Para que a elite econômica da capital, que mora na Ilha do Frade, não seja incomodada com a presença de pobres na entrada do bairro, onde se localizava a outrora praia popular Curva da Jurema, o vereador bolsonarista Leandro Piquet de Azeredo Bastos, que se autodenomina delegado Piquet (Republicanos), está atuando no projeto do atual prefeito bolsonarista de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) de elitização daquela orla. A praia já não é mais a mesma, desde que os bolsonarista tomaram conta da Prefeitura e da Câmara.
Há vários cercadinhos, semelhante aquele em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) usa para entrar em contado com seus apoiadores em Brasília. Os quiosques, que eram populares, agora são elitizados e sofisticados, tendo até boutique com roupas de grife. Uma coisa impossível de se imaginar em uma praia que antes da atual gestão conservadora, pudesse existir em uma praia que era popular. Levar isopor com cerveja? Nem pensar, os bolsonarista reprimem. Levar uma caixinha de som para ouvir pagode com os amigos? Jamais. Agora é proibido. A seguir leia a íntegra do pedido formulado pelo vereador e delegado Piquet ao prefeito Pazolini, em arquivo PDF:
Processo-1257_2022-P.-de-Indicacao-885_2022Para embasar o seu pedido, o vereador bolsonarista escreveu como justificativa o seguinte: “Há fotos e inúmeros relatos de moradores, inclusive noticiado em jornal de grande circulação, que usuários das praias e ambulantes vem estacionando em locais proibidos, usando entorpecentes, praticando sexo e intimidando moradores na região. Por isso, solicita-se apoio da guarda municipal e fiscais de posturas para coibir tais práticas”. No processo ainda consta um texto de uma colunista social de uma rede de comunicação bolsonarista, de que “há fotos chocantes do engarrafamento na Ilha do Frade”.
Cheiro de pobre
A colunista bolsonarista, cujo texto está anexado ao pedido que o vereador fez ao prefeito, ainda diz no seu texto que “os moradores chegam a ficar constrangidos ao chegarem em casa e verem carros e motos parados em lugares proibidos, fora o estado de imundice e mal cheiro que fica na areia no final do dia”. A colunista da burguesia fecha seu texto dizendo que “a cada ano o verão tem sido pior, conta uma moradora (da Ilha do Frade) ”. Para evitar cheiro de pobre na entrada da ilha dos ricos, o vereador bolsonarista entrou em ação.
Além de tentar evitar pobres atuando como vendedor ambulante, a tática do atual governo bolsonarista no município é espantar os menos favorecidos da orla da Curva da Jurema. Com proibição de levar caixa de isopor com cerveja e refrigerante, é obrigado desejar consumir nos quiosques grã-finos, mas a extorsão praticada pelos comerciantes no local inviabiliza comprar. Uma latinha de cerveja é vendida até por R$ 16,00 no quiosque, enquanto em um supermercado pode ser comprada por R$ 3,00.
A elitização da Curva da Jurema tem mais ingredientes bolsonaristas. A praia foi literalmente loteada e ao redor dos quiosques, com espaços reservados a clientela vip, com cordas marítimas fazendo o cercado. Para consumir ao lado da área vip, tem que ter consumação pagando os preços exorbitantes de uma consumação mínima de R$ 100,00. Para entrar na área vip , ” o cercadinho” dentro do cercado, a consumação dobra e o cliente tem que desembolsar R$ 200,00.
Ambulantes vendendo picolé ou anunciando refrigerante, cerveja ou protetor solar? Esqueça, agora é proibido. Não pode ter gente pobre ou desdentada, para não incomodar os ricos que vão e vem de suas mansões na Ilha do Frade. Diante das reclamações, de forma servil a quem tem conta bancária elevada, o delegado Piquet protocolou nesta última quarta-feira (2) o Pedido de Indicação 885/2022, que compreende o processo 1.257/2022 para pedir ao seu correligionário do Republicanos, partido criado sob as bênçãos do empresário Edir Macedo, da Igreja Universal, “para que proceda a fiscalização das praias e locais de acesso as praias em toda a Ilha do Frade, principalmente nos finais de semana e feriados”.
Salário mensal de R$ 27.504,04
O desemprego recorde que o governo Bolsonaro deixou o Brasil e milhões de brasileiros passando fome e tendo que se virar através da venda de picolé, refrigerante, cerveja ou protetor solar não importa. O que importa é não ter gente malvestida e feia na praia e incomodar os que tem conta bancária elevada. Afinal, dinheiro não é problema para o vereador, que é o líder de Pazolini na Câmara. Ele tem um salário bruto mensal de R$ 27.504,04. O valor é a soma da remuneração de vereador de Vitória de R$ 8.966,25 mais o salário de Delegado de Polícia PC-DP de R$ 18.537,79. Os valores estão disponíveis para quem quiser conferir nos portais da Transparência do Governo do Estado e da Câmara de Vitória.
Os valores do Estado ainda incluem o recebimento de R$ 300,00 para auxílio refeição e R$ 1.319,88 de gratificação de serviço extra, valor esse que supera um salário mínimo. Mas, segundo o que denuncia o próprio portal da Transparência do Governo estadual, nos últimos cinco anos, Piquet teve 280 dias de licença, o que permitiu não ir ao trabalho e receber. Foram quatro licenças médicas, uma licença médica em pessoa da família e uma outra licença para atividade política. Em nove anos teve 11 faltas justificada que totalizaram 37 dias longe do serviço. Dessas, nove foram para interesse pessoal, uma ausência para casamento e outra de paternidade.