As frases polêmicas ditas pelo ministro da Educação do governo Bolsonaro, o pastor evangélico Milton Ribeiro, continuam gerando polêmicas. Nesta semana duas novas notas criticaram o pastor da Igreja Presbiteriana de Santos que ocupa o cargo responsável por administrar a Educação no Brasil. Foi o PSOL e a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales).
Nesta última segunda-feira (23) a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados acionou o Ministério Público Federal (MPF) contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, por suas declarações discriminatórias sobre crianças com deficiência. “No dia 9 de agosto, em entrevista à TV Brasil, o ministro criticou o modelo educacional que chamou de “inclusivista” e declarou que, colocada em salas de aula com alunos sem deficiência, a criança com deficiência “atrapalha” o aprendizado dos demais. Na semana seguinte, Ribeiro repetiu as declarações discriminatórias”, diz o PSOL em sua nota à imprensa.
Preconceito
“Inclusivismo, que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia. Ela atrapalhava o aprendizado dos outros porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para poder dar a ela atenção especial”, declarou o ministro na entrevista, lembra o partido político. “É indisfarçável o preconceito, repetido em curto espaço de tempo, do Ministro. São declarações estarrecedoras e repugnantes, que causaram espanto e revolta em todos que são comprometidos com políticas de inclusão e Direitos Humanos”.diz o ofício encaminhado pela bancada do PSOL ao subprocurador-geral da República e coordenador da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), Carlos Vilhena.
E o documento encaminhado pelo PSOL ao MPF complementa: “É inaceitável, no Estado Democrático de Direito, que a apologia à discriminação seja proclamada, abertamente, por um Ministro de Estado”.
Assembleia Legislativa do ES
Deputados da Comissão de Educação da Ales criticaram declarações do ministro Milton Ribeiro sobre inclusão de crianças com deficiência também nesta última segunda-feira (23). A Ales lembrou que entre os dias 21 e 28 de agosto está sendo celebrada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que esse ano traz o tema “É tempo de transformar conhecimento em ação”. Durante a reunião ordinária da Comissão de Educação desta segunda-feira (23), o deputado Sergio Majeski (PSB) lamentou e criticou recentes declarações do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que afirmou que crianças com deficiência “atrapalham outros alunos” e também que “universidade deveria ser para poucos”.
“Na semana passada foi preocupante quando nós ouvimos o ministro da Educação dizer que crianças com deficiência atrapalham os demais alunos na sala de aula. Antes disso, infelizmente o nosso ministro da Educação já tinha dito que a universidade deveria ser para poucos. É tão lamentável tudo aquilo que vem ocorrendo no nosso país nesse momento e nos causa, além da indignação, um desânimo muito grande, porque isso já seria grave dito por qualquer pessoa, dito por um ministro da Educação torna-se gravíssimo”, criticou.
Majeski lembrou que na maioria dos casos, nas escolas do país, a palavra acessibilidade não significa mais do que uma rampa. O deputado falou sobre o real sentido da palavra inclusão e lamentou que ela não seja uma realidade nas escolas brasileiras. “O ministro devia estar debruçado junto aos estados, aos municípios e à rede particular de ensino, em encontrar formas de garantir a inclusão verdadeira das pessoas com deficiência nas escolas”, cobrou o parlamentar.