por Francisco Celso Calmon
A candidatura à vice-presidência nestas eleições, talvez mais do que nas anteriores, está valendo muito, exigindo inteligência para não errar na estratégia.
Penso que para uns candidatos com menores chances de vitória, o critério maior é o de ampliar a aceitação e/ou minorar a rejeição, já para os candidatos com maiores chances, o critério maior é agregar para a governabilidade uma vez eleito.
Lula se insere aí. É o candidato com chances disparadas, segundo todas as pesquisas, a ser eleito, até mesmo no primeiro turno, resultado que traria tranquilidade à nação, que vive há três anos sob tensão permanente.
O candidato a vice de Lula não aumentaria tanto as suas possibilidades de vitória, mas poderia acrescentar no depois, na governabilidade, portanto, o vice do Lula deve ter potencialmente uma base parlamentar expressiva, por força do partido que representa e/ou por sua própria liderança.
A história já demonstrou que não há vice que acalme o tal mercado e nem as forças retrógradas do nosso país. O governo Dilma é o mais recente exemplo. Assim como em priscas eras o vice assustava as elites reacionárias, mas tinha votos, como foi o caso de João Goulart.
Nos pós ditadura tivemos três vices assumindo a presidência: Sarney, Itamar e Temer. Todos os três deram uma enviesada em relação ao titular; Sarney por suposição.
Um vice ideologicamente oposto ao titular é sempre um risco. As vezes não tanto pelo seu caráter, mas pelas vivandeiras dos golpes, que são poderosas na pressão e na chantagem.
Lula não é Dilma, tem bagagem política e habilidades para evitar que o vice seja uma sombra desestabilizadora do governo, entretanto, dependendo do programa de governo a ser concretizado, pode, sim, trazer instabilidade.
A frente política da candidatura do Lula com o vice já escolhido, deveria tornar público o programa e o compromisso dos partidos e dos respectivos candidatos, titular e suplente, de forma que a força do caráter e da honestidade, bem como o testemunho público, possam valer durante a gestão.
Já a eufemística terceira via parece que está cumprindo uma estratégia: usar o Moro como bucha de canhão, desgastar o Bolsonaro com o Moro e vice-versa, avaliar o grau de aceitação e rejeição dele, e afunilar para uma composição com ele na vice, resta saber com quem?
Quando do lançamento de sua candidatura avaliamos que o juiz ladrão não teria fôlego para a titularidade presidencial, não só pelo currículo de falcatruas e prejuízos ao país com o lavajatismo, como outrossim por não ser da área, não ser do ramo, não tem a mínima competência para enfrentar o Lula num debate; administrar o país, então, inimaginável a tragédia que seria.
Em meu artigo, Dois Pontos, neste jornal, em 23 de novembro, sublinhei quanto ao delinquente ex-juiz: O rabo de imoralidade e fraudes do Moro é tão cumprido, que duvido se irá aventurar a ser cabeça de chapa, talvez, para uma vice. Se aventurar encontrará pela frente um gigante, um estadista, Lula, que o fará voltar a ter a voz de marreco e tremedeiras próprias dos covardes, mesmo quando adestrados nos EUA.
Contudo, a força da Globo, que já o assumiu como seu candidato, pelo menos por ora, pode levá-lo mais adiante.
O MDB é uma federação condominial de caciques regionais, sendo por isso mesmo de difícil unidade quando se trata de uma candidatura majoritária à presidência da nação (a significativa ilustração foi a traição a Ulisses Guimarães), por que os interesses regionais se sobrepõem e alianças são feitas em detrimento da unidade nacional, já como vice, a situação muda.
Sendo coerente à sua história, o MDB irá oferecer a sua pré-candidata à presidência, senadora Simone Tebet, única mulher até então lançada, para compor como vice numa chapa com potencial de vitória, pois o MDB sempre joga para ganhar parcela do poder.
O jogo para valer foi iniciado e a dinâmica está acelerada. O jogo é jogado!
Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça