A caminhada é de 29 quilômetros em região íngreme, que liga Santa Leopoldina a Santa Teresa, na região das montanhas capixabas
Estão abertas as inscrições para a nova edição do Caminho do Imigrante, que neste ano celebrará os 150 anos da imigração italiana e os 20 anos de realização da caminhada. O evento, organizado pelas prefeituras de Santa Teresa e Santa Leopoldina, com o apoio do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), ocorrerá no dia 1º de maio.
No total, são quase 30 quilômetros de passeio, entre os dois municípios, nos quais os participantes relembram as vivências dos seus antepassados, em meio a matas, montanhas e cachoeiras. O formulário para a participação já está disponível no endereço: http://www.caminhodoimigrante.es.gov.br.
O “Caminho do Imigrante” segue a estrada “Bernardino Monteiro”, inaugurada em 1919. Ela foi construída obedecendo ao traçado da antiga trilha aberta pelos italianos que fundaram Santa Teresa, em 1874, reconhecida oficialmente como a primeira cidade de colonização italiana do Brasil.
Roteiro extraído dos livros ‘Karina’ e ‘Canaã’
Para a definição do itinerário foram consideradas as descrições contidas nos documentos do APEES e as informações que estão em livros como: “Karina”, de Virginia Tamanini e “Canaã”, de Graça Aranha, que têm referências a esse percurso. Essa parte da história capixaba é retomada pelos caminhantes como uma homenagem aos seus familiares.
Este ano o “Caminho do Imigrante” está inserido na programação dos 150 anos da Imigração Italiana no Espírito Santo-Brasil em referência à chegada, em 1874, da Expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, evento que inaugura a imigração em massa de italianos para o país. Ao todo, foram 388 camponeses – trentinos e vênetos – que embarcaram no navio à vela “La Sofia” e chegaram à capital Vitória em busca de oportunidades, trabalhos e vivências.
Parte desses imigrantes, que anteriormente seguiram para Santa Cruz (Aracruz), na Colônia Nova Trento, deixou a propriedade de Tabacchi e seguiu em direção à Colônia de Santa Leopoldina, ao Núcleo Colonial de Timbuhy, onde atualmente está localizada a cidade de Santa Teresa.
De Vitória ao antigo porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina os imigrantes seguiram em canoas, pelo rio Santa Maria da Vitória. Desse porto fluvial, as famílias subiram as montanhas, nas trilhas abertas em meio à densa mata Atlântica, em direção aos lotes agrícolas, onde se instalaram, fizeram derrubadas e realizaram as primeiras plantações para o seu sustento. O “Caminho do Imigrante” segue o mesmo traçado, que liga as duas cidades, por onde andaram os primeiros italianos, há 150 anos.
Para celebrar a data, no decorrer de 2024, haverá em todo o Estado uma ampla programação com atividades culturais que envolvem músicas, danças, religiosidade e comidas típicas.
Como surgiu o projeto
O Caminho do Imigrante foi idealizado durante o desenvolvimento do Projeto Imigrantes, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Nasceu de uma necessidade de se ampliar o conhecimento sobre a história da imigração no Estado, praticando os mesmos trajetos percorridos pelos camponeses imigrantes que aqui chegaram desde o início do Século XIX.
Foi tomado por base as descrições contidas nos documentos históricos do Arquivo Público, de livros clássicos sobre o assunto, como: Karina, de Virginia Tamanini, e Canaã, de Graça Aranha, que registraram em suas obras, referências importantíssimas desse percurso, muito trilhado por seus personagens. O caminho, devido à sua importância estratégica, também assumia o papel de personagem principal nessas obras-primas da ficção capixaba.
A escritora Viginia Gasparini Tamani foi muito zelosa em apurar minuciosamente os dados históricos, e fiel aos detalhes levantados na sua narrativa ao escrever o romance Karina. Na verdade, ela romanceu a história de sua própria mãe. A Karina é Catarina Gasparini, imigrante italiana nascida em Matarello, na Itália, em 6 de setembro de 1857.
De acordo com os organizadores, o maior legado da importância histórica desse caminho, “que foi utilizado pelos primeiros imigrantes para alcançar a tão sonhada América em terras capixabas, é aquele registrado como memória, fruto da tradição oral, referenciado pelos milhares de seus descendentes.”
Porque a caminhada ocorre em 1º de Maio
A data fixa escolhida para a realização do evento foi o 1º de Maio, Dia do Trabalho, feriado internacional, para lembrar o trabalho que milhares de famílias, formadas por crianças, jovens, adultos e idosos, que entraram no território capixaba empregando a cultura herdada dos ancestrais e agregando novos conhecimentos adquiridos dos antigos capixabas, contribuíram para o desenvolvimento do Estado.
O Caminho do Imigrante é um sucesso entre os caminhantes, trilheiros capixabas e de outros Estados do país. É grande a participação dos descendentes daqueles imigrantes que há mais de 130 anos abriram as primeiras trilhas em meio à densa floresta tropical da então Colônia de Santa Leopoldina e que hoje se empenham para completar os 29 Km do percurso. Prova disso, é o crescente número de participantes a cada edição do evento. A primeira edição contou com a presença de mil pessoas e a quarta, em 2007, superou a quantia de 2.500 andarilhos.
Serviço:
Programação – Caminho do Imigrante
Santa Teresa
5h30: Transporte para Santa Leopoldina
Santa Leopoldina
6h45: largada para ciclistas
7h: largada para andarilhos
Santa Teresa
12h: Almoço típico
12h às 13h: Apresentações culturais
16h: Transporte de retorno a Santa Leopoldina