De acordo com o Ministério dos Transportes, a frota brasileira é de 123 milhões de veículos, sendo que cerca de 12% ou 14,76 milhões são movidos exclusivamente a gasolina. Veja nesta matéria quantos veículos exclusivamente à gasolina existem em cada um dos 78 municípios capixabas, em dados atualizados deste ano
Após o insucesso de não ter conseguido baixar o preço da gasolina, autoridades do Governo Federal encontraram uma solução à brasileira. Elevar a mistura de álcool dentro na gasolina dos atuais 27,5% para 30%, chegando a quase um terço. Em recente anúncio sobre essa decisão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a elevação da quantidade de etanol na mistura da gasolina trará “várias vantagens”, como “uma redução de preço de até R$ 0,13 por litro da gasolina.”
A mistura poderá ficar pior ainda para os veículos nacionais e importados projetados para funcionar exclusivamente à gasolnia pura. Exatamente no dia 13 de março do ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do Poder Executivo chamado de “combustíveis do futuro”, determinando elevar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel, respectivamente.
Anfavea
Naquela ocasião a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) optou em emitir um comunicado protocolar: “Não vemos problemas para os veículos flex, que já são projetados para qualquer mistura de gasolina e etanol. Porém, para veículos a gasolina, importados ou aqueles nacionais mais antigos, entendemos que testes de avaliação deveriam ser feitos antes de se autorizar o aumento do percentual de etanol na gasolina.”
O portal Grafitti News também destacou em 9 de março do ano passado que “Dono de carro a gasolina pode ser prejudicado com projeto que amplia mistura de álcool.” Nessa publicação foi feita referência à revista 4 Rodas, conceituada na sua especialização em veículos, onde garantiu que o uso do biocombustível em um motor projetado para queimar somente gasolina é possível, mas provocará danos no conjunto. “O primeiro impacto ocorre na partida a frio. O etanol tem menor poder calorífico e é mais difícil de ser pulverizado em baixas temperaturas. Por isso modelos flex ou movidos apenas a álcool devem ter um sistema específico para ajudar a ligar o motor nessas situações.”
E prosseguiu: “O carro a gasolina não tem esse dispositivo e ao ligá-lo no frio quando houver etanol no tanque será bem mais difícil, sobrecarregando o motor de arranque. Como o poder calorífico do álcool é menor ( poder calorífico é a energia que o combustível libera quando queimado) é de 6100 kcal/kg em contrapartida a da gasolina é na ordem de 9600 kcal/kg, o etanol torna-se mais difícil de ser pulverizado na câmara de combustão em temperaturas baixas.”
Além de ter sido recordado que a longo prazo passa a ocorrer corrosão nos componentes do motor do carro a gasolina, começando assim a dar prejuízo ao seu proprietário, como: velas de ignição, bicos injetores e anéis do pistão; devido a percentagem maior de água presente no etanol. A troca dessas peças passa a ser rotineira, além de o veículo perder potência.
Confira acima os testes de elevação da mistura para quase um terço de álcool na gasolina feita pela empresa de ensino Mauá contratada pelo Governo Federal
Testes
O Ministério de Minas e Energia (MME) contratou a empresa privada paulista de ensino Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), que tem como presidente Luiz Carlos de Queiros Cabrera, para fazer a análise de viabilidade técnica para aumento da mistura de etanol na gasolina. E a empresa de educação deu seu aval de que n~~ao haveria problema para os veículos, projetados a funcionar exclusivamente a gasolina pura, passar a funcionar com quase um terço de combustível misturado ao álcool. Para verificar o efeito negativo do aumento de álcool nos motores à foram testados 16 automóveis e 13 motocicletas que funcionam exclusivamente à gasolina
“Os testes, que acontecem em janeiro e fevereiro, consideram aspectos como emissões de gases poluentes e impactos técnicos em veículos de diferentes anos e tecnologias. O objetivo é garantir que a mudança na composição da gasolina não afete a funcionalidade e a dirigibilidade dos automóveis. Os resultados preliminares serão entregues ao MME ainda no primeiro trimestre de 2025 para subsidiar a próxima etapa: o estudo de impacto regulatório”, diz a empresa educacional em nota.
Ministério afirma mistura de 30% trará redução de R$ 0,13 na gasolina
Em nota distribuída à imprensa, o MME fez a seguinte afirmação: Com a ampliação da mistura de etanol, a estimativa é de uma redução de até R$ 0,13 (treze centavos) por litro da gasolina, impacto que também irá contribuir para o controle da inflação. “Estamos dando mais um passo para transformar a lei do Combustível do Futuro em combustível do presente. O E30 não apenas reduz o custo para o consumidor, mas fortalece a economia e a segurança energética do Brasil”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“A transição do E27 para o E30 evitará a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano, impulsionando a produção nacional de biocombustíveis. Segundo o ministro, isso representará um aumento de 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol e um investimento estimado em R$ 9 bilhões no setor. “O E30 é seguro para nossa frota de duas e quatro rodas. Com ele, o Brasil deixará de ser refém do mercado internacional e da volatilidade dos preços externos. O preço da gasolina será determinado pela competitividade interna, e não pelo preço de paridade de importação”, destacou o ministro que é delegado de polícia aposentado de Minas Gerais e ex-deputado federal por dois mandatos, eleito nos anos de 2006 e 2010.
Mistura de álcool à gasolina se iniciou na ditadura militar
O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi criado em 1975 pela ditadura militar pelo então general-presidente Ernesto Geisel (15 de março de 1974 a 15 de março de 1979) para fazer frente aos elevados preços do petróleo, decorrente da limitação na produção de petróleo pelos países árabes e controladores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Em 1973 o Egito e a Síria reaveram territórios que haviam sido invadidos por Israel, em 1967 e desencadeou, como represália a limitação na produção de petróleo, levando à escassez e a uma explosão no preço da matéria-prima.
Para o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Proálcool foi essencial para os avanços alcançados nos biocombustíveis e segue sendo um marco de sucesso. “O Brasil tem uma vocação inegável para as soluções sustentáveis, e isso não é de hoje. Com o marco do Proálcool, temos a certeza de que damos mais um passo decisivo em uma política de Estado que se fortalece com a sanção da Lei do Combustível do Futuro. O etanol é um pilar fundamental na nossa estratégia de descarbonização e foi o primeiro grande passo para consolidar o Brasil como líder na transição energética global”, afirmou.
Quantidade de veículos movidos exclusivamente à gasolina no ES em 2025
| Município | Veículos movidos exclusivamente à gasolina |
| 01) Afonso Claúdio | 117.430 |
| 02) Água Doce do Norte | 29.330 |
| 03) Águia Branca | 31.520 |
| 04) Alegre | 72.330 |
| 05) Alfredo Chaves | 41.190 |
| 06) Alto Rio Novo | 18.700 |
| 07) Anchieta | 58.220 |
| 08) Apiacá | 18.930 |
| 09) Aracruz | 187.870 |
| Atilio Vivacqua | 31.950 |
| Baixo Guandu | 87.220 |
| Barra de São Francisco | 111.310 |
| Boa Esperança | 35.490 |
| Bom Jesus do Norte | 56.480 |
| Brejetuba | 42.950 |
| Cachoeiro de Itapemirim | 544.370 |
| Cariacica | 778.590 |
| Castelo | 129.250 |
| Colatina | 284.530 |
| Conceição da Barra | 39.050 |
| Conceição do Castelo | 47.020 |
| Divino São Lourenço | 14.430 |
| Domingos Martins | 133.590 |
| Dores do Rio Preto | 22.420 |
| Ecoporanga | 48.600 |
| Fundão | 38.510 |
| Gov. Lindemberg | 36.250 |
| Guaçuí | 97.730 |
| Guarapari | 313.850 |
| Ibatiba | 93.970 |
| Ibiraçu | 25.220 |
| Ibitirama | 30.730 |
| Iconha | 43.050 |
| Irupi | 47.980 |
| Itaguaçu | 42.150 |
| Itapemirim | 81.420 |
| Itarana | 37.560 |
| Iúna | 87.450 |
| Jaguaré | 77.640 |
| Jerônimo Monteiro | 34.480 |
| João Neiva | 33.110 |
| Laranja da Terra | 44.510 |
| Linhares | 347.920 |
| Mantenópolis | 27.720 |
| Marataízes | 99.090 |
| Marechal Floriano | 62.590 |
| Marilândia | 40.270 |
| Mimoso do Sul | 68.920 |
| Montanha | 36.370 |
| Mucurici | 9.900 |
| Muniz Freire | 61.640 |
| Muqui | 40.640 |
| Nova Venécia | 126.580 |
| Pancas | 46.340 |
| Pedro Canário | 46.690 |
| Pinheiros | 45.480 |
| Piúma | 55.060 |
| Ponto Belo | 13.600 |
| Presidente Kennedy | 40.210 |
| Rio Bananal | 79.790 |
| Rio Novo do Sul | 33.370 |
| Santa Leopoldina | 37.050 |
| Santa Maria de Jetibá | 172.730 |
| Santa Teresa | 73.480 |
| São Domingos do Norte | 27.440 |
| São Gabriel da Palha | 117.270 |
| São José do Calçado | 27.590 |
| São Mateus | 243.990 |
| São Roque do Canaã | 34.770 |
| Serra | 905.410 |
| Sooretama | 50.230 |
| Vargem Alta | 61.120 |
| Venda Nova do Imigrante | 82.920 |
| Viana | 140.750 |
| Vila Pavão | 31.090 |
| Vila Valério | 58.590 |
| Vila Velha | 953.640 |
| Vitória | 666.720 |
Fonte: Ministério dos Transportes/2025