Ao final da solenidade, o povo Terena fez uma apresentação da Dança da Ema
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta última quarta-feira (11), em Brasília, da cerimônia de posses das ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. É a primeira vez na história brasileira que os habitantes originais do Brasil serão representados dentro do Governo federal através do Ministério dos Povos Indígenas, que ainda integrará a Fundação Nacional dos Povos Indígenas. (Funai). Durante a cerimônia, Guajajara anunciou que a Funai será presidida pela primeira deputada federal indígena, Joenia Wapichana (Rede).
A ministra Sônia Guajajara, eleita deputada federal pelo PSOL de São Paulo nas últimas eleições, é reconhecida internacionalmente como ativista e líder indígena na luta pela promoção e direitos dos povos originários. Durante a cerimônia, Guajajara recriou o Conselho de Política Indigenista, falou sobre a importância da demarcação de terras dos povos indígenas, da relevância da resistência e relembrou sobre os séculos de violência e violações contra os povos indígenas e o uso da Terra.
A ministra dos Povos Indígenas agradeceu a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff, de todos presentes, e parabenizou o presidente Lula pela coragem de criar o ministério. “Eu lhe parabenizo pela coragem e ousadia de reconhecer a força e o papel dos povos indígenas em um momento que é tão importante o reconhecimento do papel dos povos indígenas na defesa do meio ambiente com as mudanças climáticas, povos esses que resistem há mais de 500 anos a diários ataques e violentos, tão chocantes e aterrorizantes como vimos neste último em Brasília, porém sempre invisibilizados. Estamos aqui de pé para mostrar que não iremos nos render. O Brasil do futuro precisa dos povos indígenas”.
Guajajara também destacou as posses dela e de Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, como o “mais legítimo símbolo da resistência secular preta e indígena do Brasil”. “E estamos aqui hoje, nesse ato de coragem, para mostrar que destruir a estrutura dos Três Poderes não vai destruir a nossa democracia! Eu e Anielle Franco convocamos todas as mulheres do Brasil que nunca mais vamos permitir outro golpe no nosso país.”
Anielle Franco: “Travessia do luto à luta”
Anielle Franco iniciou seu discurso em agradecimento à família, a quem veio antes dela e às mulheres negras que seguraram a sua minha mão e nunca mais a soltaram desde 14 de março de 2018, dia em que a irmã vereadora Marielle Franco foi assassinada. Agradeceu ainda a todas as pessoas que fizeram da “travessia do luto à luta”.
“Desde o dia que tiraram a Marielle da minha vida e da sociedade brasileira, passamos a multiplicar o legado e a regar a semente da minha irmã com a criação do Instituto Marielle Franco. Os dias têm sido difíceis desde o golpe e em especial em 2018. Em meio a uma política de morte, nossa resposta foi a luta pela vida. Luta essa que nos trouxe quando finalmente o povo brasileiro subiu a rampa desse Palácio em um gesto marcante, que emocionou o mundo inteiro. Lula mostrou que o caminho para o Brasil do Futuro será liderado por aqueles e aquelas que resistem”.