Estudo recente, feito por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e da Ufes mostra 71 pererecas de três espécies – Dendropsophus bromeliaceus, Phyllodytes luteolus e Ololygon arduoa – carregando 456 invertebrados aquáticos. O estudo foi realizado na Mata Atlântica capixaba
Uma interação inédita entre anuros bromelígenas e invertebrados aquáticos que habitam as bromélias foi encontrada por pesquisadores e recentemente publicada na revista internacional Symbiosis. Nessa interação ecológica, conhecida como forésia, anuros transportam invertebrados aderidos à sua pele – animais que “pegam carona” em outros são chamados forontes. Os pesquisadores encontraram 71 pererecas de três espécies – Dendropsophus bromeliaceus, Phyllodytes luteolus e Ololygon arduoa – carregando 456 invertebrados aquáticos, entre eles ácaros, pequenos crustáceos e rotíferos, que são animais aquáticos microscópicos.
O estudo foi realizado pelos pesquisadores Alan Pedro de Araújo, Rodrigo Barbosa Ferreira, Emanuel Giovane Cafofo, Cássio Zocca e Rogério Bastos, por meio da parceria entre Projeto Bromélias, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e Universidade Federal de Goiás (UFG). As amostragens noturnas foram realizadas de janeiro a março dos anos 2020 e 2021, nas bromélias de áreas florestais da Mata Atlântica e de morros conhecidos como inselbergues, no estado do Espírito Santo.
Os pesquisadores analisaram a relação do tamanho corporal dos anuros com a quantidade de forontes transportados. Para a surpresa dos cientistas, a menor espécie, a pererequinha-de-bromélia-teresensis (D. bromeliaceus), carrega o maior número de forontes, principalmente os rotíferos Bdelloidea. Os pesquisadores observaram ainda que a quantidade de forontes nas bromélias é menor quando há mais abundância de anuros, constatação que também surpreendeu os pesquisadores.
Esses achados sugerem que a capacidade de transporte de forontes varia entre as espécies de anuros, abrindo novas questões sobre como esses animais contribuem para o deslocamento desses invertebrados e como essas interações afetam os ecossistemas das bromélias.
“Esses resultados evidenciam a complexidade das interações ecológicas nos microecossistemas das bromélias e ressaltam a importância de investigações mais aprofundadas sobre as relações entre os organismos que habitam esses ambientes únicos”, ressalta Cássio Zocca.
Serviço:
Leia a íntegra doi artigo publicado na revista Symbiosis clicando neste link.