A Comissão de Prevenção à Violência na Ufes entregou nesta quinta-feira, 7, ao reitor Paulo Vargas e ao vice-reitor Roney Pignaton, o relatório final dos trabalhos desenvolvidos ao longo de dez meses de atuação. A comissão foi criada em maio do ano passado com o objetivo de elaborar propostas de ações educativas e formativas que possam contribuir para a prevenção da violência nas instituições de ensino.
Segundo a presidente da comissão, a pró-reitoria de Graduação Claudia Gontijo (na foto, entregando o relatório ao reitor Paulo Vargas), a constatação da comissão após pesquisa realizada junto à comunidade universitária é de que as situações consideradas de violência estão presentes nas relações cotidianas e envolvem principalmente aspectos sociais, culturais, étnico-raciais e de gênero.
No relatório, a comissão propõe que a Ufes adote políticas preventivas que envolvam ações formativas, de comunicação, de monitoramento da violência, de estímulo à cooperação e à boa convivência, de administração de conflitos e de infraestrutura, além de aspectos didático-pedagógicos e protocolos e procedimentos. Veja abaixo o detalhamento de cada ação.
“Agradeço à comissão o excelente trabalho realizado e o conjunto das recomendações que me parecem bastante pertinentes”, afirmou o reitor. O relatório será encaminhado às unidades administrativas da Ufes e também à equipe de transição para a nova gestão, para que sejam dados os encaminhamentos.
Pesquisa e seminários
A pró-reitora de Graduação, Cláudia Gontijo, também destacou, na apresentação do relatório, que a primeira tarefa do grupo foi investigar possíveis situações de violência no interior da Universidade. Para isso foi feita uma pesquisa por meio de um formulário on-line com respostas de 397 pessoas, sendo 191 estudantes dos cursos de graduação (48,11%), 78 estudantes de pós-graduação (9,65%), 105 docentes (coordenações de cursos de graduação e de pós-graduação) (26,45%) e 23 (5,79%) técnicos administrativos.
O segundo momento do trabalho da comissão foi de escuta presencial, por meio dos seminários realizados nos campi da Ufes em São Mateus, Alegre e Goiabeiras, em Vitória. “As interessantes discussões que aconteceram nesses espaços contribuíram para a construção das recomendações que constam no relatório”, explicou Gontijo.
Conheça as recomendações da comissão:
I – Ações formativas
- – promover a formação continuada com vistas a eliminar o uso de vocabulário preconceituoso e atitudes racistas, machistas, sexistas, entre outras;
- – investir em formação em Educação em Direitos Humanos (EDH);
- – realizar eventos de sensibilização para a promoção de ambiente pacífico, como palestras, encontros e outros.
II – Comunicação
- – produzir cartilhas e manuais orientando sobre cada uma das formas de violência que, de acordo com a pesquisa realizada, ocorre com mais frequência, com destaque ao racismo e as suas interseccionalidades;
- – produzir campanhas, a serem divulgadas nas mídias da Ufes, de orientação para a promoção de um ambiente mais seguro;
- – promover a comunicação não violenta.
III – Monitoramento da violência
- – criar meios para um acompanhamento rigoroso de situações de violência por intermédio de um observatório de violência com vistas a registrar situações relatadas em denúncias anônimas (com e-mail e WhatsApp específicos).
IV – Estímulo à cooperação e à boa convivência
- – melhorar a convivência e o ambiente de acolhimento por meio da criação de programas, projetos e de grupos de apoio e incentivo à solidariedade entre estudantes;
- – promover atividades culturais e esportivas com envolvimento da comunidade universitária.
V – Administração de conflitos
- – criação de Comitês ou Câmaras de Mediação de Conflitos em todos os campi da Ufes.
VI – Infraestrutura
- – criação de espaços de encontros e convivência em todos os campi da Ufes, que propiciem o desenvolvimento de laços comunitários destinados ao lazer, à socialização, aos esportes e à cultura.
VII – Aspectos didático-pedagógicos
- – promover a revisão de procedimentos didático-pedagógicos, por meio de acolhimentos, formações, encontros e diálogos visando à criação de um ambiente mais inclusivo e solidário em sala de aula;
- – aperfeiçoar processos avaliativos de modo a levar em conta as especificidades nos modos de aprender e para que se torne um instrumento de aprendizagem.
VIII – Protocolos e procedimentos
- – Requerer que os setores da área de segurança e da saúde definam protocolos e procedimentos destinados a orientarem a comunidade universitária sobre modos de agir em situações de violência extrema e de violência cotidiana, com adequado conhecimento e formação de todos os integrantes da comunidade universitária.
Texto: Sueli de Freitas