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Após GV ficar sem ônibus no sábado e domingo, coletivos do Transcol iniciam a semana superlotados

Após o final de semana sem ônibus na GV, os coletivos voltam a circular lotados nesta segunda-feira | Foto: Grafitti News

É difícil entender quais os resultados do sacrifício que os donos de bares e de pequenos estabelecimentos comerciais terem de ficar fechados, com ônibus do Transcol não circulando aos sábados e domingos na Grande Vitória, se de segunda a sexta-feira o transporte público circula superlotado e os terminais ficam abarrotados de pessoas. De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil neste final de semana, sem um lockdown de verdade “o Brasil nem está perto da queda de casos (de Covid-19)”.

Na manhã desta segunda-feira (19) foi constatado os terminais do sistema Transcol superlotados e os ônibus, inclusive os que tem janelas lacradas e com ar condicionado, saindo desses locais com superlotação. Um passageiro espremido ao lado do outro. O tal do risco extremo decretado pelo Governo do Estado, sem um lockdown verdadeiro, é uma hipocrisia, disse um motorista de ônibus que aguardava a sua vez de sair do Terminal de Jardim América.

Ônibus e terminais lotados nesta segunda-feira como este em Jardim América | Vídeo: Grafitti News

Flexibilização sem lockdown

“Depois do cenário catastrófico do início do ano, com explosão das transmissões pelo vírus e lotação de UTIs no país, alguns Estados já passaram a flexibilizar as restrições que tentam diminuir a circulação do coronavírus. As medidas, contudo, estão sendo abandonadas de forma ‘bastante precipitada’, avalia cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, ouvido pela BBC, um dos mais conceituados veículos de comunicação do mundo. A situação ainda é crítica, com alta ocupação hospitalar e alta de mortes diárias, completou.

“O Brasil não está nem perto de ter queda de casos de covid-19”, diz Schrarstzhaupt, um dos coordenadores da Rede Análise Covid-19. Com o afrouxamento, o cientista observa que alguns Estados já perigam voltar a acelerar o número de casos. “Estamos flexibilizando cedo demais e revertendo a desaceleração.”

Especialistas em todo o Brasil têm pedido um “lockdown nacional”, com medidas mais restritivas que as adotadas até agora e durante três semanas para sair da crise sanitária. Esse é o posicionamento da conceituada epidemologista da Ufes, Ethel Maciel.  Em um lockdown, ou confinamento, as pessoas ficam dentro de casa para diminuir a circulação em ambientes com outras pessoas e, assim, quebrar cadeias de transmissão.

A medida foi adotada em diversos países e se mostrou eficaz para conter o vírus e, como consequência, hospitalizações e mortes. Normalmente, essas medidas vêm associadas de auxílio financeiro do governo para quem não pode trabalhar de casa. O que vem sendo feito no Espírito Santo não é lockdown e apenas vem prejudicando os comerciantes mais pobres, uma vez que as medidas paliativas adotadas pelo Governo do Estado não vão fazer efeito sem a restrição total de circulação de pessoas para conter a transmissão pelo vírus.