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Dia da África será celebrado na Ufes nesta semana, com atividades acadêmicas e culturais

Ufes celebra Dia da África nesta quinta-feira (25), com atividades acadêmicas e culturais | Imagem: Freepik

Nesta quinta-feira, 25 de maio, quando se comemora o Dia da África, a Ufes vai sediar um evento com conferência, mesas-redondas e atividades acadêmico-culturais, proporcionando um espaço no qual estudantes africanos da Universidade terão a oportunidade de compartilhar um pouco das suas histórias de vida e do conhecimento sobre seus países de origem. Com o tema principal A multiplicidade cultural e linguística da África: desafios e perspectivas, a programação terá início às 8 horas, no auditório do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCNH), campus de Goiabeiras, e seguirá até as 19 horas.

O convidado para a conferência de abertura é o professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Valter Silvério, referência internacional em relações raciais, diversidade, cultura, educação e ações afirmativas.

Uma grande contribuição do professor para o ensino de história da África é a transcrição para a língua portuguesa da coleção História Geral da África, disponibilizada em oito volumes, inclusive em PDF. Veja a programação completa ao final deste texto

“Será um dia de protagonismo dos estudantes africanos que estão na nossa universidade”, disse o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania da Ufes (Proaeci), Gustavo Forde. Ele destaca que “a Ufes tem hoje mais de 50 estudantes de países africanos, o que significa dizer que habitam em nossa universidade dezenas de línguas e culturas daquele continente, representando um patrimônio que deve ser valorizado e conhecido pela nossa comunidade”. Forde afirma que “tudo isso contribui para um projeto de universidade que seja pluriétnica, cada vez mais antirracista e com uma produção de conhecimento livre da tradição eurocêntrica”.

O Dia da África foi instituído como uma data de luta contra a colonização europeia. Desde a criação da Organização de Unidade Africana em 1972, atual União Africana, o dia 25 de maio representa a busca de vários povos do continente por desenvolvimento, democracia e liberdade. No Brasil, um dos objetivos do Dia de África é promover o reconhecimento da importância da interseção da história e da cultura africana com a história brasileira. Na Ufes, o evento está sendo organizado pela Liga de Estudantes Africanos na Ufes (LUA), o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Ufes (Neab), a Secretaria de Relações Internacionais da Universidade (SRI) e a Proaeci.

Na abertura, também estarão representados na mesa a Reitoria, o Centro Nacional de Africanidades e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab-ES), o Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) e o Centro de Estudos da Cultura Negra no Estado do Espírito Santo (Cecun). Inscreva-se aqui para o evento clicando neste link.

Professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Valter Silvério, é o convidado para a conferência de abertura | Imagem: Divulgação/Ufes

Estudantes africanos

O chefe da Divisão de Mobilidade para a Ufes da SRI, Thiago Prado, afirma que este é um evento importante para a Universidade, “pois celebra e apresenta à comunidade universitária as diversidades culturais do continente e as particularidades de cada país da África representado pelos estudantes africanos matriculados em nossa Universidade”. Segundo dados da SRI, atualmente são 57 estudantes africanos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação na Ufes. Os países de origem são Benim, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Moçambique, Namíbia, São Tomé e Príncipe, Quênia, República do Congo e Senegal.

O estudante de Direito Santos Jose Nze Ntugu Afumu, da Guiné Equatorial, explica que no Dia da África é celebrada a libertação das nações africanas frente à colonização, assim como a união entre os diferentes povos africanos na luta pelos pilares pautados pela União Africana (UA) em 1963. “É ocasião para refletir, celebrar e reconhecer a diversidade cultural, a contribuição dos povos africanos em várias áreas de conhecimento para o mundo, bem como reconhecer os avanços e os desafios enfrentados pelo continente na atualidade”, avalia Afumu, que está no Brasil há três anos e cinco meses.

O presidente da LUA e estudante de Engenharia da Computação Evrad Deutou Ngalamou afirma que a data “representa uma oportunidade para destacar as realizações e o potencial do continente, bem como para renovar o compromisso de trabalhar junto com a diáspora em prol do desenvolvimento e do progresso africano como um todo”.

População afro-brasileira

O coordenador do Neab, Osvaldo Martins, diz que celebrar o Dia da África no Espírito Santo tem um sentido especial, uma vez que 62% da população capixaba é afro-brasileira. Outra motivação, avalia o professor, é desmistificar o senso comum que vê a África como um bloco único, sem considerar as diferenças e particularidades de cada país. Martins também destacou que o tema diversidade linguística poderá ampliar o conhecimento de diversos estudantes da Ufes sobre as línguas faladas nos países africanos, não apenas as oficiais, mas as provenientes de diferentes etnias, que fizeram parte das culturas tradicionais desses países e que deram origem aos estados nacionais africanos.

O pró-reitor Gustavo Forde destaca que o Dia da África é uma data relevante para o mundo e para o Brasil, que se constituiu numa diáspora africana, na medida em que é o segundo maior país do mundo em população negra. “Originalmente conhecida como Dia de Liberdade de África, a data celebra a fundação da União Africana e, sobretudo, os processos de luta por libertação e independência de um conjunto de países africanos. É importante mantermos a memória e a celebração em torno de nomes importantes nas lutas revolucionárias em diversos países africanos, como Nelson Mandela, Amilcar Cabral, Kwame Nkrumah, Léopold Sédar Senghor, Agostinho Neto, Steve Biko, Samora Machel e Cheikh Anta Diop”, lembrou ele. Forde ressaltou que os movimentos pela libertação e independência na África estabeleceram, nas décadas de 60 e 70,um diálogo muito fértil com o movimento negro no Brasil na perspectiva do pan-africanismo.

Gustavo Forde salientou que, para a Ufes, organizar esse evento neste ano “é algo de grande relevância política, acadêmica, histórica e social”. E acrescentou: “Estamos celebrando também essa cooperação chamada sul-sul, de países da América Latina com países africanos, algo muito importante porque a constituição do Estado brasileiro deve muito aos países africanos – e eu não estou falando do período da escravidão, mas de um conjunto de contribuições científicas e tecnológicas que recebemos”.

Programação do Dia da África:

8h – Mesa de abertura

8h30 – Apresentação cultural: desfile de roupas africanas

8h40 – Conferências:

  • – A multiplicidade cultural e linguística do continente africano
  • – A importância do Dia da África para o Brasil

10h – Mesa-redonda: A África na Ufes

14h – Apresentação: Dia 25 da África, o continente, berço da humanidade

15h30 – Atividade cultural: dança africana

15h45 – Mesa-redonda: As experiências culturais e acadêmicas de estudantes africanos da Ufes

17h às 19h – Atividades culturais