu estava com meu filho de sete anos”.
Este depoimento é do vereador Dalto Neves (PDT) e foi feito no Plenário da Câmara de Vereadores de Vitória (CMV) nesta semana. “Parece brincadeira, mas é inadmissível. A Capital do Estado do Espírito Santo permitir que uma situação dessa aconteça. Deixar uma praia, o cartão postal da cidade, ser invadido. Peço atenção do Poder Executivo e os vereadores. Vamos cobrar mais. Afinal de contas, estamos aqui para representar o povo. O povo está me cobrando isso”, completou o vereador do PDT.
Perseguição da fiscalização de Pazolini aos ambulantes
Antes de denunciar a invasão da Praia de Camburi, o mesmo parlamentar municipal falou sobre a perseguição da atual administração municipal aos ambulantes que trabalham naquele balneário, e em especial os que comercializam água de coco estão sendo perseguidos pela fiscalização do atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Para os que vendem água de coco, a PMV queria reduzir o espaço das barraquinhas para o tamanho de um metro quadrado, o que segundo esses pequenos comerciantes inviabiliza o negócio, além de impedir que contrate funcionários.
A concessão dos quiosques é administrada pela Companhia de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação de Vitória (CDTIV), que está nas mãos do bolsinartista Evandro Figueiredo, nomeado para a presidência da CDTIV pelo atual prefeito. A CDTIV é responsável pela entrega dos quiosques da Praia de Camburi, da Curva da Jurema e os boxes do Mercado da Vila Rubim.
Curva da Jurema foi a primeira a ser “privatizada”
A praia da Curva da Jurema foi a primeira a receber denúncia de um processo de elitização e de exclusão de pessoas pobres, através do “loteamento” da área da praia para a instalação de quiosques com preços abusivos. Estes comerciantes da Curva da Jurema cercaram, com cordas de atracação de navio, parte da areia para criar um espaço privatizado. Os preços são abusivos e para entrar é necessário pagar uma consumação mínima acima de R$ 100,00. O Procon municipal ignora o crime contra o Código de Defesa e de Proteção ao Consumidor.
Essa medida já tem ação em tramitação na Justiça, protocolada pela Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES). Além do crime contra o consumidor, logo na entrada na praia da Curva da Jurema há um “aviso” dizendo que é proibido entrar com caixa de isopor contendo bebidas. A medida, sob a proteção da gestão Pazolini, visa obrigar o consumo nos bares ilegais instalados na areia da praia, com preço abusivo. Ainda há proibição de uso de aparelho sonoro. Antes da gestão de Pazolini, a Curva da Jurema era um balneário da preferência das pessoas com baixa renda e moradores da periferia.
PMV deu carta branca para concessionário buscar parceiros
No dia 3 de julho de 2018, ainda na gestão do ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania), a Comissão de Licitação da então Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória (CDV), atual CDTIV, anunciou o resultado da licitação para a empresa que ganhou a concessão de 14 quiosques da Praia de Camburi. A vencedora foi a empresa Eco Eventos Ltda, de propriedade do empresário Raimjundo Nonato.Com a autonomia, os concessionários se associam a grandes empresas do ramo e adotam uma política agressiva e lesiva aos interesses dos moradores de Vitória e dos turistas.
A empresa teve a concessão estipulada pelo prazo inicial de dois anos e prorrogado por mais 10 anos. O valor do aluguel foi uma “pechinha”. O valor mensal pelo uso do imóvel construído pela Prefeitura de Vitória (PMV) para os 14 quiosques foi, em julho de 2018, de R$ 31.949,37, que, corrigido pelo INPC, traz um valor atual de R$ 39.757,88. Com essa quantia paga todo o mês, cada quiosque na praia mais importante da Capital capixaba tem um aluguel mensal de R$ 2.839,84.
Na ocasião, a PMV emitiu release à imprensa contendo uma entrevista com Raimundo Nonato. “Estamos planejando ações nos quiosques da orla em etapas distintas. Inicialmente, haverá poucas alterações nos quiosques de 1 a 7 da praia, e faremos contratos de curto prazo com os empresários que atuam em Jardim Camburi”, disse naquela oportunidade o proprietário da Ecos Eventos, Raimundo Nonato.
Ainda de acordo com Raimundo, ele pretendia realizar obras de melhorias dos quiosques visando atrair parceiros. “Nossa intenção é incrementar a parte gastronômica de todas as unidades, principalmente nos equipamentos localizados em Jardim Camburi”, acentuou em julho de 2018. “Fizemos vários estudos e optamos por essa modalidade, na qual a empresa vencedora buscará parceiros para atuar nos pontos, mas será ela a responsável pela administração dos quiosques e prestar contas à prefeitura. Isso vai facilitar a fiscalização da prestação do serviço”, completou o ex-presidente da antiga CDV e atual CDTIV, Leonardo Krohling.