Já em pronunciamento no Senado dos Estados Unidos, Bernie Sanders lembrou de frase de Bolsonaro, onde ele diz que “há quem pensa que vai retirá-lo da Presidência” e que ele, o atual presidente brasileiro ainda disse que “tem três destinos possíveis: prisão morte ou vitória”. Lula comentou o tema no Twitter: “A voz do eleitor brasileiro será ouvida e tem que ser respeitada”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e candidato a presidente na eleição que ocorre neste próximo domingo (2), divulgou em suas redes sociais um vídeo do senador democrata norte-americano Bernie Sanders, onde ele diz que “em um momento que a democracia está sob ataque em todo o mundo e estamos vendo nações em direção ao autoritarismo, eu quero que vocês saibam o quanto a eleição de vocês é importante, não somente para o povo brasileiro, mas para todos os que se importam e respeitam a democracia”.
Nesse mesmo vídeo, Sanders acrescenta que “o mundo está observando essas eleições e é crucial que as vozes do povo brasileiro sejam ouvidas e qualquer resultado seja respeitado por todas as pessoas, de quaisquer ideologias políticas. Qualquer que seja o seu voto, eu incentivo vocês a sair e ir votar em 2 de outubro”. Na página de campanha na internet. Antes, Sanders havia discursado no Senado americano, onde alertou, sem citar nominalmente o atual presidente Bolsonaro, que há esforços para minar a democracia brasileira.
O senador americano ainda lembrou no discurso que um milhão de brasileiros assinaram carta aberta em defesa da democracia, divulgada no último dia 26 de julho. Em defesa da democracia e do Estado de Direito. “Pois o atual presidente – e candidato á reeleição, senhor Bolsonaro, fez declarações muito provocativas, sugerindo que ele pode não aceitar o resultado das eleições se ele perder. Em outras, palavras, ele pode tentar destruir a democracia brasileira e permanecer no poder, não importa o que o povo brasileiro decidirem nas eleições democráticas, livres e justas”, assinalou dentro do plenário do Senado dos Estados Unidos.
Sanders ainda citou algumas das verborragias de Bolsonaro, como a que vem dizendo nos últimos anos, como em setembro de 2018, antes de ganhar a eleição. “Bolsonaro disse, e eu cito: ‘Não aceitarei um resultado eleitoral”. Em sete de setembro de 2021, como reportado pelo Financial Times, Bolsonaro disse e eu cito: ‘Há aqueles que pensam que podem me tirar da presidência com uma canetada. Bem eu digo a todos, tenho três destinos possíveis, prisão morte ou vitória.
Senado americano deixa Estados Unidos em alerta contra Bolsonaro
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta última quarta-feira (28), uma resolução em defesa da democracia no Brasil. O documento foi proposto pelo senador democrata Bernie Sanders, cujo texto aprovado recomenda que o governo dos Estados Unidos reconheça imediatamente o resultado apresentado pelas urnas no Brasil. O texto estipula ainda que o governo americano reveja e reconsidere “a relação entre os Estados Unidos e qualquer governo que chegue ao poder no Brasil por meios antidemocráticos, incluindo um golpe militar”.
“Seria inaceitável que os Estados Unidos reconhecessem um governo que chegou ao poder de forma não democrática, e isso enviaria uma mensagem horrível ao mundo inteiro. É importante que as pessoas no Brasil saibam que estamos do lado delas, do lado da democracia”, afirmou Sanders, após a aprovação da resolução. O texto menciona ainda o aumento da violência política no Brasil e pede que o governo brasileiro garanta o direito de todos os cidadãos do país de votar. Leia a seguir a íntegra da Resolução do Senado americano, em arquivo PDF:
Resolucao-Senado-dos-Estados-Unidos-CAN22736-brazil_resolutionLeia a íntegra da Resolução do Senado dos Estados Unidos, aprovada por unanimidade em 28 de setembro de 2022 (traduzida para o português):
Exortando o governo do Brasil a garantir que as eleições de outubro de 2022 sejam conduzidas de forma livre, justa, crível, transparente e pacífica.
Considerando que, em 1822, os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer o Brasil como país independente;
Considerando que os Estados Unidos e o Brasil são duas das maiores democracias e economias do hemisfério ocidental;
Considerando que as relações bilaterais entre os Estados Unidos e o Brasil estão enraizadas em um compromisso compartilhado com a democracia e a prosperidade e a promoção da paz internacional, segurança, respeito aos direitos humanos e gestão ambiental, incluindo a proteção da Amazônia brasileira;
Considerando que os esforços para incitar a violência política, encorajar as Forças Armadas do Brasil a intervir na condução dos processos eleitorais do Brasil e questionar ou subverter as instituições democráticas e eleitorais do Brasil antes das eleições gerais do país em 2 de outubro de 2022, minam o fundamento democrático das relações entre os Estados Unidos e o Brasil e deve ser resolutamente rejeitado por ambos os países;
Considerando que, de acordo com uma pesquisa recente da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, o Brasil está experimentando um aumento de 335% na violência contra líderes políticos em 2022 em relação a 2019;
Considerando que brasileiros de todos os setores da sociedade expressaram publicamente séria preocupação com os esforços em andamento para minar a democracia no Brasil, incluindo—
(1) cerca de 1 milhão de brasileiros que assinaram uma carta aberta divulgada em 26 de julho de 2022, defendendo as instituições democráticas do Brasil e o Estado de Direito; e
(2) proeminentes líderes empresariais, religiosos, políticos e da sociedade civil brasileiros que divulgaram uma declaração expressando confiança nos sistemas eleitorais do Brasil em 5 de agosto de 2022; e
Considerando que o governo dos Estados Unidos em várias ocasiões expressou plena confiança na força das instituições democráticas do Brasil e na capacidade do sistema eleitoral do Brasil de realizar eleições livres e justas sem fraude;
Agora, portanto, seja
Resolvido, que o Senado—
(1) inste o governo do Brasil a garantir que as eleições de outubro de 2022 sejam conduzidas de maneira livre, justa, crível, transparente e pacífica, permitindo a todos os cidadãos do Brasil exercer o direito de voto; e
(2) apela ao Governo dos Estados Unidos para—
(A) continuar a se manifestar contra os esforços para incitar a violência política e minar o processo eleitoral no Brasil e responsabilizar o governo do Brasil pelo respeito aos direitos dos cidadãos do Brasil de acordo com as obrigações internacionais e a Constituição da República Federativa do Brasil;
(B) reconhecer imediatamente o resultado da eleição no Brasil, se essa eleição for determinada por observadores e organizações internacionais como livre e justa; e
(C) deixar inequivocamente claro que os Estados Unidos consideram que a assistência bilateral dos Estados Unidos ao Brasil se baseia no compromisso histórico e contínuo do governo e do povo do Brasil com os princípios democráticos e os direitos humanos e irão—
(i) rever e reconsiderar a relação entre os Estados Unidos e qualquer governo que chegue ao poder no Brasil por meios antidemocráticos, incluindo um golpe militar; e
(ii) garantir que a assistência de segurança dos Estados Unidos e outras formas de assistência bilateral dos Estados Unidos ao Brasil permaneçam em conformidade com as leis relevantes dos Estados Unidos relacionadas à transição pacífica e democrática de poder, incluindo restrições de longa data à prestação de assistência de segurança no caso de um golpe militar.”
Parlamento Europeu preocupado com ameaças de Bolsonaro
Diante da insanidade de Bolsonaro, a preocupação com a democracia no Brasil também ocorreu entre parlamentares europeus. Nesta última quarta-feira, 51 eurodeputados enviaram uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pedindo que o bloco pressione o governo brasileiro a respeitar a Constituição no caso de uma derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas.
“A UE deve declarar que usará diferentes mecanismos, incluindo o comércio, para defender a democracia e os direitos humanos do Brasil”, pede a carta. Os eurodeputados pedem que a delegação da UE no Brasil, assim como o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), “acompanhem de perto a situação e apoiem as instituições brasileiras e organizações da sociedade civil que defendem a democracia”.