Nesta sexta-feira (1º), a Secretaria da Saúde (Sesa), por meio da Coordenação Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST/Aids, dá início à campanha “Dezembro Vermelho”, dedicada à conscientização e à prevenção do HIV/Aids. O propósito dessa iniciativa é unir esforços na batalha contra o vírus, promovendo o diagnóstico precoce do HIV/Aids.
A campanha também busca aprofundar o assunto sobre a prevenção, acompanhamento e a solidariedade em relação às pessoas vivendo com HIV/Aids, que continua sendo uma das doenças mais sérias da atualidade e que vai além das preocupações de saúde, abrangendo dimensões econômicas e sociais de profunda relevância.
A Sesa destaca a importância da prevenção e detecção precoce do HIV/Aids, alertando que a falta de sintomas iniciais não indica a ausência do vírus, e recomenda que a população realize testes regulares para a identificação precoce da infecção. Destaca também que a detecção precoce é crucial para iniciar o tratamento, controlando a replicação viral e preservando a saúde, além de ressaltar a necessidade de adesão contínua ao tratamento pelo infectado.
No Espírito Santo, a Saúde dispõe de diversos insumos para o combate ao HIV/AIDS, como testes rápidos fornecidos pelo Ministério da Saúde, o auto teste de HIV, preservativos, medicação antirretroviral, inclusive de alto custo, PEP (Profilaxia Pós-Exposição), PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), fórmula láctea infantil e exames específicos para pessoas vivendo com HIV/AIDS, como CD4, carga viral e genotipagem, que estão dispostos à população, para tratamento do HIV e das infecções oportunistas que podem acometer as pessoas que vivem com a Aids.
A referência da coordenação Estadual de IST/Aids da Sesa, a médica Bettina Lima, explica que, apesar dos esforços e conquistas, observa-se que a transmissão sexual continua sendo a principal causa de novos casos, afetando principalmente pessoas jovens de 20 a 49 anos, do sexo masculino, com relações homo ou bissexuais, e com a escolaridade incompleta, além da população preta e parda.
“É crucial enfatizar que uma pessoa com carga viral não detectada não transmite o HIV nas relações sexuais, mas outras infecções podem ser transmitidas e que, no caso das gestantes que vivem com HIV devidamente tratada, raramente ela irá transmitir o vírus para o bebê durante a gestação ou o parto”, explica a médica Bettina Lima.
Ela acrescentou que a persistência do preconceito muitas vezes resulta da falta de informação, levando as pessoas vivendo com HIV/Aids a se sentirem discriminadas, o que pode comprometer a adesão ao tratamento. “É fundamental continuar testando, tratando positivos e, sobretudo, combatendo o preconceito e a discriminação. O ‘Dezembro Vermelho’, portanto, é um convite à reflexão e à ação coletiva, visando uma sociedade mais informada, solidária e livre do estigma associado ao HIV/Aids. A prevenção, o tratamento e a compaixão são instrumentos essenciais na construção de um futuro mais saudável para todos”, salienta a referência técnica Bettina Lima.
Dados
De janeiro a novembro deste ano, foram notificados 1.572 novos casos no Espírito Santo, sendo 1.111 em pessoas do sexo masculino (70.3 %) e 461 pessoas do sexo feminino (29,6 %). Atualmente, cerca de 22 mil pessoas que vivem com HIV/Aids foram notificadas pelo Espírito Santo. Já em 2022, foram notificados 1.422 novos casos no Estado, com predomínio de pessoas infectadas do sexo masculino, totalizando 1.018 casos novos (71,6 %).
Quanto aos óbitos decorrentes da doença HIV/Aids, no ano de 2022, os dados preliminares registrados no Estado são de 267 registros. Enquanto de janeiro a 09 de novembro deste ano, foram 151 óbitos registrados. (Dados extraídos do SIM/TABNET SESA – Sistema de Informação sobre Mortalidade, em 09/11/23)
Ações
Ao longo deste ano, a Secretaria da Saúde, por meio da Vigilância Epidemiológica, em parceria com as superintendências regionais dos municípios, conduziu diversas iniciativas de capacitação. O foco dessas capacitações abrangeu o manejo clínico das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), profilaxias pós-exposição (PEP e PrEP), análise de dados epidemiológicos e aprimoramento das técnicas de preenchimento das fichas de notificações.
Essas ações abrangentes resultaram no treinamento e qualificação de mais de 600 profissionais de nível superior. Entre os beneficiados estão membros dos Serviços de Assistência Especializada (SAE) e Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), além de profissionais de maternidades, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e equipes de Vigilância municipais. Este esforço em conjunto visou a fortalecer as capacidades desses profissionais no atendimento e cuidado de pessoas que vivem e convivem com pessoas infectadas pelo vírus da HIV/Aids.
A parceria entre a Sesa, a Vigilância Epidemiológica e as superintendências regionais demonstra um comprometimento efetivo com a melhoria contínua da qualificação dos profissionais de saúde em todo o Estado. Essas capacitações não apenas visam a aprimorar a abordagem clínica, mas também a coleta e análise de dados epidemiológicos, proporcionando uma resposta mais eficaz e abrangente ao enfrentamento das ISTs e ao cuidado das pessoas afetadas pelo HIV/Aids.
Onde buscar atendimento
Os testes regulares preventivos são realizados na Atenção Primária e a população deve se dirigir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência para receber orientações essências e poder conduzir o tratamento, caso necessário.