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YouTube dá “balão” de uma semana à Bolsonaro e retira Fake News de que vacina gera HIV

O novo ataque à vacina contra Covid-19 por Bolsonaro provocou ampla reação em todo o Brasil | Imagem: Reprodução

No início desta última noite de segunda-feira (25), o YouTube decidiu com atraso de quatro dias excluir o vídeo mentiroso do  presidente Jair Bolsonaro (sem partido), onde associou a vacinação completa contra à Covid-19 ao surgimento de casos de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids). O Facebook e o Instagram  foram muito mais ágil que o Google, dono do YouTube. Aquelas duas redes sociais removeram de suas plataformas a live com mentiras e ataques à vacina, feita por Jair Bolsonaro, na mesma quinta-feira (21). Já o YouTube somente retirou o vídeo e deu um “balão” de sete dias à Bolsonaro somente após ter recebido centenas de denúncias. Clique aqui e veja o recado do YouTube.  

Aviso do YouTube sobre o vídeo de Fake News do presidente Bolsonaro | Foto: Reprodução/YouTube

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também informou que o relatório final da CPI da Pandemia, que será lido oficialmente nesta terça-feira (26) vai incluir mais esse crime de Bolsonaro no documento oficial. “Temos um delinquente contumaz na Presidência da República! Informo que incluiremos, no relatório da CPI, a fala mentirosa e absurda de Bolsonaro associando a vacina contra a Covid-19 à AIDS”.

Seneador Randolfe nas redes sociais | Fonte: Twitter

Notícia-crime

A notícia-crime apresentada em conjunto pela bancada federal do PSOL no Congresso Nacional juntamente com o deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE), nesta última segunda-feira (25), ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já foi repassada pelo ministro Luís Roberto Barroso ao Ministério Público Federal. A denúncia foi feita após o presidente usar a sua “live da quinta-feira” para difundir mais um Fake News criminoso. Nesta mentira mais recente, Bolsonaro disse que quem toma a vacinação completa contra Covid-19 contrai HIV.

A ação aponta violações ao Código Penal, infração de medida sanitária preventiva e perigo para a vida ou saúde de outrem, à Constituição Federal, princípio da moralidade, à Lei de Improbidade Administrativa e crime de responsabilidade. As declarações de Bolsonaro foram feitas durante live no Facebook e Instagram, já retirada do ar pelas plataformas, na última quinta-feira (21) e no YouTube. A plataforma de vídeos do Google somente retirou o vídeo do ar e impôs um “balão” de uma semana à Bolsonaro, que está impedido de usar a plataforma por sete dias, no início da noite desta segunda-feira após receber centenas de denúncias.

No seu documento, o PSOL disse que o presidente usou uma notícia falsa do site conspiracionista Beforeitnews.com, que publica textos dizendo que as vacinas rastreiam os vacinados e que milhões de pessoas morreram com as vacinas, entre outros absurdos. Publicações de Fake News desse tipo, no Brasil, são chamados de sites bolsonaristas de extrema-direita, onde todos, sem exceção, são especializados em difundir mentiras, desacreditando à ciência.

“O Presidente da República ao mentir sobre a vacinação – utilizando um site conspiracionista e conhecido pelas fake news – além de um ato criminoso, é um absoluto desrespeito para com o país e com as famílias enlutadas”, escreveram os parlamentares na notícia-crime.

“Jair Bolsonaro coloca sua ideologia autoritária acima das leis do país, mentindo de forma criminosa sobre as vacinas, colocando em risco uma estratégia que vem diminuindo drasticamente o número de mortes no país. A cruzada do Presidente Jair Bolsonaro contra a ciência e a vida continua. É fundamental que os poderes constituídos tomem as providências cabíveis para punir os responsáveis pelos atentados contra a saúde pública do povo brasileiro”, destaca trecho da ação.

Bolsonarista, Conselho de Medicina se calou

“Esse genocida não pode sair impune de um absurdo como esse”, escreveu em suas redes sociais a líder da bancada do PSOL na Câmara, Talíria Petrone, ao anunciar a ação. A difusão de mais uma mentira pelo presidente provocou reação da Sociedade Médica Berasileira (SMB) e da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), afirmando que “nenhuma vacina desenvolvida contra a Covid-19 pode causar Aids e que nenhuma vacina tem o potencial de transmitir o vírus do HIV.

O medieval e totalmente desacreditado e bolsonarista Conselho Federal de Medicina  (CFM) mais uma vez se calou. O CFM, mesmo após o seu dirigente nacional ter sido incluído na relação de pessoas envolvidas com os crimes diversos durante a pandemia, apurados pela CPI, ainda continua defendendo remédios sem nenhuma eficácia contra o Covid-19 como a cloroquina e a Ivermectina. O CFM, audaciosamente, votou a favor do uso de cloroquina na última quinta-feira durante reunião da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS  (Conitec).

Em nota divulgada a SMB disse: “Já são, no mínimo, centenas as inverdades sobre o SARS-CoV-2 alardeadas no Brasil por autoridades cujo papel deveria ser resguardar e não expor a população a riscos.” O presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Carlos Lula, o mais recente ataque à vacina contra o Covid-19 feito por Bolsonaro através Fake News é recriminável.  “Absurdo, imoral, patético, vergonhoso”, resumiu o presidente do Conass. A seguir leia a íntegra da nota da Associação Médica Brasileira (AMB).

Nota da AMB

Íntegra da nota da AMB

“Sobre Covid-19 e a inaceitável relação com o HIV

O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid da Associação Médica Brasileira, CEM-Covid_ AMB, repudia a divulgação de nova série de fake news que certamente pode ocasionar mortes evitáveis entre os brasileiros por acometimento da Covid-19.

Já são, no mínimo, centenas as inverdades sobre o SARS-CoV-2 alardeadas no Brasil por autoridades, cujo papel deveria ser resguardar e não expor a população a riscos.

Entre essa fake news , versões de que seria somente uma gripezinha e a defesa da eficácia do kit Covid, só destacando algumas que milhares de vidas ceifaram de nosso convívio.

Agora, foi plantada a irresponsável e mentirosa notícia de que o uso das vacinas contra o vírus estaria levando à Aids. Algo despropositado, diametralmente oposto ao comprovado cientificamente e já desmentido por respeitáveis sociedades de especialidades médicas do país.

Em consonância com a Ciência e com a prática responsável da Medicina, o CEM Covid_ AMB reafirma que imunizantes não transmitem o HIV nem provocam o desenvolvimento da doença.

Conclamamos todos os brasileiros a seguirem com as vacinas e a respeitarem o calendário vacinal, assim como a manter todas as medidas sanitárias preventivas.

Vacina, sim. Mentiras, não.

São Paulo, 25 de outubro de 2021″