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Vigilantes da Ufes agridem e quebram óculos de estudante na porta do RU


“Ninguém pula a roleta porque quer, o que vêm acontecendo é sintoma da insuficiência da assistência estudantil, preço alto da refeição e falta de reajuste dos auxílios”, diz o DCE-Ufes em nota pelas redes sociais


Na Ufes, estudante serviço social é agredido por seguranças e, na violência, tem óculos quebrado | Fotos e vídeos: Instragram

Impulsionados por 27 deputados estaduais armamentistas, que aprovaram o projeto de lei 60/2022, onde é dada autorização para que qualquer vigilante ande armado pelas ruas, agentes de segurança da Ufes agrediram estudantes universitários dentro do campus de Goiabeiras nesta última segunda-feira (25). Nesta última noite, houve uma manifestação na frente do restaurante universitário (RU) para protestar contra agressão feita por um segurança da universidade contra um estudante de Serviço Social, que teve seus óculos quebrados. Após andarem armados pelas ruas, a expectativa é que a violência promovida por vigilantes aumente ainda mais.

Para a violência dos seguranças ficar ainda maior, depende apenas de o governador Renato Casagrande (PSB) assinar a lei 188/2022, proposta por um deputado bolsonarista e que contou com votos dos deputados estaduais Sergio Majeski (PSB) e Fabricio Gandini (Cidadania), que se aliaram aos armamentistas bolsonaristas e votaram a favor. Apenas a deputada Iriny Lopes (PT) votou contra a permissão de dar porte de arma para vigilantes, cuja categoria tem histórico de violência contra o cidadão.

“Ufes demora para pagar auxílio a assistidos e eles pulam roleta do RU”

A agressão ocorreu na entrada do RU de Goiabeiras por volta de 11h30, quando alguns estudantes pulavam a roleta de acesso ao interior do restaurante. Segundo denúncias feitas por estudantes na conta oficial da Ufes no Instagram (@ufesoficial), o problema da “rolatagem” (pular a roleta) decorre do atraso da universidade em fazer o pagamento do auxílio para estudantes assistidos, que sem dinheiro, não veem outra alternativa, que não seja passar por cima da roleta.

“Que universidade é essa? Demora mais de 4 meses para pagar o auxílio para os estudantes assistidos, e quando esses estudantes (sem o auxílio pago) querem comer, e precisam roletar para isso, a Universidade mostra mais uma vez que aqui eles não querem pobre”, disse uma estudante no perfil oficial da Ufes no Instagram. Outro estudante complementou: “Colocaram seguranças na porta do RU, para os estudantes que roletam não comeram!!!! Um estudante do Serviço Social até agredido foi pelo segurança”.

O Diretório Central dos Estudantes da Ufes (DCE-Ufes) se pronunciou através de sua conta no Instagram: “O Diretório Central dos Estudantes repudia veementemente as agressões sofridas pelos estudantes na hora do almoço. Vergonha o que aconteceu no RU de Goiabeiras. Agentes que deveriam garantir a segurança do patrimônio agredindo e quebrando óculos de um estudante. Ninguém pula a roleta porque quer, o que vêm acontecendo é sintoma da insuficiência da assistência estudantil, preço alto da refeição e falta de reajuste dos auxílios”.

“Dito isso, exigimos mais respeito aos alunos da universidade, mais discussões que abordem melhorias nas políticas de permanência e assistência estudantil e o afastamento dos seguranças envolvido no ocorrido”, complementou. Foi diante desse clima de insatisfação, que um grupo de estudantes promoveu uma manifestação contra a violência dos seguranças da Ufes, na hora do jantar dessa segunda-feira.

Outro lado

Sem se referir ao atraso no pagamento do auxílio, que segundo os estudantes está atrasado em quatro meses, a universidade emitiu uma nota sobre a agressão. O custo da bandeja de alimentos é de R$ 5,00, valor esse bem próximo do que os restaurantes da Grande Vitória cobram por um prato feito. Na nota a Ufes diz que abriu um processo de diálogo com os estudantes, “para compreender os fatos ocorridos”.

“No processo de diálogo já iniciado está sendo planejada uma reunião para melhor compreensão dos fatos. Sobre as denúncias de agressões por parte da Vigilância Patrimonial da Ufes, que estava presente para ajudar a organizar o acesso ao salão de refeições, a Administração Central, após apuração dos fatos, terá condições de se manifestar”, diz outro trecho da nota da Ufes.